domingo, 30 de setembro de 2007


Fotografia d`aqui


ociosamente

( ... ) senta mermão e contempla comigo o vazio do ócio. Vais ver que ainda vão dizer que estar aqui a debitar umas conversas contigo não é trabalho, ...

Palavras de Carlos Carranca
in http://sanzalando.blogspot.com/2004/11/ociosamente-cio.html

LUA . LINDO ...


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Tributo ao Dia Mundial da Música




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Luís Herberto, 2007; estudos, 30 x 30 cm, óleo s/ tela

"ESTA É A MINHA PAISAGEM"

Exposição colectiva subordinada ao tema da Paisagem... António Santos é Mestre em Desenho pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, com a tese "As paisagens do Desenho. Características Formais do Desenho de Paisagem."Ana Pascoal, António Santos, Carlos Farinha, Eduardo Nunes, Gilberto Gaspar, Luís Herberto, Marco Costa, Pedro Marcolino e Rodrigo Baeta

Até 26 de Outubro.

Centro Cultural Municipal de Bragança Praça da Sé 5300-902 Bragança

sexta-feira, 28 de setembro de 2007


Fotografia http://www.cravoneto.com.br/


Ruidos confusos, claridad incierta
Otro día comienza.
Es un cuarto en penumbra
y dos cuerpos tendidos.
En mi frente me pierdo
por un llano sin nadie.
Ya las horas afilan sus navajas.
Pero a mi lado tú respiras;
entrañable y remota
fluyes y no te mueves.
Inaccesible si te pienso,
con los ojos te palpo,
te miro con las manos.
Los sueños nos separany
la sangre nos junta:
somos un río de latidos.
Bajo tus párpados madura
la semilla del sol.

El mundono es real todavía,
el tiempo duda:
sólo es cierto
el calor de tu piel.

En tu respiración escucho
la marea del ser,
la sílaba olvidada del Comienzo.
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" Antes del comienzo "

Octávio Paz

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mestre Nadir Afonso na Galeria do DN




" Futuro "

Nadir Afonso, " Futuro ", uma exposição com obras recentes do artista plástico Nadir Afonso, inaugura hoje na Galeria Diário de Notícias, em Lisboa. (... )
Nadir Afonso é um homem que assume a pesquisa estética como um espécie de demanda da pedra filosofal. "O pintor procura a harmonia, que é a lei matemática que está nas formas", sustenta. Aos 87 anos, diz-se "assumidamente pessimista" e admite que sempre que vê um dos seus quadros continua a sentir necessidade de retocá-lo.

http://jn.sapo.pt/2007/09/20/cultura/nadir_afonso_inaugura_futuro_galeria.html

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terça-feira, 25 de setembro de 2007




"la Llorona" extraído de la película FRIDA....

Fotofrafias de

Gabriel Freixo, surfista de 25 anos ...
Esta notícia deixou-me suspensa, com um aperto na garganta. Deixou-me triste.
Acho que um surfista é alguém muito especial.
Alguém imenso, destemido e poético. Mesmo assim, vulnerável.
Comovente, como as ondas do mar ...
Gabriel é nome de anjo
e ... os anjos são eternos.

sábado, 22 de setembro de 2007


Arca Russa, imagem do filme de Russkiy Kovcheg, 2002

VISITA GUIADA

Exposição do Hermitage em Lisboa
http://www.hermitagemuseum.org/html_En/03/hm3_10-1.html


Exposição do Museu Hermitage, aberta ao público partir de 26 de Outubro 2007.
No Palácio da Ajuda, galeria D. Luís I

"Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage - de Pedro, o Grande, a Nicolau II"

A exposição, que será inaugurada pelos presidentes da Rússia e de Portugal a 25 de Outubro, abre ao público do dia seguinte, na galeria D. Luís I, restaurada para o efeito. Ficará patente ao público até 17 de Fevereiro de 2008.

Para viabilizar este grandioso evento, o Ministério da Cultura assinou um protocolo com o BCP, ao abrigo do qual o banco se constitui como mecenas principal da exposição, contribuindo para esta com a quantia de 400 mil euros, que será paga em duas vezes até ao final de Janeiro de 2008.

Será a primeira de três exposições com peças do Hermitage a realizar em Portugal até 2010, data em que está prevista a abertura de um pólo permanente do museu russo em Portugal.

O comissário científico da exposição, Fernando António Baptista Pereira, disse a propósito :

"Nunca houve no estrangeiro uma exposição tão grande do Hermitage", (...) a mostra abrange dois séculos e o "centro artístico" da exposição é a pintura, com muitos retratos de figuras da história russa e imagens da cidade de São Petersburgo e da sua evolução.
Haverá também trajes, peças de mobiliário, de ourivesaria, incluindo jóias e peças religiosas, obras de Fabergé para a casa imperial, dois trenós reais (um dos quais de criança) e vários objectos de decoração."


A exposição centra-se na diversidade das personagens reais e na riqueza da vida de corte da dinastia imperial dos Romanov, que abriu a Grande Rússia à Cultura Europeia

Organizada cronologicamente, abre com a evocação do reinado de Pedro, o Grande, fundador de São Petersburgo.

