terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sebastião da Gama - Milagre de vida em busca do eterno




"Sebastião da Gama — Milagre de Vida em busca do Eterno", é um trabalho pioneiro, o que não abunda nos nossos Estudos Literários, e um trabalho sobre um Poeta optimista, o que ainda mais raro é. Sobre o Poeta que Sena detestava (não é difícil perceber porquê) e Mourão- Ferreira ou Lygia Fagundes Telles amaram, Alexandre Santos fez o primeiro estudo de fundo, tendo preenchido um estranho e óbvio oco nos nossos Estudos Literários.» (Prof. Doutor Rui de Azevedo Teixeira)
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como pássaros ou anjos in.divinos


Pintura William Bouguereau




se o pulmão fora pétala e a rosa um campo minado e a casa o coração da música serias tu o meu sul na volátil geografia do caminho certo.
se nada nos distraísse da miséria e das patas sobre o corpo e dos segredos irredutíveis numa página de temperatura gelada serias o meu sentido único sobre as cinzas.




isabel mendes ferreira

AQUI ao piano. divinamente










somos assim. imperfeitos e vadios nas emoções



Liturgia do Novo Ano


___________________________________________________ Banalidade de actos do Mal, expressão criada por Hannah Arendt, em sangue vivo, numa guerra assimétrica, déja vu ... ás portas de 2009.










mié disse...





... não existem milagres que rasguem véus ou façam nascer flores nas lamas do petróleo.


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Entretanto, vou estando por aqui http://www.palestinalibre.org/ atenta.


domingo, 28 de dezembro de 2008

Música eterna











Rumor obscuro da chuva
Idêntico e antigo
Acalentando a noite
Dança de folhas despercebidas
Mata em sussurro
Claro ritmo das chamas
Alegrando as lareiras.

Helena Kolody (1912 - 2004)







Amo esta pequena escultura em terracota. Prenda de Natal de amigos longínquos ... acompanha-me há anos.




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terça-feira, 23 de dezembro de 2008





Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento.Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras.

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.


Simplesmente não há palavras.


(...)



Sobre a Escrita...
Clarice Lispector

domingo, 21 de dezembro de 2008

Estavas, linda Inês, posta em sossego ______________







O espírito do Natal ...


http://www.jahichikwendiu.com/main.php



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"O espírito do Natal tem de fazer parte dessa humanidade que não pode fugir do aconchego da nossa consciência de homens. E de homens solidários. O espírito de Natal tem de ser entendido como algo de autenticamente revolucionário, que nos ensina a resistir à adversidade e nos testa quotidianamente na nossa mais genuína fraternidade. Resistir aos tempos que nos querem matar o que de humano existe em nós, essa é a matéria dos sonhos que nos devem mover. Resistir às intempéries da venalidade, da boçalidade, da brutalidade, da desumanidade. O espírito de Natal é o que leva os poetas a nunca esquecer o horror, mas a desenhar grinaldas de esperança, lá onde só parece existir o desespero." (excerto)


Lauro António

Texto completo AQUI VáVá vadiando de Natal

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Palestinian lovers



Divine Intervention يد الهية
Realização e argumento, Elia Suleiman , 2002

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__________________ uma aflição mental

Entre o caos e a harmonia. A cegueira pensada é uma aflição mental, uma das formas do isolamento porque a invisibilidade não é obstáculo: é apenas um fenómeno subtilíssimo da ausência. Na criação tudo é potencialmente uma entidade distinta da matéria, uma improbabilidade, porque, como diziam os antigos, diante da luz somos todos cegos.
Ana Hatherly, in 'Tisanas'
1








Somewhere I have never travel - Abbuehl, Susanne (April) 06

terça-feira, 16 de dezembro de 2008




O Fauno - Teresa Ribeiro



Improvisos atonais


Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL354476-7085,00.html



" Minha vida não estava em risco, mas quase fiquei asfixiado com a fumaça que me entrava pelo nariz e os olhos", explicou o artista. "Toquei até o piano parar de fazer sons. Travei com ele uma batalha de vida e morte ”.

Yosuke Yamashita


O pianista, de 66 anos, ofereceu numa praia de Ishikawa, no Leste do Japão, um concerto incomum para um público atônito de quinhentos espectadores. Deitou fogo a um piano que não usava e, ao pôr-do-sol, começou a tocar até que as chamas consumissem completamente, as cordas do instrumento.

Yamashita reeditou uma idéia ousada, o “piano em chamas”, para chamar a atenção para o Museu de Arte Contemporânea Japonês. A "paixão ardente" de Yamashita incendiou a plateia.



