sábado, 31 de outubro de 2009

Nostalgia do absoluto





Pintura: Paula Rego
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O que a nossa espécie procura, em ultima instância, não é a sua sobrevivência e perpetuação, mas sim o repouso, a perfeita inércia. No programa visionário de Freud, a explosão de vida orgânica, que conduziu à evolução humana, foi uma espécie de anomalia trágica, quase uma exuberância fatal. Acarretou sofrimentos incalculáveis e catástrofes ecológicas. Mas este desvio de vida e consciência acabará mais cedo ou mais tarde. Um processo de entropia interna está em movimento. Uma grande quietude voltará à criação à medida que a vida regresse à condição natural do inorgânico. A consumação da líbido encontra-se na morte.





George Steiner

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Foto por Alberto Calheiros [ Liberal Natural ]






























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Obcecado pela linguagem escrita, monólogo gráfico esperançado apenas na réplica mental de hipotéticos leitores, quase que me esquecera de reparar no milagre da oralidade, da comunicação directa, franca, livre, sem ambições quiméricas de antologia e perenidade. A palavra temperada pelo sal da boca, arredondada pela graça labial, ágil ou morosa consoante a urgência da oração, e sempre ajudada pela presença e atenção dos ouvintes. A repetição permitida, e até desejada em certos momentos, o gesto a sublinhar e a fortalecer a intenção, os próprios silêncios a colaborar na significação e clareza do discurso.







Miguel Torga, A Criação do Mundo (dia V).







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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: Por amor.


Clarice Lispector











imagem recolhida em http://www.gemeentemuseum.nl/


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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Vive a vida o mais intensamente que puderes. Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes. E ela será ainda mais intensa no absoluto do imaginário de quem te lê.





Virgilio Ferreira

domingo, 18 de outubro de 2009

France Telecom: 22 suicídios em 18 meses



Fotografias por Fábio Vicente . Museu de Arte Contemporânea, Haia

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Um funcionário de 51 anos da France Telecom cometeu suicídio na segunda-feira devido a problemas de trabalho na gigante francesa de telecomunicações, noticia a AFP.



Casado e pai de dois filhos, o trabalhador de uma central telefónica em Annecy (leste) deixou uma carta à família afirmando que o ambiente na empresa estava na causa do seu suicídio.


Este caso eleva para 24 o número de funcionários da empresa que se suicidaram desde Fevereiro de 2008, atitude que os sindicatos atribuem ao «stress» causado pela gestão empresarial e pelas condições de trabalho.
 



 
A France Telecom tem 100 mil funcionários na França. O Estado controla 26,7 por cento do capital da empresa, que em 2008 registou um lucro líquido superior a quatro mil milhões de euros.
 
 
 
 
 
 
 
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Publicada por "2ª Circular em Hora de Ponta "

Colóquio Internacional sobre Provérbios . Tavira . Portugal









Tavira 8 a 15 de Novembro


http://www.colloquium-proverbs.org/



Dependendo dos cenários culturais em que se usam, provérbios como Todos os caminhos vão dar a Tavira (All roads les to Rome) (Kaikki tiet vievät Turkuun), … circulam em vários níveis de compreensão cultural e universal. Provérbios de diferentes povos e áreas do discurso possibilitam diferentes interpretações. Além disso, o mesmo provérbio pode ser usado em distintos contextos e para diversos fins. Os provérbios sempre têm sido portadores de problemas relacionados com a sua tradução e com explicações de natureza geral e, ainda, podem ser classificados de acordo com vários critérios: históricos, linguísticos, temáticos, educativos, lógicos, …


A descrição anterior mostra a riqueza da diversidade de pontos de vista dos paremiologistas (académicos estudiosos dos provérbios e das expressões proverbiais) em todo o mundo a qual pode ser canalizada em benefício de todos, através das contribuições provenientes de áreas culturalmente complementares. Pelo menos, paremiologistas e entusiastas da temática proverbial na Europa podem unir-se. Esta é a ideia central do Colóquio, principalmente neste Ano Europeu da Criatividade e Inovação 2009.

Em anteriores encontros respeitantes a aspectos linguísticos (ex: http://www.europhras.org/english/index.html), as abordagens históricas e as relacionadas com os problemas da tradução paremiológica têm constituído somente um tema adicional ou mesmo separado de outros mais abrangentes. Os paremiologistas ainda não assumiram uma posição de construtores de uma charneira em relação a estes assuntos como devem e são capazes de o fazer. Como especialistas em assuntos tradicionais e comunicacionais, os paremiologistas possuem um enorme potencial que pode ser posto ao serviço da compreensão mútua entre culturas.