Prossegue com o reinado de Elisabeth, filha de Pedro I, no apogeu do Iluminismo, vindo mais tarde o reinado de Catarina, que alcançou o trono depois da destituição do seu marido, Pedro II.
O último dos czares da dinastia Romanov, Nicolau II, que seria assassinado com a sua família, na sequência da revolução de 1917, terá o seu reinado representado nesta exposição com vários objectos ligados à corte, uma jóia desenhada por Fabergé para a Exposição Universal de Paris com as insígnias imperiais e retratos do príncipe herdeiro e das irmãs.

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A não perder ... VISITA GUIADA


O Programa do XII Atelier Internacional do MINOM prevê, no Domingo, dia 28 de Outubro, uma visita guiada à exposição, destinada aos inscritos e convidados no referido atelier, por Fernando António Baptista Pereira, comissário científico da exposição Hermitage, em Portugal.



Programa MINOM e inscrições aqui http://www.musealogando.blogspot.com/

O POETA ALBERTO LACERDA

retratado (em 1983) pelo pintor Jorge Martins _________________



Retrato de Albert Lacerda, 1971, Arpad Szenes
Da Literatura (blog)
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Quero que as pátrias todas vão passear
Até ao Jardim Decente
E voltem depois não como pátrias
Mas como gente.

Alberto de Lacerda (Moçambique 1928- Londres 2007)

Especial Identidad - Revista de Antropologia

http://www.naya.org.ar/

El Proyecto Noticias de Antropología y Arqueología.
Por Claudia María Cóceres
Homenaje: Darcy Ribeiro
La Evolución Circular del Estornudo. Por Joaquin A. Barrio
Tendencias del Estudio del Folklore. Por Celso Lara Figueroa
Toponimias: Evidencias de la lengua Culle en Sinsicap. Por Manuel Flores Reyna
Puntas de Proyectil en San Benito (Cajamarca)
Arqueología del Sistema Cavernario Cuchillo Cura. Por Walter Calzato

Lo "Porteño", lo "Barrial" y lo Idéntico. Por Mónica Lacarrieu
El Otro Urbanizado: Inscripción de lo Indígena en el Espacio-Tiempo Nacional. Por Vivian Spoliansky
Medios de Comunicación y Folklore. Por Ana Cousillas
Folklore, Rock e Identidad. Por Claudio Abraham
Etnicidad y Cambio Cultural entre los Yanaconas. Por Carlos Vladimir Zambrano
Peruanos y Coreanos: Construcción de Subjetividades Inmigratorias. Por Corina Courtis, Laura Santillán
Sectores Populares y Estrategias Simbólicas. Por Erica Lander
La Elite Incaica Frente a la Conquista. Por Gonzalo Lamana
Construcción y Reconstrucción del Yo en la Realidad Virtual. Por Sherry Turkle
Integración Transnacional y Emergencia de los Neohuarpes. Por Diego Escolar
El Elenco Estable de Actores como Espacio de Inserción Laboral. Por Veronica Pallini
Los Indígenas y el Congreso de la Nación Argentina 1880-1976. Por Diana Lenton
Construcción de la Identidad del Bellavistense Tipo. Por Carolina Córdoba
Juegos de Reconocimiento e Invención de Identidades. Por María Carman
Antropología, Identidad y Políticas Culturales. Por Rubens bayardo
La Problemática de la Identidad en el cruce de la Antropología y la Historia. Por Guillermo Wilde
Adscripción Religiosa e Identidad de Género. Por Ana María Spadafora
Identidad y Procesos de Construcción de Hegemonía. El caso Mapuche de Colonia Cushamen. Por Ana Ramos
Propuestas para una antropologia Argentina. Por Cristina Bellelli
Base de Datos de la Lista ANT-ARQ
Diccionario de Mitos y creencias (10ma Parte)
Listas de Discusión de Antropología y Arqueología
Agenda
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Mais AQUI

solenemente ...


O tempo pergunta ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
E o tempo responde ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

http://www.museu-da-pessoa.net/
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A Associação Museu da Pessoa, com sede na Universidade do Minho, em Braga, está a organizar o Portugal Memória em Rede - II Congresso Nacional de História Oral, nos dias 25, 26 e 27 de Outubro de 2007, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez.

As datas para submissão dos resumos dos papers para o Portugal Memória em Rede - II Congresso Nacional de História Oral, foram alteradas.