________________________ INSTANTES . CONSONANTES (Digo.eu)

Muntadar al-Zaidi lançou, no Domingo, os dois sapatos em direcção a George W. Bush. Num arremesso atonal _____________________________________________incendiou o mundo . Associação LIVRE de ideias ...





iv





Panja - Yosuke Yamashita

sábado, 13 de dezembro de 2008


Fotografia:

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Essas antiquíssimas dores não serão finalmente fecundas em nós? Será tempo de nos libertarmos, amando, da coisa amada … docemente como quem se desabitua dos peitos maternos.

______________________________________ Rainer Maria Rilke

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sintonias



______________ felizes



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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


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E SE OBAMA FOSSE AFRICANO?

Mia Couto






Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: " E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano?São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.Inconclusivas conclusõesFique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia
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Fotografia d`AQUI
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Fotografia: malwina de brade
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Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registo.
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Llansol















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O primeiro movimento da manhã é a escolha do vento; nada é indiferente ao corpo que acorda para mais uma descida pela vida; no ritmo da cor, escolhe um tecido, e seu feitio presente. Fica cingida a ele, desnuda a própria face. A caneta interrompe a narrativa do diário em bruto. O quarto vibra em tumultuoso silêncio. Deste modo se levanta e caminha para a visão que lhe é preciosa, tanto quanto a palavra da sua língua, tanto quanto a companhia dos companheiros ausentes e presentes.

Escreve no registo para as compras do dia

grão,

batatas,

água.





Llansol, Os Cantores de Leitura, p. 155

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Banda larga . Gilberto Gil


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domingo, 12 de outubro de 2008


Não se trata de saber se eu falo de mim conforme ao que sou, mas se, quando eu o falo de mim, sou o mesmo que aquele de quem eu falo. (LACAN, 1996)




















Pintura : Magritte

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

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etéreo, longo ... até ser Natal.

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Na partida o tempo não conta. o corpo recluso. cisma. entrega-se paciente (quase doente) aos trabalhos da memória ...
fica a cerzir. a costurar. a descosturar. a refazer-(se) nos lugares que lhe foram aconchego e pele.

Obrigada

Ana Paula (blogFilosofia/literatura)

Ana Paula Fitas (blog Património, Arte, opinião)







jaoutro (José Aleixo . Música)
Lauro António apresenta ... (Blog)
Linha do Norte (blog)
lisse
Low-cost-filmes (blog António Aleixo)
Lusofolia blog
M.
Maria
Mirna
moonlover
o mundo dos museus (Blog Museologia)
O Mundo perfeito (blog Isabela)








Foto Por António Jorge Nunes

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domingo, 5 de outubro de 2008

Mas que sei eu


Foto Alexandre T.[ RazzGuzz ] _________________________________________________
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Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha


Ruy Belo
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sábado, 4 de outubro de 2008

De perto ninguém é normal



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Foto lenoradiva's RSS




Respeito muito minhas lágrimas. Mas ainda mais minha risada. Inscrevo assim minhas palavras. Na voz de uma mulher sagrada. Vaca profana, põe teus cornos Pra fora e acima da manada ...











Vaca Profana - Gal Costa
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Exposição no Museu de Alpiarça _ Casa dos Patudos


A Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça está ligada à família Relvas, pelo protagonismo que um dos seus membros alcançou como político e diplomata, coleccionador de arte e homem ligado ao cultivo das terras que herdou e aumentou.José de Mascarenhas Relvas nasceu em 1858 na Golegã, filho de Carlos Relvas e Margarida Relvas, viveu desde criança ligado às actividades agrícolas e à criação de cavalos, assim como à ganadaria de seu pai, que, além de cavaleiro tauromáquico, também era um excelente fotógrafo e nutria um profundo gosto pelas artes em geral.Quando, em partilhas, lhe foi entregue a Quinta dos Patudos, José Relvas já estava casado com Eugénia Antónia de Loureiro da Silva Mendes, de quem teve três filhos. Dramaticamente, nenhum sobreviveu aos seus progenitores.Em 1888, José Relvas vem viver para os Patudos com a sua família, dedicando-se com afinco ao cultivo de vinho, azeite, cortiça e outros produtos agrícolas. É com os rendimentos que lhe trazem estas terras que ele inicia uma grande colecção de arte nacional e internacional, fazendo viagens e travando conhecimento com especialistas europeus e nacionais no negócio das obras de arte.Esta pequena mostra, que se confina a duas salas de exposições temporárias, não pretende dar a conhecer a colecção de José Relvas, que faz parte integrante do acervo do museu, pois ela está patente ao público, através de visitas guiadas, mas sim desvendar um pouco a vida do núcleo familiar que viveu nos Patudos. Com efeito, esta dimensão mais íntima da Família Relvas não tem sido dada a conhecer aos públicos que visitam o museu, que tem privilegiado o coleccionador de arte.Estamos a falar dos objectos pessoais dos Relvas, nomeadamente os vestidos, sapatos, adereços e jóias de Eugénia Relvas, uma mulher muito elegante para a época e presença assídua em saraus culturais, tanto em sua casa, como em Lisboa. Esta senhora estava a par das «tendências» da alta-costura, como se admira através de alguns dos objectos expostos.O mobiliário dos aposentos de José Relvas e os objectos de decoração e higiene pessoal podem também ser vistos nesta exposição, assim como a sua luneta, a boquilha, a cigarreira, o estojo de viagem, etc..Do filho Carlos Relvas, pouco pode ser visto por cláusulas testamentárias, mas estarão expostas as cartas que escrevia à sua mãe em francês e que se encontram no Arquivo da Casa dos Patudos, assim como se pode ver outra correspondência entre os membros da família que revela o grande afecto que nutriam uns pelos outros.São comovedores os brinquedos dos dois filhos que morreram ainda adolescentes, assim como os livros, cadernos da escola e os retratos quando ainda eram crianças, brincando ao ar livre.A exposição apresenta também uma pintura referente a Carlos Relvas, pai de José Relvas, reveladora do seu amor pela festa de toiros e pelos cavalos, assim como fotos dos restantes membros da família, entre elas a do casamento dos proprietários da Casa.Pretende a Câmara Municipal de Alpiarça iniciar, com esta exposição, um ciclo de mostras que dê a conhecer a história da família, a importância da acção política e diplomática de José Relvas, assim como a relação que manteve com Alpiarça, como proprietário agrícola e benemérito, sem esquecer a história e as tradições do próprio concelho de Alpiarça, de modo que a comunidade escolar ou adulta aprofunde a história local e reforce a sua identidade e cidadania.


Em " Os Relvas em família " Publicado por anad em AQUI

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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Música de Arte

Ele foi o desencadeador e o profeta da pósmodernidade na música portuguesa. Um saudoso mestre, só pela sua actividade pedagógica Peixinho transformou decisivamente o regime estagnante que vigorava então e abriu as portas à liberdade criativa.

Como pianista mantem-se até hoje inultrapassado , o mais excelente e avançado de todos os executantes portugueses ( e.g. “ música 1 “ para dois pianos ). A transgressividade do seu estilo lírico, sublime , inebriante – afirmação duma escrita rigorosa, fértil em minúcias, tratamentos instrumentais específicos e invenção de substâncias sonoras que abrem novas perspectivas à música. Chamava à sua criação “ música de Arte “, como realização de práticas e proposição de conceitos, fruto da sua vasta erudição. A sua música é obra aberta, transparente e radiosa , solar, iluminada, animada pela mais elegante vivacidade - a poesia corre fluidamente, água límpida onde nadam mil peixinhos, transporta-nos ao sonho e eleva o nosso imaginário ao encantamento, foi o maior compositor português do século XX, senão o maior músico lírico de todos os tempos.

JORGE LIMA BARRETO (em entrevista a Jorge Peixinho, Jornal de Letras 1992)

Entrevista Aqui

domingo, 28 de setembro de 2008

Antropologia das religiões




Prof. Jean Lambert, especialista de História e Antropologia das religiões, na Faculdade de Letras da UP
dias 3 e 4 de Outubro, 2008
Um dos maiores especialistas de história e antropologia das religiões (membro titular de EHESS- CEIFR - Centre d' Études Interdisciplinaires du Fait Religieux- Paris), Prof. Jean Lambert, estará no Porto, Faculdade de Letras da UP, nos próximos dias 3 de 4 de Outubro de 2008. Apoio da Embaixada Francesa. Iniciativa do DCTP

No dia 3, sexta-feira, pelas 18 horas, no Anfiteatro 2 da FLUP, Jean Lambert pronunciará uma conferência sobre: "Comment l' Anthropologie Comparée des Monothéismes Méditerranéens (Judaisme, Christianisme, Islam) éclaire-t-elle les faits religieux d' aujourd'hui"(Como é que a antropolgia comparada dos monoteísmos mediterrânicos, judaísmo, cristianismo, islamismo, esclarece as fenómenos religiosos actuais)



Há no interior de cada monoteísmo uma tensão fundamental, uma bipolaridade desse religioso, entre a justiça (o julgamento) e aquilo que de certo modo é o seu oposto, e que a ultrapassa - a compaixão. (VOJ, em Trans-ferir)



Uma das obras do autor:« Le Dieu distribué, une anthropologie comparée des monothéismes », édition du Cerf, collection Patrimoines, Paris 1995.






