sábado, 30 de junho de 2007

quinta-feira, 28 de junho de 2007

http://www.pascalrenoux.com/Nudes8.html

(...)

Tudo em ti é magia e tensão extrema
Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
batem as sílabas da noite no coração do poema
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.

Manuel Alegre " Senhora das Tempestades " (extracto)

in Revista de Letras e Culturas Lusófonas, número 2, julho/setembro 1998.
O poema completo AQUI
http://www.maggietaylor.com/indexframe.html


A flor é apenas flor

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.


Alberto Caeiro

(PLEASURE)DOME DOIS explica as (in)confessáveis razões que presidiram à escolha.
Obrigada.
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Amanhã deixo aqui mais 7 Maravilhas ...
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Então vamos lá ! Tinha prometido a mim própria e até já anunciado em círculos próximos, que não iria jamais enlear-me em cadeias e prémios. Porém, este deu-me uma ideia que vou pôr em prática.
Decidi não nomear nenhum dos blogues que me habituei a visitar/comentar e que já fazem parte, pela cumplicidade que fomos construindo, da minha comunidade (afecto)virtual.
Vou, assim, deixar de fora todos aqueles blogues e bloguers de que gosto, apenas porque gosto ! Que visito porque me dão prazer. Esses são os intrinsecamente maravilhosos !
Nesta lógica excluo autênticas maravilhas, mas ... desafio - (me) a ir mais longe e reconhecer o brilho intenso destes 7 magníficos blogues que conheci recentemente e com os quais me vou enleando :
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Há muitos mais, mas estes são mesmo uma MARAVILHA ! Vão lá ...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Morrestes homens e mulheres! Ressuscitastes andróginos, nautas-ninfas, deusas-deuses!


From: pauloaeborges@clix.pt>


A Fundação CulturSintra e a Ésquilo – Edições e Multimédia têm o prazer de convidar V. Ex.ª para assistir ao lançamento do livro «FOLIA – MISTÉRIO DE UMA NOITE DE PENTECOSTES» da autoria de PAULO BORGES, que terá lugar na> Quinta da Regaleira, sita na rua Barbosa du Bocage, 7, em Sintra, quarta-feira, 4 de Julho, pelas 21h00.

A apresentação estará a cargo do escritor Miguel Real e do músico Pedro> Aires Magalhães. Pelas 22h00 os presentes serão convidados a assistir à ante-estreia da peça> FOLIA pelo «Teatro TapaFuros» com encenação de Rui Mário.

A peça estará em cena nos jardins da Quinta da Regaleira de 5 de Julho a 8 de Setembro, quintas, sextas e sábados às 22h e domingos às 20h.

Dando continuação ao romance "Línguas de fogo"
publicado pela Ésquilo,
Paulo Borges convoca os portugueses para um «Teatro Vivo e Iniciático» em> que todos são protagonistas. Rompe com o intelectualismo da nossa época e propõe-nos a vivência de uma grande teofania que se tornou património da cultura portuguesa e que está subjacente no Culto do Espírito Santo e na ideia do Quinto Império. Efectivamente, esta Folia de Paulo Borges abre um novo ciclo na dramaturgia portuguesa.
«SOFIA: Uni sempre a sabedoria e a compaixão! A visão das coisas tal qual, sem os véus do pensamento, do medo e do desejo, e a amorosa e compassiva sensibilidade que toda a dor assuma e transmute! O feminino e o masculino! O vermelho e o branco! Isso simbolizam as cores com que fostes ungidos! As cores do Santo Espírito, que une e transcende todos os contrários! Morrestes homens e mulheres! Ressuscitastes andróginos, nautas-ninfas, deusas-deuses! "
Bem vindos à Ilha dos Amores e ao Mistério da Câmara Nupcial! Ao Quinto> Império, primeiro e último! Ao Eterno! (…)

"D. SEBASTIÃO: A visão deste Império arrebatou os nossos grandes visionários e profetas: Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva.
Eles o apontaram como o sentido de Portugal e do mundo lusófono, a mátria da> Divina Loucura, alternativa à razão demente que governa e devasta o mundo!»


Paulo Borges > R. Carlos Ribeiro, 30 - 4ºandar> 1170-077 Lisboa> 218153306> pauloaeborges@clix.pt / guesar@gmail.com> www.pauloborges.net
http://www.fantazos.com/

Rencaminho este e-mail e respectivo convite.