Este evento, que tem como principal objectivo, divulgar, reflectir e agir em torno da História Oral e da Memória, é organizado pela Associação Museu da Pessoa, com sede na Universidade do Minho, em Braga, e decorrerá nos dias 25, 26 e 27 de Outubro de 2007, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez.
Assim, através de uma programação variada e dinâmica, pretende-se criar uma simbiose entre ideias, pessoas e projectos, no sentido de promover sinergias que viabilizem futuras redes de colaboração.
Com este Congresso pretende-se, para além da apresentação de trabalhos realizados (papers), a criação de grupos de trabalho, mediante áreas de interesse comuns.A partilha de experiências e metodologias de trabalho será o objectivo principal destes grupos, que permitirão, aos participantes, compreender diferentes abordagens inerentes a temáticas / áreas de trabalho semelhantes.
Através da plataforma http://memoriaemrede.museu-da-pessoa.net poderá ter acesso às informações relativas ao Congresso e às regras para submissão dos papers.Sem outro assunto de momento, atenciosamenteLiliana Monteiro

“ Nunca leste nenhum dos livros que queimas ? ” _______ Fahrenheit 451


Declaran los infieles que si ardiera, ardería la historia. Se equivocan. Las vigilias humanas engendraron los infinitos libros...

Jorge Luis Borges, Alejandría, 641 A.D., in Historia de la noche, 1977




A UNESCO DECLAROU
PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE :
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No próximo dia 28 de Setembro terá lugar na Biblioteca Nacional de Cuba , um fórum interativo com intelectuais cubanos e estrangeiros sobre :
"A Diversidade do Patrimônio Cultural Mundial: Expressão do Tesouro Cultural dos Povos."

Pode aceder através do portal:

quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Tarrafal: projecto de musealização


Campo de Concentração do Tarrafal
Portugal e Cabo Verde vão iniciar o projecto de musealização do antigo campo de concentração do Tarrafal, antiga colónia penal portuguesa, acutalmente semi-abandonada.

in “Primeiro de Janeiro”

Publicado por apat

demu@iphan.gov.br

Recebi agora, por e-mail, a oferta de formação proposta pelo Departamento de Museus e Centros Culturais DEMU-IPHAN Brasil, para o próximo ano. Este programa destina-se aos museólogos de todos os Estados brasileiros.
Achei de tal forma interessante a oferta e oportunas as matérias propostas que resolvi transcrever integralmente a " ementa das oficinas ", por aquilo que ela reflecte de avanço no pensamento museológico e estímulo à inovação nos museus.

Programa de Formação e Capacitação em Museologia - ANO 2008
( em português do Brasil )
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MUSEU, MEMÓRIA E CIDADANIA
conceito de Museu e Museologia. Museus: do templo ao fórum. A trajetória dos museus no Brasil: do século XVII ao XX. Os museus no mundo contemporâneo. A museodiversidade e a imaginação museal. Museus: lugares de memória, de esquecimento, de poder e resistência. Museu, desenvolvimento e cidadania: a dimensão sociocultural, política e econômica dos museus. A Política Nacional de Museus.

PLANO MUSEOLÓGICO: IMPLANTAÇÃO, GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DOS MUSEUS.
Conceitos de museu e museologia. Conceitos de projeto, programa e plano museológico. O plano como trabalho coletivo: importância, vantagens e limites. Metodologia para elaboração e implantação do plano museológico. Identificação da missão institucional: finalidades, valores, metas e funções. Identificação de públicos e parceiros. Critérios para avaliação do plano museológico. O diálogo entre o plano museológico e a Política Nacional de Museus. Legislação e documentos institucionais: ata de fundação, decreto de criação, estatuto e regimento interno. Códigos de ética do Conselho Internacional de Museus e do Conselho Federal de Museologia.

ELABORAÇÃO DE PROJETOS E FOMENTO PARA A ÁREA MUSEOLÓGICA
Museu: dinâmica conceitual. Definição de museus adotada pela Política Nacional de Museus. Funções dos museus: preservação, investigação e comunicação. Projeto e fomento: conceitos básicos. O passo a passo para a elaboração de projetos. A importância do planejamento e da metodologia. A política de editais: exemplos práticos. Fontes de financiamento e captação de recursos. O papel das Associações de Amigos e de Apoio aos Museus.

AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS
Teoria e prática da ação educativa em museus. Museus, educação e patrimônio: desafios contemporâneos. Antecedentes históricos da relação entre educação e museu. Ações educativas nos museus e correntes pedagógicas. Programas museus e escolas, museus e professores, museus e comunidades. Os museus e o ensino das artes, dos ofícios e das ciências. Museu, educação e cidadania: o compromisso social.

CONSERVAÇÃO DE ACERVOS
Os museus e suas funções. Conceitos de preservação, conservação e restauração. Breve histórico da preservação de bens culturais. Fatores de degradação: ação humana, condições ambientais, ataques biológicos e reações químicas. Documentação e conservação preventiva: elaboração de diagnóstico e plano de conservação. Procedimentos técnicos e rotinas de acondicionamento, manuseio, embalagem e transporte. Política de conservação de acervos.


GESTÃO E DOCUMENTAÇÃO DE ACERVOS.
Museu, Museologia e Museografia. A importância da documentação museográfica. Documentação e pesquisa nos museus. Processamento técnico, preservação e gestão da informação. A construção de bases de dados. Sistemas informatizados disponíveis no Brasil para tratamento de informações. Inventário e catalogação. A construção de redes de informação. Política de documentação: da aquisição ao descarte.