Desde o século XV têm sido publicadas excelentes colecções de provérbios. De entre muitas, podemos citar as colecções multilingues de Gyula Paczolay (European proverbs in 55 languages, 1997), Arvo Krikmann and Ingrid Sarv (Eesti vanasõnad, 1987), Metīn Yurtbaşi (Turkish proverbs and their equivalents in Fifteen languages, 1993) assim como as revistas de provérbios de Wolfgang Mieder (Proverbium: yearbook of international proverb scholarship, 1984-), Julia Sevilla-Muñoz (Paremia, 1993-). Paralelamente tem havido grandes esforços para encontrar critérios de classificação dos provérbios de que um dos exemplos mais recentes é o sistema internacional de tipos http://lauhakan.home.cern.ch/lauhakan/cerp.html do falecido académico finlandês Matti Kuusi.



É altura para Portugal, na Europa Ocidental, ter um papel mais activo na promoção de estudos paremiológicos e na motivação de entusiastas para recuperar o interesse pela temática; lembramos os exemplos de F.R.I.L.E.L. (Adágios, provérbios, rifãos e anexins da língua portugueza tirados dos melhores authores nacionaes e recopilados por ordem alphabetica, 1780) e de António Delicado (Adágios portuguêses reduzidos a lugares communs, 1923). Trata-se de um processo eficaz para reforçar a identidade de cada País e contribuir para uma melhor compreensão mútua entre nações de outras áreas culturais do nosso planeta.



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http://www.memoriamedia.net/





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En la tierra de nadie, sobre el polvo

que pisan los que van y los que vienen,
he plantado mi tienda sin amparo
y contemplo si van como si vuelven.

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Unos dicen que soy de los que van,
aunque estoy descansando del camino.
Otros "saben" que vuelvo, aunque me calle;
y mi ruta más cierta yo no digo.

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Intenté demostrar que a donde voy
es a mí, sólo a mí, para tenerme.
Y sonríen al oir, porque ellos todos
son la gente que va, pero que vuelve.

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Escuchadme una vez: ya no me importan
los caminos de aquí, que tanto valen.
Porque anduve una vez, ya me he parado
para ahincarme en la tierra que es de nadie.



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CARMEN CONDE (1907-2007)
"En la tierra de nadie"



__________________________________________________  Imagem Mário Galvão Ferreira Galante



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Fim do caminho








(..) o escritor quer muito mais do que alguma vez receberá. A sua autoridade não sai do livro para os palácios, para o trono, para o céu. A troca é mundana. Almas breves enfeitiçadas, de olhos fitos no balouçar da escrita, prontas a atirar-se no precipício do coração. Nada que possa contentar o escritor mais do que uma noite. Por isso é velho. E escreve horas a fio, como um proletário imigrante, labuta na grande obra. Já não pertence à sua terra. Pode vê-la de fora, num carrossel. Continua a obra derradeira de retirar aos outros o dom da língua. Visa apropriar-se dos modos de dizer e de sentir, instituir novas regras, que são apenas referência à sua obra: “A língua sou eu e os meus antepassados”. Escrevem em catadupa. Mas é preciso um enredo que cative. Esse o verdadeiro óbice e a verdadeira charneira da literatura, como braços de um rio.




Escrita de __________João de Sousa, visitável em http://opiniaoliteral.blogspot.com/










iv fotos. Haia Outubro 2009






terça-feira, 13 de outubro de 2009

SHOOT- ME FILM FESTIVAL



http://www.shoot-me.nl/










Com mais de uma centena de filmes e documentários na vasta gama de programas temáticos apresentados em locais verdadeiramente excepcionais, o festival deste ano promete ser uma experiência inspiradora. O Shoot Me Film Festival abre terreno previamente inexplorado: Trespassing é permitido !






