segunda-feira, 2 de março de 2009

Foi prisão de Lula da Silva, de Elis Regina, de Oswald Andrade ...




Símbolo da tortura no Brasil foi requalificado como espaço museológico/resignificado para homenagear a resistência dos presos à ditadura. O antigo prédio de tijolos vermelhos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Largo General Osório, mesmo no centro de São Paulo, perto do Museu da Língua Portuguesa, abriga hoje o Memorial da Resistência, em quatro celas da antiga prisão, simbolicamente resgatadas da erosão da memória.




" Os detidos, ao chegar, iam para as celas do térreo. No terceiro andar, ficava a sala do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais duros agentes." Outros países sul-americanos, como Argentina, Uruguai e Chile têm um museu dedicado à luta contra a repressão. Segundo Marcelo Araújo, director da Pinacoteca de São Paulo, que integra o museu "no Brasil, ao menos que saibamos, este será o primeiro espaço museológico destinado a essa questão".

Em 2002, o espaço já havia passado por uma primeira reforma. O antigo nome, Memorial da Liberdade, foi mudado para Memorial da Resistência, após reivindicações dos ex-presos."








Passaram por lá, em diferentes períodos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cardeal honorário de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, os escritores Monteiro Lobato e Oswald de Andrade, a cantora Elis Regina, a artista Anita Malfatti, a militante e escritora Patrícia Galvão, a Pagu, entre outros.








Denominado Memorial da Liberdade, foi inaugurado em 2002, sob a gestão do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Em Agosto de 2007, já integrado à Estação Pinacoteca, recebeu, por iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, um projecto com nova perspectiva museológica, visando ampliar a acção preservacionista e seu potencial educativo e cultural, por meio de reflexões sobre os distintos caminhos da memória da resistência e da repressão. A implantação deste projecto teve início no dia 1º de maio de 2008, com a mudança do seu nome para Memorial da Resistência. Coordenados pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, os trabalhos foram desenvolvidos por uma equipa interdisciplinar, contando com a participação do Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, além do apoio de diferentes colaboradores e instituições culturais, nomeadamente o Arquivo Público do Estado de São Paulo, onde está depositado o arquivo do DEOPS/SP.


O programa museológico do Memorial está estruturado em procedimentos de pesquisa, salvaguarda e comunicação patrimoniais, orientados sobre enfoques temáticos que evidenciam as amplas ramificações da repressão e as estratégias de resistência, por meio de seis linhas de acção: Centro de Referência, Lugares da Memória, Colecta Regular de Testemunhos, Exposições, Acção Educativa e Acção Cultural. Espera-se que o desenvolvimento dessas acções possa colaborar na formação de cidadãos conscientes e críticos de seu passado, sensibilizar e promover a importância do exercício da democracia, da cidadania e dos direitos humanos.


O espaço expositivo do Memorial da Resistência estruturado em quatro eixos temáticos:

- O edifício e suas memórias: são apresentados os diferentes usos e apropriações do edifício - construído no início do século XX para abrigar os escritórios e armazéns da Companhia Estrada de Ferro Sorocabana - além da estrutura e funcionamento do DEOPS/SP.

- Controle, repressão e resistência: o tempo político e a memória

- as noções e as estratégias de controle, repressão e resistência que configuram a abordagem deste espaço, apresentadas a partir de estrutura conceptual em painel interativo, desenvolvidas em uma linha do tempo (1889 ao ano de 2008) e referenciadas por um conjunto de publicações.

- A construção da memória: o quotidiano nas celas do DEOPS/SP - Este eixo trata exclusivamente do período do regime militar (1964 a 1983), a partir de diversos recursos expográficos como uma maqueta tridimensional que permite ao visitante compare o espaço prisional dos anos de 1969 a 1971 com o momento actual.


A primeira cela mostra os trabalhos do processo de implantação do Memorial da Resistência; a segunda presta uma homenagem aos milhares de presos desaparecidos e mortos em consquência de acções do DEOPS/SP; na terceira cela foi reconstituída a partir das lembranças de ex-presos políticos e a quarta cela oferece uma leitura da solidariedade entre os que estiveram encarcerados naquele local. Neste contexto do quotidiano na prisão, evoca-se também uma celebração religiosa realizada pelos frades dominicanos presos em 1969. Finalmente, um diorama permite ao visitante compreender como as manifestações públicas de resistência, naquele período, ecoavam nas celas.- Da carceragem ao Centro de Referência: oferece possibilidades de aprofundamento temático, por meio da consulta a bancos de dados referenciais, destacando-se o Banco de Dados do PROINProjeto Integrado de Pesquisa desenvolvido pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo. Neste espaço também são apresentados objectos e documentos provenientes de dossiês e prontuários produzidos pelo DEOPS/SP, sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo, além de iconografia sobre os diferentes espaços do edifício. Ainda em conformidade com a sua missão, a acção educativa do Memorial propõe-se à construção de diálogos entre o discurso expositivo e o público, por intermédio do desenvolvimento de processos formativos para educadores (ensino formal e não formal), da realização de visitas orientadas e da produção de materiais pedagógicos de apoio.






Projecto Museológico




Coordenação - Marcelo Mattos Araújo

Consultoria em Museologia - Maria Cristina Oliveira Bruno

Consultoria em História - Maria Luiza Tucci Carneiro

Consultoria em Educação - Mila Chiovatto e Gabriela Aidar

Consultoria sobre o Cotidiano nas Celas do DEOPS/SP - Ivan Seixas e Maurice Politi

Equipe Técnica de Implantação Museologia - Kátia Regina Felipini Neves

História - Erick Reis Godliauskas Zen

Educação - Caroline Grassi Franco de Menezes


Apoio - Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, Projecto Integrado Arquivo Público do Estado / Universidade de São Paulo – PROIN, Arquivo do Estado de São Paulo.


SERVIÇO: Memorial da Resistência



Estação Pinacoteca

Largo General Osório, 66 – Luz São Paulo – SP


Telefone: 55 11 3337.0185, ramal 27





Entrada gratuita de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30.



Informações e agendamento

Telefone: 55 11 3324.0943/0944


9 comentários:

  1. Todo e qualquer testemunho, edifício, documento, destas práticas deverá ser cuidadosamente preservado, sob pena de ser ainda mais esquecido aquilo por que tantos passaram. Um beijo.

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  2. Artigo preciso e precioso. Só lamento o completo esquecimento do nosso presidente Lula dos ideais de pátria que por certo ouviu e aprendeu(?) quando prisioneiro deste lugar.
    Um beijo!

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  3. Parabéns pelo dia 28. Deixei uma mensagem no voice mail.
    Beijinhos
    Ana Duarte

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  4. Magnifica IV!



    :


    o registo do não esquecível!

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  5. Por cá querem apagar a memória, fazer da sede da pide um condomínio fechado, tranformar tribunais em hotéis de passe, perdão, de charme...
    E o salazar até é um gajo porreiro que teve umas namoradas e tudo...

    Por isso, este artigo tem um valor acrescido, pedagógico e urgente. Parabéns e obrigado.
    Cumprimentos.

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  6. Porque é preciso resistir

    ao tempo que faz

    e sem memórias

    não existem amanhãs

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  7. e o a.deslumbre mesmo é estar VIVO!!!!



    beijo de ******s.

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  8. (infinito é o caminho)....nas suas ruas várias e outras tantas vadias....



    insubmissas.



    .

    :)


    beijo. preso ao caderno.

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  9. registo precioso. obrigada.
    beijos

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