TREINAMENTO DE EQUIPES ADMINISTRATIVAS E DE APOIO
Museu: dinâmica do conceito. Diferentes tipologias de museus. Definição de museus adotada pela Política Nacional de Museus. Funções básicas dos museus: preservação, investigação e comunicação. Organogramas e funcionamento. O papel das equipes administrativas e de apoio. A imagem do museu e suas equipes. O caráter público dos museus. Serviços, usuários, beneficiários e bom atendimento. Cuidados básicos com os bens culturais. A importância do público e do trabalho comunitário. Qualidade do museu e qualidade dos serviços. Política de qualificação profissional.

EXPOGRAFIA
Conceitos de museu, museologia e museografia. O que é expografia. Exposição e comunicação museal. Tipologias de exposição. Exposições de curta, média e longa duração. A linguagem das exposições nos museus. Elementos e recursos expográficos: espaço, suportes, forma, cor, som, luz, texturas, imagens, textos e outros. Técnicas e materiais apropriados para exposição. O discurso expográfico. Exposição e conservação. As exposições e seus diferentes públicos. Diferentes processos de documentação e divulgação da exposição. Pesquisa e avaliação: usuários e beneficiários, resultados alcançados e impacto social das exposições.

ARQUITETURA EM MUSEUS
Conceitos de arquitetura e de museu. Arquitetura e conservação de acervos. A relação entre as funções dos museus (preservação, investigação e comunicação) e a arquitetura. Edifícios adaptados e edifícios construídos especialmente para museus – exemplos. A relação entre as funções dos museus e a preservação dos edifícios históricos que os abrigam. Parâmetros básicos para conservação e acréscimos em edifícios e sítios de valor cultural. Componentes das edificações: sistemas construtivos, estruturas, instalações, equipamentos, parâmetros de segurança, acessibilidade e conforto ambiental. Organização espacial: fluxos, usos e serviços. Normatização vigente.

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE MUSEUS
Histórico da criação do Sistema Nacional de Museus (1986). Política Nacional de Museus: histórico, elaboração, legislação. Criação do Sistema Brasileiro de Museus: criação, formação do Comitê Gestor, legislação, funções e atuações. Histórico da criação de Sistema Estadual de Museus: exemplo SEM do Rio Grande do Sul: antecedentes, legislação, decreto de criação, formação do SEM/RS, ações e atuações. Orientações jurídicas e encaminhamentos. Exemplos de organização do setor museológico em Portugal e Espanha.


Museus e Turismo
Definição de Turismo como fenômeno econômico, espacial e social. Composição do Produto Turístico. Mercado Turístico. Turismo Cultural: práticas européias x práticas latino-americanas. Literatura de referência. Cidades, cidadãos, turismo e lazer. Políticas públicas de cultura e turismo. Museus como destino de lazer e de turismo. Pesquisas de perfil de visitantes e de níveis da satisfação. Estudos de casos.

Segurança em museus
Conceitos de segurança: patrimonial, empresarial e mecânica. Ações preventivas: roubo, furtos, incêndio e vandalismo. Diagnósticos e mapeamento das áreas de risco dos museus. Treinamento e sensibilização dos funcionários. Prevenção e combate a incêndio. Monitoramento eletrônico. Controle de acesso de público às áreas restritas. Segurança nas áreas expositivas e nas reservas técnicas. A documentação como segurança: inventário, catalogação e registro fotográfico. Housekeeping. Laboratório: plano de segurança.

Museus e novas tecnologias de informação
Conceito de museu e museologia; breve histórico da internet; criação e gerenciamento de listas de discussão; visão geral sobre blogs, sistemas de redes sociais na Internet (orkut), tecnologias streaming, estações de rádio na Internet (e-Radio); envio de e-mails para muitos destinatários (mass-mailing); criação e hospedagem de sites; linguagens comuns e programas de edição HTML (WYSIWYG); sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS); criação de domínios de Internet (DNS); criação e gerenciamento de fóruns (PHP).


ESTUDOS DE PÚBLICO
Conceito de museu e museologia; metodologias para pesquisas de público em museus; procedimentos para implantação de questionários; implantação do Observatório de Museus e Centros Culturais; tratamento e análise
de dados.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Exposição. Brevemente no Museu do Trabalho ...



Varinos, nós ?
Como musealizar um sentimento ...


“O objecto só tem existência no gesto que o torna tecnicamente eficaz”
( A . Leroi – Gourhan)