Pelourinho de Vila Real


INAUGURAÇÃO DO MUSEU ETNOGRÁFICO DE VILA REAL
RURALIDADE E IMAGINÁRIO DE VILA REAL DE TRÁS-OS-MONTES


exposição de longa duração


O Centro Cultural Regional de Vila Real (CCRVR) vai inaugurar no próximo dia 29 de Junho de 2007, pelas 21h30, o Museu Etnográfico de Vila Real, sito nas suas instalações daquela entidade - Casa de S. Pedro - no largo homónimo, no centro histórico da cidade.


Este novo espaço expositivo, dedicado à memória rural da terra e das gentes de Vila Real e área envolvente, irá funcionar no local referido, apresentando ao público a exposição de longa duração "Ruralidade e Imaginário de Vila Real de Trás-os-Montes".

A evocação do património etnográfico do distrito de Vila Real não encontrava espaço na cidade desde o encerramento do Museu Etnográfico da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro (propriedade da Assembleia Distrital de Vila Real), em 1976. O seu espólio, maioritariamente recolhido na década de 40, encontra-se actualmente despositado no Município de Vila Real, tendo sido parcialmente recuperado para integrar o novo espaço museológico.

Este projecto foi coordenado pela directora do CCRVR, Maria Emília Campos, tendo contado com os apoios do programa LEADER + (gerido pela Associação do Douro Histórico), Delegação Regional da Cultura do Norte, Município de Vila Real e Junta de Freguesia de S. Pedro. O projecto museológico foi coordenado por João Ribeiro da Silva, responsável técnico do Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real e Maria da Graça Araújo, consultora da Rede Portuguesa de Museus,
responsável pelo inventário e estudo de colecções (ao abrigo do Programa de Apoio Técnico a Museus da Rede Portuguesa de Museus).

CONVITE :
Convidam-se por esta via todos os Vila-Realenses, Transmontanos e demais interessados, pessoal ou profissionalmente, na realidade etnográfica do Norte de Portugal, a participarem nesta iniciativa, que contará com a actuação da tuna de Carvalhais.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Tomate originário da América, deveria estar catalogado entre as frutas. Os espanhóis trouxeram-no para a Europa com o nome de “maçã peruana” e “maçã do amor”. A sua polpa vermelha, suculenta e sensual provocou escândalo; confiava-se tanto no seu poder estimulante que se pagavam fortunas por um tomate. As mulheres virtuosas rejeitavam-no, mas não as outras, que podiam acusar o irressístivel tomate pelos seus pesadelos.

Isabel Allende


Afrodite (pág. 198, 199 e 200)


Esta foi a forma que encontrei para introduzir o devido agradecimento aos Blogers que passam assíduamente por aqui e que resolveram distinguir-me com o prémio " Blog com tomates ". Gostei da subversão e venho retribuir :


Diário de um Sociólogo (blog C.Serra)


Casario do Ginjal (blog Luís M)


moonlover


Para além dos que me nomearam proponho a atribuição dos ditos também a :


O Mundo perfeito (blog Isabela)


murcon (Blog Júlio M Vaz)


Há sempre um livro ... (cláudia Sousa Dias )


e ainda ... um tomate, especialmente suculento, para :


Letras de Babel (blogArteLetras)


Obrigada a todos !


Alinham num gaspacho transcultural ?

segunda-feira, 25 de junho de 2007


O TREVINHO já está na rua e a Raríssimas precisa da ajuda de todos para que a “Casa dos Marcos” seja uma realidade. Por cada TREVINHO que compra estará a contribuir com 4€ para construção de uma residência para jovens com deficiências mentais e Raras. Pode encomendá-lo directamente no
Rarissimas ou fazê-lo pelo telefone 96 965 74 44.

sábado, 23 de junho de 2007


O BELO, O BEM E O VERDADEIRO ...








"A obra de Fernando Gil, de Aproximação antropológica (1962) a A quatro mãos (2006), exibe uma riqueza e uma complexidade que convivem com uma poderosa coerência interna. O estudo detalhado das suas articulações encontra-se ainda largamente por fazer. É o que se pretende levar a cabo neste colóquio.

Ter em conta tais articulações implica prestar atenção à maneira como Fernando Gil extraiu, de várias disciplinas, elementos que lhe permitiram sustentar as suas hipóteses filosóficas (como, por exemplo, a ideia da natureza alucinatória da evidência). Por isso mesmo, procurar-se-á interpretar convenientemente o detalhe desses alicerces e, simultaneamente, e de modo não menos significativo, sugerir as possibilidades de aplicação das hipóteses propriamente filosóficas de Fernando Gil nessas particulares disciplinas. Disciplinas que incluem a epistemologia, a teoria política, a ética, a estética, a filosofia da mente ou a metafísica. A abordagem destas questões será objecto de três secções: o Belo, o Bem e o Verdadeiro."