Het Shoot Me Film Festival presenteert dit jaar voor een keer vijfde uitdagend fris en programma rond filmes independentes. Locaties Op Onverwachte, zoals een tramtunnel en picadeiro, kennismaken kun je met de scherpe realizadores visie van op onderwerpen actuele. En er is meer dan alleen filme. Themaprogramma Speciale conheceu humor van een spannende combinatie, diner, muziek en feest maken de compleet ervaring. Alle worden zintuigen geprikkeld em filmbeleving vierdimensionale een. Ontmoeting staat gedurende het hele centraal festival. Ontmoeting met nieuwe mensen, locaties nieuwe, maar vooral met nieuwe werelden en subculturen. Ver van je bedshows ineens komen extreem dichtbij! Zoals het een vijfjarige betaamt, laat het festival dit jaar flink horen zich van. Zo zijn er voor het eerst competities voor zowel als beste filme muziekvideoclip. Ook de locaties bijzondere, ruim filmes honderd en documentaires en de themaprogramma's maken van dit festival belevenis inspirerende weer een. Het Shoot Me Film Festival biedt toegang tot terrein onbekend: Trespassing é permitido!























Produced by:
Upperunder

Concept by:
Yves Trottemant
Bas Ackermann
Antonio Aleixo

Shot and Directed by:
Bas Ackermann
Antonio Aleixo

Edited by:
Antonio Aleixo

Final Colour Correction by:
Bas Ackermann

Music by:
Tortoise






Shoot Me Festival 2009 TRAILER from Shoot Me Festival on Vimeo.








Os membros do júri para a primeira competição diferente Film Angle e o holandês Video Music Competition foram confirmadas: Bart Rutten, curador de Artes Visuais no Stedelijk Museum em Amsterdam, comprometeu-se na posição do presidente do júri do Concurso holandês Video Music.




Emile Fallaux, ex-editor-chefe do semanário holandês Vrij Nederland e ex-director do Festival Internacional de Cinema de Roterdão, será o presidente do júri da competição diferente Film Angle. Também participam no júri o cineasta Jochem de Vries, cujo filme curto Missen foi nomeado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2009. O terceiro membro do júri confirmado é Hans Maarten van den Brink, escritor, jornalista e director do Mediafonds.

A poça de água de Escher . Uma metáfora da Holanda


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quarta-feira, 7 de outubro de 2009







Retratos da jornada Hagish debaixo de chuva, pedalando em busca do brinco perdido da rapariga de Vermeer, algures no http://www.mauritshuis.nl/







 O café expresso no "Sting". Expressamente queimado, como de costume.










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Chinese food,  a low cost meal em Den Haag.

ui ui

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amsterdão ____________________ Gare Central













Não desisti de habitar a arca azul






El artista indio Anish Kapoor pasa por delante de su obra "Yellow" (1999)



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Não desisti de habitar a arca azul
do antiquíssimo sossego do universo.
A minha ascendência é o sol e uma montanha verde
e a lisa ondulação do mar unânime.
Há novecentas mil nebulosas espirais
mas só o teu corpo é um arbusto que sangra
e tem lábios eléctricos e perfuma as paredes.
Aos confins tranquilos entre ilhas mar e montes
vou buscar o veludo e o ouro da nostalgia.
Deponho a minha cabeça frágil sobre as mãos
de uma mulher de onde a chuva jorra pelos poros.
Ó nascente clara e mais ardente do que o sangue,
sorvo o cálice do teu sexo de orquídea incandescente!
A minha vida é uma lenta pulsação
sob o grande vinho da sombra, sob o sono do sol.
Há bois lentos e profundos no meu corpo
de um outono compacto e negro como um século.
Com simultâneas estrelas nas têmporas e nas mãos
a deusa da noite, sonâmbula, desliza.
Ao rumor da folhagem e da areia
escrevo o teu odor de sangue, a tua livre arquitectura.
Prisioneiro de longínquas raízes
ergo sobre a minha ferida uma torre vertical.
Vislumbro uma luz incompreensível
sobre os campos áridos das semanas.
Elevo o canto profundo do meu corpo
sob o arco das tuas pernas deslumbrantes.
Escrevo como se escrevesse com os meus pulmões
ou como se tocasse os teus joelhos planetários
ou adormecesse languidamente no teu sexo.







António Ramos Rosa (1975)
in Antologia Poética
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Selecção de Ana Paula Coutinho Mendes

"A Lição " de Eugène Ionesco


Ana Almeida e Duarte Victor

__________________Absurdo__________________


Próxima produção do TAS. Estreia a 15 de outubro no Teatro de Bolso, em Setúbal.
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Publicado por Zé Nova (figurinista)

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