Mas então, que objectos são esses que nos propomos apresentar nesta exposição ? Que gestos ou, mais precisamente, que gestualidades, os tornam significativos ? Que subtilezas lhes conferem emoção ? Como musealizar um sentimento ... eis a questão.
O desafio era gerar novos conhecimentos e suscitar inquietação relativamente a uma categoria identitária – os varinos, em Setúbal, aparentemente cristalizada num beco histórico. Ora, tendo como lastro o aturado trabalho de campo realizado por Marta Ferreira e Ricardo Lousa, finalistas de Antropologia da Universidade Nova de Lisboa, em estágio académico no Museu do Trabalho Michel Giacometti, procurámos transpor para uma linguagem museográfica , um dos aspectos mais marcantes deste estudo. A identificação de “ um sentimento varino “, algo difuso, de difícil definição, desgastado pelo tempo, de que nos falam algumas pessoas, de várias gerações, ligados a famílias de origem murtoseira que migraram para Setúbal desde meados do século XIX, em demanda de trabalho nas pescas e nas conservas de peixe.
A identificação desta identidade, tantas vezes patenteada como um pitoresco “ bilhete-postal” carece de redefinição. Carece de perguntas para as quais raramente encontramos respostas nas palavras ditas. Hoje, quando perguntamos aos nossos informantes, o que é e como se distingue um varino , reportam-se a coordenadas de espaço/tempo – alguém que habita algures entre as Fontaínhas e o Bairro Santos Nicolau, que tem ascendentes na Murtosa e que vivia de certa maneira, segundo certos princípios ... hoje, muito difíceis de identificar e quase impossíveis de materializar expograficamente..
A questão está em que os tempos mudaram e a ideia idealizada do pescador “bilhete postal” de camisa de xadrez e boné também se alterou. Assim sendo, urge questionar que auto-representação têm os mais jovens desta suposta identidade varina, que imagem têm os setubalenses, em geral, do tão aclamado pescador de Setúbal .
Pergunta-se mesmo à laia de provocação – constituiria motivo de interesse etnográfico, pretexto fotográfico, bandeira turística ou tema patrimonial, um jovem pescador que de manhã navega no rio e à tarde na internet ? Alguém aparentemente indistinto, que usa calças “ Lois”, polos “ Lacoste “ e óculos “ Ray Ban ” cabe no nosso imaginário de pescador ?
Em que cartografia da memória se inscreve este homem? Em que paisagem humana o fantasiamos ? Que futuro lhe vaticinamos ? E ele, como se sentirá neste tempo ambíguo ?
Esta personagem, paradigma de muitas outras, não é uma ficção, tem uma existência real na comunidade marítima local, sintetizada na história de vida do elo mais jovem de uma das cinco famílias de varinos por nós estudadas.
Por imposição dos tempos, por mimetismo social, em resposta a novas necessidades e funcionalidades da vida moderna, este pescador de novo tipo, cortou as amarras com os estereótipos, perdeu definitivamente os sinais exteriores de exotismo, ditados pelo vestir, pelo falar e pelo estar. Habita hoje outro espaço na cidade, portanto é dentro de si próprio que temos que ir descobrir o tal “ sentimento varino “que vem à baila, quando nos fala da infância no Bairro Santos, dos magotes de rapazes que percorriam a pé a cidade, dos tempos passados com o pai na pesca, da ritualização dos costumes, do bater das cartas nas tabernas. É alguém que se sente filho do mundo contemporâneo, membro da comunidade global, mas ciente e seguro de uma origem determinada que o engrandece e ancora a um passado marcante. Falou-nos do alto dos seus trinta e cinco anos de idade, da enorme vontade de deixar tudo (actualmente é mestre de rebocadores), e seguir as pegadas do pai, investir na velha embarcação da família, uma barca chamada “ Alice dos Santos “ (nome da avó), vezeira nas Festas da Troia e zarpar, mar dentro, a capturar chocos, lulas, linguados, etc., seguindo a tradição da família, sem abdicar da companhia do moderno pc portátil que o atira para as velozes ondas do mundo, quando as águas do rio estão mais paradas e o peixe teima em não aparecer.
Assim, voltando à questão como musealizar um sentimento, neste caso “um sentimento varino “, optámos por pedir a cada família que escolhesse um objecto significativo da herança varina, com o intuito de apresentar cinco objectos com “ estória “, de significante memória. Surgiu um problema – homens e mulheres não convergem nessa escolha. Então mudámos as regras e combinámos expor dois objectos por cada família, um escolhido pelos homens e outro pelas mulheres. Também cada família retirou do álbum as fotografias mais significativas para expormos no museu. Tudo será legendado com a participação dos nossos interlocutores e na sua forma de contar. Mas alguns, sobretudo os mais velhos, não sabem ler ... assim filmámos, para acesso visual, o que nos disseram sobre os respectivos objectos, as significações e gestualidades associadas. Então, foi muito interessante descobrirmos o que, nem sempre, as palavras explicam. A exemplificação gestual do uso de um simples xaile preto de merino, com franjas de seda, guardado há cerca de noventa anos, no seio de uma das mais antigas famílias, mostra-nos que este assume distintas formas de se fazer ao corpo, consoante a ocasião e a disposição. Uma linguagem simbólica subtil, provavelmente um traço da identidade varina (a confirmar em estudos comparados), reconhecido entre as mulheres da comunidade, passado de geração em geração, num vendo/fazendo quase mudo, que se vai entranhando. Uma memória singular, sedimentada nos gestos : - “o xaile para o dia-a-dia”, caído pelo corpo sem artifícios ; “o xaile para festa”, alegre, descaído sobre os ombros ; “o xaile para a missa” e o “xaile para sentimento “ que, em sinal de respeito ou de luto, tapa a cabeça e aconchega a dor.