COLÓQUIO SOBRE FERNANDO GIL
Convento da Arrábida
26,27, 28 junho



Jacques Lacan (4) - Lo Real se pierde en la relacion sexual
Fragmento conferência -Lovaina 1972

Sobre a linguagem poética ...


Julia Kristeva - On Linguistics
Interview with Julia Kristeva
fait divers


Chegou hoje ao fim, mais um curso de mestrado em Museologia, da Universidade Lusófona, que este ano funcionou (e bem) no Museu Nacional de Arqueologia, sediado, como e sabe, no Mosteiro dos Jerónimos. http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/


Chegada a Lisboa, depois de muitas voltas em Belém, lá consegui " largar " o carro nas imediações do museu dos Coches, seguindo a pé, em passo acelerado, para o meu destino ...


Já atrasada, com calor e, como sempre, carregada com o portátil e tralhas para apresentação do Seminário final do curso, não resisti a sentar-me, sózinha, durante 10 minutos, numa das mesas da famosa casa dos Pastéis de Belém !
Não sou grande apreciadora de doçaria. Raramente entro numa pastelaria para satisfazer apetites, mas a um pastel de nata quente, polvilhado de canela, com um café, não resisto. Não resisto mesmo! É uma combinação dos deuses ...

Foram 10 minutos de sonho !





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Em 1837, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, numa tentativa de sobrevivência, os clérigos do mosteiro puseram à venda numa loja uns pastéis de nata.
Nessa época, a zona de Belém ficava longe da cidade de
Lisboa, e o seu acesso era assegurado por barcos a vapor. A presença do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém atraíam inúmeros turistas que depressa se habituaram aos pastéis de Belém.

quinta-feira, 21 de junho de 2007


Fotografia - Mary Daniel Hobson


Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo
_______
Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo
_______
Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei não te persigo
_______
Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo
_______
Maria Tereza Horta
nestes
Pequenos nadas

Seminário "Património Imaterial, inventários" - Dia 22 de Junho, Universidade de Évora

fotografia retirada do blog Conversando ...

Michel Giacometti ... tantos quilómetros andados em Portugal, tantas horas de conversa, tantas centenas de metros de fita gravada, em prol do registo, inventário e estudo dos patrimónios ditos imateriais.

Na minha opinião, um seminário sobre o Património Imaterial, em Portugal, deveria adoptar o seu nome. Deveria adoptar Michel Giacometti como um dos farois do estudo do Património Imaterial.

A Cultura Portuguesa deve-lhe esse tributo.

Seminário sobre Património Cultural Imaterial


“O Património Cultural Imaterial e o papel das instituições públicas na implementação de inventários”
“Le Patrimoine Culturel Immatériel et le rôle d’institutions publiques dans l’implémentation d’inventaires”
No próximo dia 22 de Junho (sexta-feira) terá lugar o seminário internacional intitulado “O Património Cultural Imaterial e o papel das instituições públicas na implementação de inventários”.


Organização da Universidade de Évora - CIDEHUS, este seminário insere-se no âmbito do projecto MEDINS - IDENTITY IS FUTURE, THE MEDITERRANEAN INTANGIBLE SPACE.
Local: Colégio do Espírito Santo, sala 124
A entrada é livre.

Poster Seminário
Programa

Mais informações: medins@uevora.pt
Sobre o Projecto MEDINS:
Resumo: O projecto tem como objectivo a catalogação, a promoção e a valorização em rede do Património Cultural Imaterial dos territórios da zona Medocc, salvaguardando-o do risco de extinção. E ao mesmo tempo, utilizando o Património Cultural Imaterial como recurso para o desenvolvimento local sustentável (fundado sobre a valorização das identidades, os conhecimentos e as tradições dos territórios envolvidos neste projecto).
Résumé: Le projet a comme but le catalogage, la promotion, la valorisation et la mise en réseau, au niveau international, du Patrimoine Culturel Immatériel des territoires de la zone Medocc, afin que ce dernier soit sauvegardé du risque d’extinction et, en même temps, utilisé comme ressource pour le développement local soutenable (fondé sur la valorisation des identités, des connaissances et des traditions des territoires engagés dans ce projet).
MEDINS é um projecto financiado pelo FEDER, através do Programa INTERREG III B MEDOCC.






