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Em muitas cidades portuguesas, os problemas urbanos, pelo menos desde os finais do século XIX, foram sempre gravíssimos. Neste livro analisa-se a dinâmica de participação dos cidadãos na resolução dos problemas urbanos existentes, do mesmo modo que se apresenta uma proposta para a gestão preventiva dos processos de degradação da qualidade de vida urbana, tomando como referência o caso de Setúbal na segunda metade do século XX.
Num país que não tem por hábito valorizar as boas práticas que se vão experimentando aqui e ali, o que nesta obra encontramos é uma reconstituição daquilo que se fez ― e daquilo que se deveria ter feito ―, numa cidade em concreto, para evitar as nefastas consequências de um urbanismo tardio, mesquinho e submetido exclusivamente a interesses fundiários e imobiliários.
O autor estudou Setúbal como um caso singular: nesta cidade, os habitantes, enquadrados em diversos tipos de organizações, conseguiram suscitar, apresentar, criticar, reabilitar e requalificar ideias, projectos e propostas de políticas urbanísticas estimulantes, que importa conhecer e reinventar.Escritores e poetas, políticos e filósofos, cientistas e técnicos ― muitos são os que continuam a interrogar-se, no início de um novo milénio, acerca da possibilidade ambiciosa de a humanidade dispor da «boa cidade». Uma cidade modelo pode ainda ser concretizada, desde que todos os intervenientes, habitantes-moradores incluídos, participem no processo de planeamento, execução e avaliação da requalificação da cidade manifesta. Nesse processo participativo todos poderão expressar a cidade oculta que cada um transporta e que funciona como referente crítico da realidade urbana existente.
in "As cidades na cidade", Carlos Vieira Faria
Editora http://www.esferadocaos.pt/
Carlos Vieira de Faria, estudou em Paris, licenciando-se em Sociologia. Trabalhou com Alain Touraine e Manuel Castells na École des Hautes Études en Sciences Sociales, onde concluiu em 1979 o mestrado. Com a co-orientação de Jean Remy, da Universidade de Louvain-la-Neuve, e Casimiro Balsa, da Universidade Nova de Lisboa, concluiu em 2004 o doutoramento em Sociologia. Foi docente no Instituto Superior de Serviço Social e na Universidade Autónoma de Lisboa. Actualmente é professor na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.Entre 1971 e 2004 exerceu funções técnicas na hoje designada Direcção-Geral do Ordenamento e Desenvolvimento do Território, tendo desempenhado vários cargos e cumprido diversas missões no país e no estrangeiro. É membro da Association des Sociologues de Langue Française desde 1982. Desenvolveu actividade científica no CEOS ― Investigações Sociológicas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL) entre 1995 e 2006. Publicou em 1981 o livro Novo Fenómeno Urbano: A aglomeração de Setúbal. Ensaio de Sociologia Urbana (Assírio e Alvim).A sua produção científica apresenta um fio condutor comum que dá conta das suas preocupações teóricas e profissionais: o estudo da cidade como artefacto e produto da acção humana, inacabada por natureza.
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