Os objectos nesta exposição apresentam-se como que fragmentos de um "relicário"de família, mote para desfiar “ estórias “, âncoras de memórias, contornos de um “sentimento varino “ que talvez um dia venhamos a compreender.
Por essa mesma razão começámos este texto com um ponto de interrogação - Varinos, nós ? Pois assim se interrogam os mais jovens, surpreendidos com a persistência deste epíteto, tão longe vai o tempo da varinagem ; acabamos com reticências ... em sinal de continuação.

Isabel victor, Museu do Trabalho Michel Giacometti

in catálogo exposição " Varinos, nós ? "




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Apareçam ! Próximo Sábado, dia 29, ás 15-00h
Museu do Trabalho Michel Giacometti

RPM - Museu do Trabalho Michel Giacometti

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Ainda a propósito de comunidades marítimas do litoral português, culturas, identidades e representações sociais, achei muito interessante este estudo O TRABALHO FAZ-SE ESPECTÁCULO: A PESCA, OS BANHOS E AS MODALIDADES ...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Foi a Maria que escolheu estas flores ...


“toda a beleza nos animais e nas plantas é uma forma silenciosa e permanente de amor e desejo e pode ver o animal como vê as plantas, unindo-se e multiplicando-se e crescendo pacientemente, docilmente, não do prazer físico, não do sofrimento físico, curvando-se às necessidades que são maiores do que o prazer e a dor e mais fortes do que a vontade e a resistência. […] Por causa de um verso, tem de se ver muitas cidades, pessoas e coisas, tem de se conhecer os animais, tem de se sentir como os pássaros voam e de saber os gestos com que as pequenas flores se abrem pela manhã”.


Rainer Maria Rilke

segunda-feira, 17 de setembro de 2007


Nos dias 26 e 27 de Setembro, no Centro Cultural de Belém, tem lugar um Fórum Cultural, iniciativa do Ministério da Cultura, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.
O objectivo desta reunião será o de suscitar o debate em torno de 3 questões essenciais: A Diversidade e o Diálogo Intercultural, A Economia da Cultura e a Projecção da Europa Cultural nos demais Continentes e de fomentar uma primeira discussão entre os membros do Conselho sobre a comunicação aprovada em Maio passado, pela Comissão Europeia, relativa a uma Agenda Europeia para a Cultura num Mundo Globalizado.
Para este feito pretende-se, através do Fórum, fazer uma ampla consulta a representantes da sociedade civil provenientes das diversas áreas do saber, de modo a que as suas conclusões venham a ter reflexo no plano da acção europeu que na área da cultura deverá ser adoptado nos próximos anos.

O resultado deste Fórum, será apresentado aos decisores políticos no Conselho Formal dos Ministros da Cultura que deverá realizar-se em Novembro.

Para mais informações e inscrição consulte o site www.culturalforum.pt
A mais recente edição da Revista do Patrimônio, do Iphan, traz artigos inéditos sobre a transformação das linguagens museográficas, a musealização de sítios arqueológicos, o papel social dos museus, sua dimensão enquanto espaços de representação social, além de questões de gestão e o desenvolvimento de acções educativas. Completam a edição documentos e ensaios de - Rodrigo Melo Franco, Mario e Oswald, Lygia Martins Costa, Paul Valéry, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, oferecendo uma densa e poética interpretação acerca da natureza simbólica do espaço museológico.
Publicações do Iphan- telefone: 61 3414.6101 (Brasil)

Revista Oralidad, publicada desde 1988, Oficina Regional da Cultura, Caribe - UNESCO

Ver indice
Descargar (.pdf) (.doc)


in : http://www.lacult.org/inmaterial/indice_oralidad.php?lg=1

CONFERÊNCIAS DO PROF. JOHN URRY

(catedrático de Sociologia na Universidade de Lancaster, UK

um dos mais destacados sociólogos actuais)


NA FACULDADE DE LETRAS DO PORTO

(iniciativa do DCTP- FLUP com o apoio do British Council)

Ambas às 18 horas, anfiteatro 1 da FLUP


27 Setembro, quinta – PLACES OF AFFECT. TOURISM AND HERITAGE (Lugares de Afecto. Turismo e Património)


28 Setembro, sexta – MOBILITIES AND THE SOCIAL SCIENCES (As Mobilidades e as Ciências Sociais)


domingo, 16 de setembro de 2007




perco-me neste mundo ...

probably ... a voz, marca !



"Probably the Best Beer in the World"
(VOZ de Orson Welles)




Encantos ...