São parceiros neste projecto as seguintes instituições:



- Association de Municipalité de Malte (Malta);- COPPEM: Comité Permanent Partenariat Euroméditerranéen des Pouvoirs Locaux et Régionaux (Sicília - Itália);- Ayuntamiento de Jaen- Département de la Culture (Jaen – Espanha);- Facm Algerie - Forum of the Algerian Municipalities (Kopuba- Argélia);- Gouvernorat de Kairouan - Direction Régionale du Développement (Kairouan –Túnisia);- Municipalité de Bagheria - Ufficio Cooperazione e Gemellaggio(Sicília - Itália);- Municipalité De Bizerte (Bizerte- Argélia);- Municipalité de Kalivia Thorikou Attika- Bureau des Projets Communautaires (Atenas – Grácia);- Municipalité De Rabat (Rabat – Marrocos);PIT Demetra- Comune di Castrofilippo (AG), (Sicília - Itália);- Region de Murcia- Direccion General de Cultura de la Consejeria de Cultura y Educacion de la Region de Múrcia (Múrcia- Espanha);- Région de Rabat – Direction Générale (Rabat – Marrocos);- T.E.D.K.N.A. - Union des Autorités Locales – Attica (Atenas – Grécia);- UNIMED – Union des Universités de la Méditerranée, (Sicília - Itália);- Universidad de Granada - Vice-Presidence Des Relationis Internationales E Institutionelles, (Granada – Espanha);- Universidade de Évora - Departamento de História (Évora – Portugal);- Université de Tunis El-Manar (Marsa – Tunísia);- Université du Cairo- Division des Etudes Supérieures et Recherche Scientifique, (Giza – Egipto);- Université Saint-Esprit de Kaslik (USEK), (Libano);



Mais informações:“Identity is future: Mediterranean Intangible space: Medins”

terça-feira, 19 de junho de 2007


Volver
belissima película de Almodovar

MUSEU AFRO BRASIL


Já no século XVII o Padre Antônio Vieira afirmava que “o Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África”, reconhecendo a importância de um legado negro que tem papel de matriz formadora da cultura brasileira. Por isso o Museu Afro Brasil não pretende ser um museu do negro ou sobre o negro, museu de um gueto étnico ou cultural, nem tampouco um museu do folclore, reduzindo a “curiosidades do passado” as raízes mais profundas das expressões da cultura brasileira. Ao contrário, o museu se propõe a re-visitar nossa história, passar a limpo nossa memória, para interrogar-nos sobre a formação de nossa sociedade e nossa cultura, fazendo-o, porém, da perspectiva do negro, a partir do olhar e da experiência do próprio negro. Não reconhecer ao negro o direito a esse lugar, negar a importância de sua contribuição, que perpassa todas as manifestações culturais do Brasil, seria passar um mata-borrão sobre uma saga de mais de cinco séculos de história e de dez milhões de africanos triturados na construção deste país.


Sendo um museu brasileiro, o Museu Afro Brasil não pode deixar de ser também um museu da diáspora africana, pois a presença do negro, no Brasil e nas Américas, é indissociável da experiência de desenraizamento de milhões de seres humanos arrancados aos seus lugares de origem graças à instituição da escravidão. É a escravidão que, na diáspora, força o contato e o intercâmbio entre membros de diferentes nações africanas e produz as mais diversas formas de assimilação entre suas culturas e as de seus senhores, bem como de resistência à dominação que estas lhes impõem. O Museu Afro Brasil é um museu da diáspora e, como tal, deverá registrar não só o que de africano ainda existe entre nós, mas o que foi aqui apreendido, caldeado e transformado pelas mãos e pela alma do negro, a miscigenação e a mestiçagem que contribuíram para a originalidade de nossa brasilidade.


Todavia, a cultura mestiça que se forma na diáspora envolve relações entre desiguais, em se tratando de senhores e escravos. É o trabalho escravo que, primeiro graças ao índio, o negro-da-terra, e depois ao negro africano, constrói a sociedade na qual se forma uma cultura e uma civilização. Do eito à casa grande, da lavoura da cana de açúcar ao cultivo do café, da mineração do ouro à extração de diamantes, o escravo produziu os ciclos de riqueza que durante séculos garantiram a grandeza da sociedade escravocrata, sem ter nem ao menos o reconhecimento de sua dignidade humana, e recebendo em troca do sacrifício a indiferença e o abandono a que foram relegados seus descendentes após o fim da escravidão. Índios, negros e brancos foram postos em confronto nesse processo. Eis as matrizes de nossa formação, mas que dela participam em condições desiguais, não pelo seu valor, mas pela crua brutalidade do domínio, sob o peso da escravidão. Não é possível pensar a herança negra e afro-ameríndia na formação da sociedade e da cultura brasileiras sem passar pelo genocídio e o etnocídio que dela fazem parte, o verdadeiro holocausto representado pela diáspora africana na América e o abismo das desigualdades sociais que se constituiu e cristalizou nesse processo.

