sexta-feira, 22 de julho de 2011

Abakan Intercultural Congress 2012, Republic of Khakassia (Chakassia), Siberia

http://www.komtour.khakasnet.ru/Ob_inform_e.htm




A Rede Portuguesa de Museus, consignada na Lei - Quadro dos museus portugueses, desde 2004, tem como objectivo incentivar projectos partilhados, para investir na qualificação dos museus, assegurando a sua independência técnica e acreditação, bem como apoiar projectos museológicos.





Milhares de quilómetros separam Lisboa, de onde parti no dia quatro de Julho e a cidade de Abakan (Republic of Khakassia) onde agora me encontro.
É emocionante estar aqui, diante de vocês, vindo de tão longe, para compartilhar ideias e perspectivas, preocupações comuns sobre os papéis atribuídos aos museus no desenvolvimento social de nossos povos e nossas comunidades.
Nunca estive nesta parte do mundo. É a minha primeira vez na Sibéria e eu gostaria de agradecer ao Governo República de Khakassia o convite que dirigiu à Rede Portuguesa de Museus, entidade que aqui represento.





Distância não é obstáculo quando se trata de trabalhar em algo em que acreditamos. Nós podemos fazer qualquer coisa, tornar tudo possível, com as conexões certas. Uma rede é um organismo vivo, que precisa de ser alimentado de forma contínua. Esse alimento, essa energia congregadora, só pode surgir a partir do diálogo e da partilha resultante de projetos e ações baseadas no princípio de participação.
Os museus que trabalham nessa lógica de rede estão definitivamente mais preparados, melhor ancorados para responder às questões da multiculturalidade e proporcionar um clima mais seguro para lidar com temas-chave, tantas vezes fracturantes, como são os processos de construção das identidades, a comunicação intergeracional e as diferentes noções de património, a defesa da língua e da cultura.
Museus devem demonstrar sem pestanejar o seu valor como activo económico, a sua contribuição directa e indirecta para a economia e o seu impacto na sociedade em prol do desenvolvimento e da inclusão.
Eles devem usar ferramentas e criar indicadores que permitam avaliar o nível de satisfação de seus usuários (os cidadãos-clientes) e ter a real percepção do impacto de suas acções na sociedade. É importante avaliar e demonstrar resultados. É aí que a força e a relevância dos museus do século XXI fica demonstrada. Para fazê-lo, devemos equipá-los com as ferramentas adequadas para identificar os seus problemas e necessidades (diagnóstico); estabelecer vínculos activos; avaliar o impacto de suas acções na sociedade; priorizar e re-projetar sua missão. Precisamos erradicar claramente o que é supérfluo ( tudo o que prejudica o meio ambiente e se esgota no imediato, esgotando-nos...).





A acreditação que dá acesso a integrar a rede é um momento muito importante para o museu, porque significa que, segundo a lei em vigor, ele cumpre ( tem definidas e implementadas ) um conjunto de normas, mas não é o fim da linha. Integrar a Rede Portuguesa de Museus é estar entre pares num sentido aperfeiçoamento contínuo.
Um comportamento socialmente responsável, um reconhecimento público, um factor de credibilidade. Ganhar escala e relevância junto da comunidade.