Casa de sol onde os animais pensam
erguida nos ares com raízes na terra
ampla e pequena como um pagode
com salas nuas e baixas camas
casa de andorinhas e gatos nos sótãos
grande nau navegando imóvel
num mar de ócio e de nuvens brancas
com antigos ditados e flores picantes
com frescura de passado e pó de rebanho
só casa de sonos e silêncios tão longos
e de alegrias ruidosas e pães cheirosos
ó casa onde se dorme para se renascer
ó casa onde a pobreza resplende de fartura
onde a liberdade ri segura



António Ramos Rosa
In: Voz Inicial, 1960

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Um pintor de Goa no Museu Soares dos Reis


António Xavier Trindade (http://www.ngmaindia.gov.in/)


O Museu Nacional Soares dos Reis apresenta, a partir do dia 6 de Setembro, 31 obras do pintor goês António Xavier Trindade (1870-1935). A mostra inclui telas, desenhos e esboços das décadas de 20 e 30 do século, estando patente ao público até ao próximo dia 31 de Outubro.Uma das características da obra de Xavier Trindade é o retrato do quotidiano da Índia, repreesentado através das técnicas e métodos de trabalho do classicismo e naturalis o europeus.
Julho 27th, 2007 - Publicado por apat exposições

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Gostei ...
O problema não é inventar.
É ser inventado hora após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O diminutivo é o que aperta o mundo ...


EE"Benedito Lázaro de Campos" - OUVIR

O substantivo
É o substituto
Do conteúdo
O adjetivo
É nossa impressão
Sobre quase tudo
O diminutivo
É o que aperta o mundo
E deixa miúdo
O imperativo
É o que aperta os outros
E deixa mudo

Um homem de letras Dizendo idéias
Sempre se inflama
Um homem de idéias
Nem usa letras
Faz ideograma
Se altera as letras
E esconde o nome
Faz anagrama
Mas se mostra o nome
Com poucas letras
É um telegrama

Nosso verbo ser
É uma identidade
Mas sem projeto
E se temos verbo
Com objeto
É bem mais direto
No entanto falta
Ter um sujeito
Pra ter afeto
Mas se é um sujeito
Que se sujeita
Ainda é objeto

Todo barbarismo
É o português
Que se repeliu
O neologismo
É uma palavra
Que não se ouviu
Já o idiotismo
É tudo que a língua
Não traduziu
Mas tem idiotismo
Também na fala
De um imbecil

José Miguel Wisnik Lyrics
Gramática Lyrics

Património cultural imaterial

O Governo adoptou (...) em Conselho de Ministros uma proposta de resolução que aprova a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial estabelecida pela UNESCO em 2003.
A proposta do Executivo deverá agora ser submetida à aprovação da Assembleia da República para concluir o processo de adopção por parte de Portugal daquela convenção destinada a proteger o património cultural imaterial, indicou a presidência do Conselho de Ministros em comunicado. A AR retoma os seus trabalhos a 13 de Setembro.
Aprovada em Outubro de 2003, na 32.ª sessão da conferência geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a convenção internacional entrou em vigor em Abril de 2006.
Nos termos da convenção, considera-se património cultural imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões - bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados - que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural”.
Criada para “situar o Património Imaterial a uma escala condigna, suprindo alguma menor atenção do passado”, a convenção reflecte a intenção da UNESCO de “instituir uma base programática multilateral e criar um quadro de cooperação que compreende órgãos próprios, um Fundo do Património Cultural Imaterial e formas adequadas de assistência e salvaguarda dos bens imateriais mais representativos do património cultural da humanidade”, sublinhou a presidência do Conselho de Ministros.
“Esta convenção exprime uma maior exigência por parte da comunidade internacional, em especial da UNESCO e dos seus Estados membros, com o Património Cultural Imaterial, perante os riscos emergentes da globalização, do turismo de massas, dos conflitos armados regionais e da crescente vulnerabilidade do mundo rural”, lê-se ainda no comunicado.
23 de Agosto de 2007 18:10 LusaFonte: Barlavento Online
Posted in Intangible Cultural Heritage, Portuguese Legislation

terça-feira, 11 de setembro de 2007





"Muitos de nós juntam-se sob o mesmo sol resplandecente, falando línguas diversas, vestindo indumentárias diferentes e até mesmo possuindo crenças distintas. Contudo, nós todos somos idênticos como seres humanos e individualmente únicos. Desejamos todos, indistintamente, a felicidade e não o sofrimento."


segunda-feira, 10 de setembro de 2007


Até sempre !

Quase divino ...

Ashes and Snow- Feather to Fire
Ashes and Snow Gregory Colbert Nomadic Museum Feather to Fire Laurence Gregory Colbert has used both still and movie cameras to explore extraordinary interactions between humans and animals. This excerpt is entitled Feather to Fire, and is narrated in three languages (mais)
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gregory colbert - great images of nature II
Tanita Tikaram: Cathedral Song





Gostei imenso do filme.
E da voz, claro !
Mas, sobretudo, do filme.

Imaginei-(me) num certo Sul ...

domingo, 9 de setembro de 2007


Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo
aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
– já me aconteceu antes.