No entanto, não se apagam memórias e não se eliminam culturas senão ao preço da destruição física daqueles que são seus portadores, pois a cultura é o que permite ao homem compreender sua experiência do mundo e conferir sentido à sua existência. Ainda que em fragmentos, nos interstícios da cultura do senhor, a cultura do escravo resiste e persiste, em processos de trocas, fusões e re-significações que ocorrem numa via de duas mãos. Este é o princípio da mestiçagem que faz reconhecer traços das culturas negras africanas ou afro-brasileiras como características da identidade nacional, ao mesmo tempo em que as heranças negras mestiças presentes na cultura popular são vistas apenas como folclore. Não é por acaso que os negros que alcançam alguma posição de destaque na sociedade nacional “deixam de ser” negros, no conhecido fenômeno do embranquecimento.
Importa, pois, reconhecer como negras as raízes de sua (nossa) cultura e como negro quem negro foi e quem negro é. E importa evidenciar toda a carga de preconceito e discriminação e desigualdade social que o negro carrega sobre os ombros, pesada herança da escravidão. Importa, por fim, reafirmar a força de resistência que o negro não se cansou de demonstrar em 500 anos de nossa história, não só pelo simples fato de sobreviver e produzir, mas por nos legar como herança sua criação intelectual, moral, religiosa, estética e artística. O Museu Afro Brasil não pode ser um museu meramente contemplativo, já que tem o compromisso social de contribuir para resgatar a dívida da sociedade brasileira para com o segmento negro e mestiço da sua população e de fazer reconhecer sua dignidade, o valor de sua cultura e o lugar que de direito lhe cabe na sociedade brasileira.

O Museu Afro Brasil será, assim, um museu histórico que fale das origens, mas também registre as lutas que prosseguem ainda hoje. Um centro de referência da memória negra, que reverencie a tradição que os mais velhos dolorosamente souberam guardar, mas faça reconhecer os negros ilustres, na vida pública, nas ciências, nas letras e nas artes, no campo erudito ou popular. Um museu etnográfico que exponha com rigor e poesia ritos e costumes que traduzem outras visões de mundo e da história, festas que evidenciam o encontro e a fusão de culturas africanas e luso-afro-ameríndias para formar a cultura mestiça do Novo Mundo, mas que também registre a dinâmica da cultura negra na diáspora hoje. Um museu de arte, passada e presente, que reconheça o valor da recriação popular da tradição e reafirme enquanto negro o talento de formação erudita, nas artes plásticas e nas artes cênicas, na música como na dança.
Mas, sobretudo, o Museu Afro Brasil quer ser um museu contemporâneo, em que o negro possa se reconhecer hoje. Um museu que integre os anseios do negro jovem e pobre ao seu programa museológico, contribuindo para sua formação educacional e artística e sua qualificação profissional, mas também para a formação intelectual e moral de negros e brancos, cidadãos brasileiros, em benefício das gerações que virão. Um museu que participe da construção de um país mais justo e democrático, igualitário do ponto de vista social, aberto à pluralidade e ao reconhecimento da diversidade no plano cultural, mas que também reate os laços com a diáspora negra, promovendo trocas entre a tradição, a herança local e a inovação global.

Texto de Emanoel Araujo



http://www.museuafrobrasil.com.br/apresentacao.asp

Gostava de ver estes relicários de José Guimarães ... estes acumuladores de memórias com luzes néon.


José de Guimarães volta a expor na capital chinesa
“América, África, China” chega a Pequim


O artista português José de Guimarães volta a mostrar os seus trabalhos em Pequim. Uma exposição que inaugura hoje no Museu de Arte Contemporânea da capital.

Apresentada pela primeira vez em Pequim, “América, África, China” é uma mostra com obras que unem três continentes. José de Guimarães regressa à cidade que em 1997 via pela primeira vez os seus trabalhos numa exposição itinerante que de Macau chegou a Pequim.