Acreditação não é um objectivo em si, mas sim mais um incentivo para melhorar. Nem todas as instituições que se autoproclamam museus, são efectivamente museus à luz daquilo que a lei-quadro dos museus portugueses define. Precisamos estabelecer critérios, requisitos básicos. Tais detalhes distinguem o sistema de português de museus e fazem dele uma referência internacional. O papel social e cívico dos museus do século XXI , a necessidade de ganhar escala, relevância na vida das pessoas, implica novas capacidades de comunicar e de "gerenciar" a diversidade e os antagonismos. O diálogo intercultural, a inclusão, as novas formas de "governança" em parceria, pilares do trabalho em rede, exigem também a uma revisão dos perfis profissionais das equipas dos museus e das competências das equipas, sua multidisciplinaridade. Num momento em que o valor da proximidade se coloca e as pequenas economias se impõem como recurso, faz todo o sentido o reforço das parcerias e o trabalho em rede , assim como as redes temáticas que se entrecruzam nos territórios. delas e do seu funcionamento depende a sustentabilidade e o desenvolvimento. Os museus do século XXI devem tornar-se instalações de vida para a criatividade, casas-abrigo para múltiplos talentos e sensibilidades. Instalações de conhecimento, experimentação e estudo.
Museus tendem a ser playgrounds interculturais e intergeracionais, espaços identitários e inclusivos que oferecem uma visão para além do espelho. Aí reside a sua contemporaneidade e relevância. Lembremos aqui os discursos e citações que mudaram o mundo dos museus e que nos apontavam claramente, mais de sessenta anos atrás, uma nova ordem, uma nova forma de pensar os museus como mais próximos das pessoas, mais humanos. Um bom exemplo disso seria a UNESCO quinto seminário regional - El Museu Como centro cultural de la comunidad, no México, em 1963 Aqui museus foram apontados como playmakers sociais e culturais. E também a Santiago do Chile conferência onde foi reforçada a dimensão social das acções museológicas. Mas para isso precisamos de um bom diagnóstico e uma visão integrada e sistémica dos territórios onde os museus estão integrados, precisamos de uma boa articulação com os líderes, as pessoas-recurso de que fala Hugues de Varine. Nós temos que envolver as pessoas e suas comunidades no inventário e investigação de sua própria herança. Sem um forte compromisso e estratégia comum inter-pares, não seremos capazes de fazer o nosso caminho. Assim, resumidamente, RPM (Rede Portuguesa de Museus), aqui apresentada é um serviço público cultural, criado há mais de dez anos pelo Governo Português , consignada na Lei-quadro dos museus portugueses, orientada para eixos de acção e fundada nos seguintes princípios e objectivos: Promover a cooperação institucional entre museus; incentivar a descentralização de recursos; favorecer o planeamento e a racionalização dos investimentos públicos em museus; promover a comunicação; garantir rigor e profissionalismo; aumentar o conhecimento e a sustentabilidade; promover a sua credenciação em conformidade com os requisitos previstos na lei; incentivar abordagens museológicas inovadoras; promover a acessibilidade e a inclusão.





RPM (Rede Portuguesa de Museus) e o quadro legal que a suporta, constitui uma referência em muitos outros países da Europa e no Brasil, um caso  de estudo na área da Gestão e Qualificação dos museus.

Uma ferramenta vital da política museológica na ultima década. Hoje nós estamos vivendo na "pista rápida", estamos correndo em frente e essa abordagem deixa-nos pouco tempo para reflexão. É importante repensar esse tempo e reflectir sobre a nossa história e as várias formas de contá-la, fazendo o melhor de nossa herança. Hoje temos consciência de que não há um único património, mas muitos patrimónios e muitas formas de se comunicar essa diversidade de valores e referencias identitárias, sejam elas materiais ou imateriais. O envolvimento das pessoas no reconhecimento dos diversos patrimónios e os processos associados de categorização e nomeação são a lição mais importante que ninguém esquece.
Como Manuel Castells disse uma vez: " A tecnologia da informação é baseada na flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser modificadas, e até mesmo fundamentalmente alteradas, rearranjando os componentes. O que distingue a configuração do novo paradigma tecnológico é sua capacidade de reconfigurar, um recurso decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez organizacional "
Meu ponto principal é que estamos entrando na era das redes e este é o caminho para melhorar a forma como as parcerias funcionam. No entanto, como as organizações e culturas mudam a um ritmo mais lento do que as técnicas, muitos de nós continuar a usar dinâmicas ultrapassadas e, portanto, a comunicação dentro das instituições de forma obsoleta. Estamos sempre buscando uma regra comum, algo para nos guiar. Na realidade, nós racionalmente percebemos nossa evolução e a necessidade de sistemas organizacionais horizontais como forma de emancipação, mas a nossa cultura continua a ser essencialmente vertical e centrada na autoridade. E é isso que precisamos mudar. Neste século XXI, no terceiro milénio, na era da comunicação baseada num conceito mais amplo e integrado de herança, só faz sentido trabalhar em rede. Estabelecer parcerias, definir territórios de intervenção cultural e conexões construídas agora é vital para o sucesso futuro. A Gestão da Qualidade junto com a Engenharia Social e a Economia Criativa, são fundamentais para o desenvolvimento de um clima colaborativo. Tendo em consideração as nossas diferenças de escala, trago-vos o modelo que tem sido adoptado nos últimos dez anos pela RPM, o modelo que colocou o primeiro tijolo para um programa de qualidade dos museus, educação e acreditação sistemática em Portugal. Em nome do Departamento de Museus do Instituto dos Museus e da Direcção Geral do Património Cultural, agradeço a oportunidade e faço votos para que este Fórum seja uma vantagem significativa para novas reuniões entre os nossos museus, nossas cidades e nossos países.



Obrigada
















































Isabel Victor





Rede Portuguesa de Museus


LEI - QUADRO DOS MUSEUS PORTUGUESES


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Direcção Geral do Património Cultural / Secretaria de Estado da Cultura





















































































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