Pois sei que
– em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade –
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

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A lucidez perigosa
Clarice Lispector


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quinta-feira, 6 de setembro de 2007


Imaginam que os pais de uma criança desaparecida possam sentir grande disposição para dar entrevistas semanais à imprensa cor-de-rosa, posando sentados em sofás caros, e no chão, sobre almofadas, lendo as inúmeras cartas de apoio recebidas e espalhadas pela carpete?! Embora me esforce por me sentir na pele dos outros - é um exercício que realizo para conseguir situar-me imparcialmente face às situações - nunca imaginaria tal coisa. O meu horizonte emocional não o permitiria. Nunca vi pais de crianças portuguesas desaparecidas aparecerem senão em notícias de jornal, reclamando sobre a impotência dos meios disponibilizados para investigar os respectivos casos.No entanto, na última semana deparei-me com três ou quatro capas da Lux, Gente, Caras, etc. alimentadas pela imagem dos pais de Maddie, ampliando a brutal campanha de marqueting pessoal que têm levado a cabo nestes meses. A vida dos pais de uma criança desaparecida tornou-se uma notícia de sociedade. Um caso muito negro enche páginas cor-de-rosa. Os pais da criança são igualmente cor-de-rosa: médicos lourinhos, branquinhos, magros e bem relacionados. Não gostamos deles, pois não. Como poderíamos?! Não está em causa se têm alguma culpa no caso. Isso transcende-me. Supreeender-me-ia bastante que os pais de uma criança aparentemente tão desejada, a ponto de ser concebida com recurso à procriação medicamente assistida, pudessem de alguma forma estar envolvidos em cenários tão macabros como os que os comentadores, e alguns jornais, sugerem. Os pais de Maddie poderão estar inocentes como anjos. Mas, na nossa cultura, os pais desesperados não têm assessores de imprensa que 'mandam dizer' aos jornalistas. Que decidem pronunciar-se, ou não, conforme estes se portam bem ou mal, ou seja, conforme lhes são mais ou menos favoráveis. Se calhar sou eu que sou antiquada, mas na nossa cultura os pais desesperados não se passeiam em carros de luxo nem acedem a vivendas a estrear, emprestadas. Na nossa cultura os pais desesperados não são recebidos pelo responsável do quartel-general das investigações sobre desaparecimentos, nos EUA. Nem pelo papa. Não fazem tours pelo mundo, como se fossem embaixadores da UNICEF. Na nossa cultura, os pais desesperados desesperam, e os de Maddie parecem-nos tão calmos e conformados com a demora nas investigações. Imagino que seja efeito dos calmantes com que se automedicam. Sinceramente, espero que tanta serenidade seja trabalho do Xanax e do Sedoxil. Isso poderia compreender. Quanto ao resto, gostaria que o peluche de Maddie que a mãe transporta para todo o lado, nas mãos, pudesse falar. E fala, não fala? Parece-me que fala.
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(copiei este texto, certinho e direitinho, para as folhas do caderno porque, várias vezes, pensei escrever exactamente isto e nunca o fiz. Em conversas informais manifestei a minha incompreensão relativamente à performance deste casal. Subscrevo inteiramente o sentimento aqui enunciado pela Isabela. Como não conseguiria fazer melhor ... copiei !)

Publicado por Isabela em Quarta-feira, Setembro 05, 2007
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Foto: Luís Forra/Lusa

terça-feira, 4 de setembro de 2007


Ver-te dourava
o corpo da pupila.
A sombra. E as estátuas
por onde ver-te vinha
animal. E parava
redondo na retina.

O grande movimento era-nos sempre
margem de olhar um rio.
Ia-se-nos perdendo
ver algum navio
entrar nas águas de tê-lo
alguma vez ouvido.
Ou, se quiserem, havia o movimento.
E, à volta dele, o rio
estava perto de sermos
lugar. Ponto de frio
de onde os amantes sempre
partiram esquecidos.
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Sobre as Horas (1963), Fernando Echevarría
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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ouça

Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina

É tão lindo, meu Deus ...

Acredita em Deus ?

Resposta de Michael Cunningham (entrevistado por Antonio Monda) :


"(... )Vejo que começamos logo pela Grande Pergunta. A parte mais séria de mim mesmo, aquela que está seriamente intencionada a não se deixar apanhar desprevenida por ninguém, diz: «Que esperas? Admite-o: Deus é uma coisa que inventámos para podermos conviver com a consciência da nossa mortalidade.» Os cães e os gatos pensam que vão viver para sempre, e não têm nenhum deus. Não consigo deixar de notar que as únicas espécies conscientes, desde o início, do facto de que um dia deixarão de viver são aquelas que erguem catedrais e organizam procissões com estátuas vestidas com túnicas. Mas, ao mesmo tempo, um universo que não contemple uma inteligência harmónica e superior de qualquer tipo é algo tão estéril... (...) É fácil, especialmente quando envelhecemos, orgulharmo-nos de nós mesmos devido à capacidade que temos de ver através de tudo, mas quando conseguimos ver através de tudo, encontramos o nada. E pergunto-me se eu, ou quem quer que seja, desejarei sincera e realmente ver-me assim tão desiludido por viver num mundo inteiramente desprovido de qualquer elemento de magia ou de mistério (...)"

in Acreditas? conversas sobre Deus e a religião, Antonio Monda


http://literati.net/Cunningham/CunninghamBooks.htm
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A discussão continua AQUI

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