Com apresentação de obras inéditas, a exposição que se pode apreciar a partir de hoje e até 22 de Junho no museu de Arte Contemporânea em Pequim, José de Guimarães diz que há várias que “têm muito a ver com a cultura chinesa.”O conjunto que reúne quarenta peças, algumas de grande formato, pretende através de pinturas, esculturas e caixas de néon, analisar os acontecimentos do mundo nos últimos anos. Artista de cores vivas e fortes, José de Guimarães refere uma certa falta de cor-de-rosa na realidade do mundo actual. As lutas, guerras e a violência que se estendem quase a todo o mundo, levaram o artista a confrontar também ele civilizações, reflectindo preocupações que espelham o espaço em que vivemos.
Interessado na cultura ancestral da China, o artista que desde há anos divide a sua vida entre Paris e Lisboa, junta uma temática africana e da América Latina. Tratam-se de trabalhos que dizem respeito aos últimos dez anos da sua criação artística. De passagem uma semana pela capital, José de Guimarães aproveitou a oportunidade para visitar o novo distrito de arte em Pequim. Acompanhando a evolução da arte contemporânea chinesa, inclusive em exposições que chegaram até Paris, refere que “actualmente a China atravessa um momento de grande força criativa, mesmo ao nível de técnicas e propostas e os artistas podem perfeitamente ser iguais ou melhores que outros artistas da Europa ou América.” A mesma visão moderna lhe transmitiu o museu onde agora expõe as suas obras numa área de cerca de 800 metros quadrados.
Algumas das obras que chegaram à China esta semana, estiveram expostas no Brasil no ano passado. No entanto, o conjunto é novo na medida em que a temática que as une é mostrada pela primeira vez em Pequim.


Desde há muitos anos habituado a trabalhar com as mais diversas técnicas desde que em 1968 escreveu aos pintores inconformistas um manifesto onde dizia “abandonem os pincéis e a paleta”, José de Guimarães salienta desta exposição as caixas relicários com luzes de néon mas referindo igualmente todas as outras peças como as esculturas de papel, os rolos chineses ou as pinturas em madeira. O museu recebe também várias fotografias de obras que hoje estão expostas noutros países.

Maria João Belchior
Correspondente em Pequim
in http://www.hojemacau.com/news.phtml?today=31-05-2007&type=culture

Taberna Zé da Conceição - Geraldos
cante alentejano numa taberna que já não existe
a propósito de ...
________________________
cantoalentejano. na rima visual do meu amigo António Cunha. Fotógrafo. Poeta das paisagens alentejanas. Devoto militante do património que são as pessoas. Amante do Sul.
Ao leme de " Lírio roxo " ... vivificando Michel Giacometti, no doce gerúndio do falar alentejano.

Em honra a uma amiga _______________________ muito sábia e muito amiga

Panela e chocolateira
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Formas que deram forma a muitas " estórias " de vida e trabalho.
Formas portuguesas de fazer História, nos campos, a Sul.
_______________
... numa roda, ao pé do lume, a desfiar memórias e tanto para escutar.
____________
Do meu acervo de "paisagens interiores" ( lembras-te Hermínia ?)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Uma história simples ...

Há tempos, colaborei num estudo sobre arte (dita popular) e artesanato, entretanto publicado em edição bilingue. Identifiquei expressões e formas eloquentes. Mas esta encantou-me sobremaneira ...
Foi-me oferecida por um dos artistas/artífices, um camponês alentejano de refinado humor, que na altura, tinha perto de oitenta anos. Chamou-lhe pássaro, simplesmente pássaro e colocou-o sorridente nas minhas mãos. Eu chamei-lhe espanto ... e guardei-o religiosamente.
________
Um dia, levei o dito pássaro comigo, para o apresentar num ciclo de ilustres palestrantes e, no regresso a casa, esqueci-me dele no autocarro ... fiquei tão desesperada, que insisti em recuperá-lo no próprio dia não fosse alguém (des)encaminhá-lo.
Noite dentro fui buscá-lo ao depósito dos perdidos e achados, numa garagem lá nos confins.
Entregaram-mo, depois de muito ter insistido que era aquele o tal pássaro que eu tinha descrito telefonicamente. O tal pássaro de estimação. O tal objecto de admiração ...

A verdadeira historia começa aqui ...
quando o empregado da transportadora, meio atónito com o meu interesse por tal espécime, me perguntou : mas isto é que é um pássaro ? Isto tem algum valor minha senhora ? Tão mal feito ... até é meio esquisito (sorrindo, insinuando ...)
Aí começou a verdadeira história. Tivemos uma longa conversa ... daquelas que não esqueço. Das muitas que merecem um lugar no " Caderno de campo ".
Apocalyptica-- Unforgiven
Beautiful music ...



