Não é verdade que o homem procure o prazer e fuja da dor. São de tomar em conta os preconceitos contra os quais invisto. O prazer e a dor são consequências, fenómenos concomitantes. O que o homem quer, o que a menor partícula de um organismo vivo quer, é o aumento de poder: é em consequência do esforço em consegui-lo que o prazer e a dor se efectivam; é por causa dessa mesma vontade que a resistência a ela é procurada, o que indica a busca de alguma coisa que manifeste oposição. A dor, sendo entrave à vontade de poder do homem, é portanto um acontecimento normal - a componente normal de qualquer fenómeno orgânico. E o homem não procura evitá-la, pois tem necessidade dela, já que qualquer vitória implica uma resistência vencida. Tome-se como exemplo o mais simples dos casos, o da nutrição de um organismo primário; quando o protoplasma estende os pseudópodes para encontrar resistências, não é impulsionado pela fome, mas pela vontade de poder; acima de tudo, ele intenta vencer, apropriar-se do vencido, incorporá-lo a si. O que se designa por nutrição é pois um fenómeno consecutivo, uma aplicação da vontade original de devir mais forte. Em tudo isto, a dor não só tem por consequência necessária a diminuição da sensação de poder, como até serve, na maioria dos casos, como excitante da mesma sensação de poder, sendo o obstáculo um stimulus dessa vontade de poder.
Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'
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Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'
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mas é verdade que a Dor procura o homem.
ResponderEliminarmas é verdade que o prazer é osso escondido debaixo da dor.
mas
é verdade que te abraço.
um texto profundo que merece ser lido e meditado, pois revela algo da alma humana que não é visível. gostei de ler e reflectir, isabel victor. um beijo.
ResponderEliminarAnda em uma fase nietzscheniana. Sempre desconfiei que possuía asas.
ResponderEliminarUm beijo!