quinta-feira, 23 de dezembro de 2010



Fotografia por Maria Avelino
 









Caiu sobre o país uma cortina de silêncio
a voz distingue o homem mas há homens que
não querem que os demais se elevem sobre os animais
e o que aos outros falta têm eles a mais
no dia de natal eu caminhava
e vi que em certo rosto havia a paz que não havia
era na multidão o rosto da justiça
um rosto que chegava até junto de mim de nicarágua
um rosto que me vinha de qualquer das indochinas
num mundo onde o homem é um lobo para o homem
e o brilho dos olhos o embacia a água
Caminhava no dia de natal
e entre muitos ombros eu pensava em quanto homem morreu
por um deus que nasceu
A minha oração fora a leitura do jornal
e por ele soubera que o deus que cria
consentia em seu dia o terramoto de manágua
e que sobre os escombros inda havia
as ornamentações da quadra de natal
Olhava aquele rosto e nesse rosto via
a gente do dinheiro que fugia em aviões fretados
e os pés gretados de homens humilhados
de pé sobre os seus pés se ainda tinham pés
ao longo de desertos descampados
Morrera nesse rosto toda uma cidade
talvez pra que às mulheres de ministros e banqueiros
se permita exercitar melhor a caridade
A aparente paz que nesse rosto havia
como que prometia a paz da indochina a paz na alma
Eu caminhava e como que dizia
àquele homem de guerra oculta pela calma:
se cais pela justiça alguém pela justiça
há-se erguer-se no sítio exacto onde caíste
e há-de levar mais longe o incontido lume
visível nesse teu olhar molhado e triste
Não temas nem sequer o não poder falar
porque fala por ti o teu olhar
Olhei mais uma vez aquele rosto era natal
é certo que o silêncio entristecia
mas não fazia mal pensei pois me bastara olhar
tal rosto para ver que alguém nascia






" Um rosto de Natal ", Ruy Belo - Todos os Poemas II. Lisboa: Assírio Alvim, 2004
 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Visita técnica às exposições da Rede de Museus do Algarve



  "A cada terra uma santa, a cada pessoa a sua fé", aspecto da exposição "Cidade e Mundos Rurais", Museu Municipal de Tavira. Na imagem Marta Santos, técnica superior / equipa investigação Museu





Algarve, do Reino à Região  (um tema, doze exposições) 





A Direcção Regional de Cultura do Algarve tem nas suas atribuições o acompanhamento e apoio a museus da região em articulação com o IMC. Assim, organizou nos dias 16 e 17 de Dezembro uma sessão de trabalho para discutir o processo em torno da exposição “Algarve do reino à região”, uma iniciativa da Rede de Museus do Algarve. Para isso convidou o Departamento de Museus do IMC, representado pela sua Directora, Isabel Victor e por Clara Mineiro, especialista em acessibilidade em museus, convidou outros dois especialistas – Margarida Alçada, do Turismo de Portugal e Luiz Filipe Trigo, designer e professor universitário.



Nesta foto, da esquerda para a direita: Rita Manteigas e Marta Santos (Técnicas Superior do Museu Municipal de Tavira), Luiz Filipe Trigo (designer e professor universitário), Dália Paulo (directora Regional de Cultura do Algarve), Jorge Queiroz (director do Museu Municipal de Tavira), Margarida Alçada (Turismo de Portugal _ Técnica superior cultura e património)





Desta sessão muitas linhas de trabalho conjuntas se desenharam, desde acções de formação a outros trabalhos em rede... 2011 será cheio de actividades.







A Direcção Regional de Cultura do Algarve agradece às equipas dos museus o acolhimento, o profissionalismo, a generosidade e a partilha com que nos receberam e connosco deambularam pelos seus temas e exposições.



Por último, agradecemos aos especialistas convidados pelo empenho e sabedoria que colocaram no longo périplo pelo Algarve, de sotavento a barlavento.





Nesta foto, da esquerda para a direita: Patricia Baptista (Técnica superior Museu), Isabel Victor e Clara Mineiro (Departamento de Museus do IMC)  
Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira


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Fonte


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pablo Neruda - Me gustas cuando callas

Ladaínha dos póstumos Natais















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"searinhas"de Natal no Museu Municipal de Tavira



















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Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito











David Mourão-Ferreira in Obra Poética II













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