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assisti a este (des)concerto

domingo, 17 de junho de 2007

MUSEU SEM FRONTEIRAS

(online desde o dia 18 de Maio)
http://www.discoverislamicart.org/home.php


Discover Islamic Artin the Mediterranean

Welcome to the Virtual Exhibitions

> The Umayyads> The Abbasids> The Fatimids> The Atabegs and Ayyubids> The Mamluks> The Ottomans> The Muslim West> Pilgrimage> Women> Water
> Arabic Calligraphy> Figurative Art> Echoes of Paradise: the Garden and Flora in Islamic Art> Geometric Decoration> Al-Franj: the Crusaders in the Levant > The Normans in Sicily> Mudéjar Art> Western Influence in Ottoman Lands

Não voltaremos a

Fotografia jf @ AQUI
________________

não voltaremos a pressentir o mar,
nem sequer lembraremos o turvo sal das bocas
sobre o rosto gémeo da máscara que nos esconde
_____

louco pássaro cinza sulcando o ar rarefeito
e a escuma luminosa dos meteoros que cegam
os frementes alicerces da cidade insone

______
não nos reflectimos mais nos gestos desgastos
nem na demência da língua donde irrompe a alba
e nómadas continuaremos para lá do sangue
flutuantes no escuro sonho
os corpos incendiados um no outro
consomem-se formando insuspeitas constelações
vagarosamente
através dos séculos regressaremos
intactos ao nada inicial

Al Berto

in " A noite progride puxada à Sirga " : três poemas esquecidos, 1985

Paisagens interiores ...







Martins Correia - serigrafia, 1993


Pintura sobre ajulejo - Andreas Stocklein




Gosto de estar em casa ...
de me (re)conhecer nos cantos da casa. Nas memórias que me suscitam os objectos. No cheiro que exala das coisas. Nas mil e uma "estórias " que poderia contar a seu respeito. Na forma como me dizem respeito.

Perco-me nas narrativas cruzadas que cada um (numa mesma casa ) faz a propósito desses mesmos objectos. No sentido que individualmente ou em grupo damos ás coisas da casa. Como as vivemos, como as contamos, como as legamos e a quem as legamos e porque as guardamos.
_________
Na intimidade da casa existem singularidades na forma como cada um se relaciona com os objectos. Diferenciações de género, de geração, de dedicação. Notam-se diferentes apegos ás coisas, conforme se trata de homens ou de mulheres, de pais ou de filhos. Cada um vai construindo o seu lugar, na casa comum, de acordo com o seu papel, a sua identidade e o seu gosto. As pessoas vão-se ajeitando aos sítios e ás coisas e fazem -no à sua maneira ...
__________
Há coisas que mudam, que se renovam, que substituímos ao sabor das necessidades e dos gostos. Mas há outras que prevalecem apesar dos modos, dos tempos e dos humores. Coisas que permanecem como que sacrilizadas, religiosamente imutáveis e que nos acompanham toda a vida. Que sedimentam as nossas paisagens interiores.
lembrei-me agora de Ruy Belo e do poema : Oh as casas ...

sábado, 16 de junho de 2007


Kahlo - Viva la Vida
sobre este monólogo baseado na vida de Frida Kahlo
Frida Kahlo
Pinturas: Frida Kahlo. De Diego Rivera, un fragmento de la obra "Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central", del año 1947
Música: Lila Downs.



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Génio. Arte. Paixão. Dor

SEMPRE. FRIDA


Alberto Pancorbo


Assisti à apresentação desta desafiante proposta literária e musical, feita pela própria Maria Teresa Horta, numa entrevista televisiva. Fiquei com imensa vontade de comprar, para mim e até para oferecer, mas ainda não a encontrei à venda ...
O que se passa com a edição/destribuição desta obra ?

O SALÃO NOBRE DA ESCOLA DE MÚSICA DO CONSERVATÓRIO NACIONAL DE LISBOA

GUILHERMINA SUGGIA tocou pela primeira vez em Lisboa, aqui neste salão, em 25 de Março de 1901 (...), integrando o Quarteto Moreira de Sá. Este salão é umas das maravilhas que temos. Tem provavelmente a melhor acústica de todas as salas de Lisboa, onde se pode fazer música de câmara. Os seus tectos foram pintados por José Malhoa em 1881. (...)
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Transcrevi, quase na íntegra, o início DESTE dorido alerta para um património português relevante que corre o risco de se perder para sempre ! Associo-me a este clamor, impressionada com o gritante abandono desta belíssima sala de espectáculos em plena capital.
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Onde estão os mecenas da cultura ? E a responsabilidade social do Estado Português na negociação e viabilização de protocolos para a recuperação deste e outros valiosíssimos patrimónios em risco ?
Se estivessem cotados em bolsa talvez uma OPA lhes valesse ! Assim ... sucumbem ao tempo e ao esquecimento.

sexta-feira, 15 de junho de 2007


Acabou de ser publicado o mais recente número (233-4, Maio 2007) da Museum International, subordinado ao tema: The Cultural Heritage of Migrants.


No 1º capítulo consta um artigo sobre os emigrantes e a cultura portuguesa em França e no último capítulo um dos artigos é dedicado ao Museu Português da Emigração da autoria de Maria Beatriz Rocha-Trindade e Miguel Monteiro.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

MEMÓRIA E VALOR : PATRIMÓNIOS HÁ MUITOS - Conferências

Igreja de São Pedro em Malaca - Fotografia
Publicada por Vitório Rosário Cardoso
AQUI
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Este Ciclo de Conferências iniciado a 13 de Março e de que só hoje me apercebi, pretende (citando os promotores) oferecer um espaço de diálogo, reinterpretação, e valorização de uma cada vez mais popular e, talvez por isso mesmo, enigmática noção: o “património”.
Aproveito para anunciar as conferências ainda por realizar e as já realizadas, na expectativa de que todas sejam editadas.

As conferências realizam-se às terças-feiras, pelas 18 horas, na Sede da S.G.L.
Sociedade de Geografia de Lisboa
(Rua das Portas de Santo Antão, 100)
http://pwp.netcabo.pt/património.sgl/


13 de Março de 2007
“O Mundo Pastoril: Notícias de uma Experiência Angolana”
Prof. Ruy Duarte de Carvalho

12 de Abril de 2007
“Tortura nas Prisões: um Património de Silêncio nas Ciências Sociais”
Prof. António Pedro Dores

8 de Maio de 2007
“Felizes da Fé: Memórias de uma Gloriosa Geração Lisboeta”
Prof. Rui Zink

19 de Junho de 2005
“O Litoral Português: um Património em Risco”
Profª. Maria Ana Viana Baptista

18 de Setembro de 2007
“Luiz Pacheco: Autopatrimonialização da Matéria de Escrita”
Drª. Isabel Boavida

16 de Outubro de 2007
“A Propósito da Patrimonialização da Baixa Pombalina”
Profª. Joana Cunha Leal

13 de Novembro de 2007
“A Arquitectura do Carbono: uma Critica Ecológica ao Modernismo”
Arq. Alberto Castro Nunes

11 de Dezembro de 2007
“Histórias de Contrabando na Raia Mirandesa”
Profª. Ana Isabel Afonso

15 de Janeiro de 2008
“O Papel do Património”
Profª. Marieta Sá Mesquita

12 de Fevereiro de 2008
“Identidades Múltiplas no ‘Bairro Português’ de Malaca”
Prof. Brian O’Neill

Pintura
Katinka Kamatson
http://www.katinkamatson.com/
Imagem publicada por GI
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Pálida - branca como lírios
como a túnica alvinitente
dos condenados,
minha alma veste a alva dos suplícios
para enfrentar a inexistência
do teu amor!
A ausência de cor, o vazio
e o silêncio
a Tristeza em acto de contrição
é a Alegria que emudece,
diante da minha sensibilidade,
embrutecendo a verdade que temo
[enfrentar
ao duvidar se terei de ti
o que espero!
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Branco!
É a falta do teu amor por mim.
É o nada em ti
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Poema de Cassandra Rios - pseudónimo de Odete Rios (1932-2002)
“Anjos não somem - revezam-se!”
Não tinhas
nome.
Existias
como um eco
do silêncio.
Eras
talvez
uma pergunta
do vento.


Albano Martins

quarta-feira, 13 de junho de 2007


uno pontos de um imaginário como gotas de um fluxo sem leito ...
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fixação NESTE Mar Interior

terça-feira, 12 de junho de 2007

Musée des Confluences
Ouverture prévue pour 2009. Visite virtuelle en 3D du musée des Confluences que construit le Département du Rhône au confluent du Rhône et de la Saône. Musée de sciences et de société.
_________________


http://www.rhone.fr/noheto/statique/museedesconfluences/museum.htm
sobre este museu, sugestiva nave da ciência e do conhecimento, projectado na confluência de dois rios, sobre um território em mudança, a caminho do futuro ...

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