No dia 4 de Outubro, o Prof. Jean Lambert estará à disposição dos interessados para falar sobre temas da religião na Faculdade de Letras do Porto, a partir das 11 horas, na Sala de Reuniões.


Apoio:CEAUCP - Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto



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Acorda-me cedo



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... o sulco da palavra apura-se no sentido maior do silêncio.
um após outro o prazer eleva-se na pausa do som. amanhã mesmo
falaremos da harmonia no tom se não esquecermos o rio.
desconstrói-dizias.
e a certeza a concentrar ritmos delirantes.
suspende o ar-dizias. é lá que começa o canto dos olhos no esboço
do que me tentas. inventas-dizias.
falta o vinho para crescer a sede. falta o tempo para beber o medo.


acorda-me cedo.








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de Maria Quintans,"Apoplexia da ideia", Papiro.editora

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___________La sofocación

Foto Por António Jorge Nunes


"Podríamos tocarnos, pero esa vecindad nos paraliza./Inane la yertez, rigor el rijo./Ricos, variados olores de flor y perdición./Desvarío en jardines invisibles de brea./Ahora que me estoy muriendo/Ahora que me estoy muriendo/La sofocación alza del cielorraso relámpagos enanos/que se dispersan en la noche definitiva e impasible."

Néstor Osvaldo Perlongher, em "Chorreo de las iluminaciones"



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quinta-feira, 25 de setembro de 2008





"São meninas que rompem a penugem do tempo e no espaço da tela sonham rugas invisíveis e bosques bidimensionais (...)"

de Isabel Mendes Ferreira, a propósito das "Alices sem fim" de João Concha





uma exposição. um pintor. uma poeta. um filme. 36 testemunhos. o mote e as variações para falar de brincar no museu

Sábado, das 15 ás 18. ludicamente. lucidamente

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

O descoincidir
























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A quem senão a ti direi
como estou triste? Mas se a tristeza vem
de tu não estares, como ta direi, como hei-
de juntar o que me está doendo ao ven-
to que não bate mais à tua porta? Eu sei

que a tristeza é só isto, é só isto,
o descoincidir consigo mesmo, eu sei,
descoincidir com os outros, estava previsto
porque dentro de si o mundo não coincide e
não há senão tristeza. Em cada um está Cristo

sempre abandonado, cada um abandonado
a si mesmo, sem princípio e sem fim,
pois no princípio o amor era dado
promessa de te ter sempre junto a mim
não ausência, nem dor, nem habitado

ser por todo este absurdo. Morrer
um pouco, disse, sem saber o que dizia
pois eram só palavras, como se a prometer
tudo aquilo que havia e não havia.

Não haver palavras és tu a desaparecer.



Bernardo Pinto de Almeida
Abandono de Hotel Spleen, Quetzal 2003
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"Vou adiante de modo intuitivo e sem procurar uma ideia: sou orgânica. E não me indago sobre os meus motivos. Mergulho na quase dor de uma intensa alegria – e para me enfeitar nascem entre os meus cabelos folhas e ramagens."
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Clarice Lispector
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pinturas Cantadas: arte e performance das mulheres de Naya




No próximo dia 25 de Setembro, no Museu Nacional de Etnologia, terá lugar uma mesa-redonda no âmbito da exposição
Pinturas Cantadas: arte e performance das mulheres de Naya
17h Visita à exposição
18h Primeira apresentação pública do filme Songs of a sorrowful man
18h30-20h30 Mesa-redonda
Participantes:
Lina Fruzzetti, Universidade de Brown
Ákos Östör, Universidade de Wesleyan
Rosa Maria Perez, ISCTE
Joaquim Caetano, Museu de Évora


Joaquim Pais de Brito, Museu Nacional de Etnologia, Moderador

Fonte: No mundo dos museus (blog Museologia/Museus)
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domingo, 21 de setembro de 2008

O poeta como nu




fotografia John Dugdale




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um dia apareceu um poeta sem pétalas. nunca tal se vira. sem pétalas, dizia-se, estava igual a nu, coberto de nada que o diferisse, como se ser poeta não trouxesse marcas à flor da pele. algumas pessoas riram-se nervosamente, e só por isso o estranho poeta se foi embora sem outra notícia






Valter Hugo Mãe









Vencedor do Prêmio José Saramago de romance, 2006.




Livros de poesia: bruno (2007), pornografia erudita (2007), livro de maldições (2006), o resto da minha alegria seguido de a remoção das almas (2003), útero (2003) , a cobrição das filhas (2001) e três minutos antes de a maré encher (2000). No Brasil saíram seus poemas reunidos em: mil e setenta e um poemas (Thesaurus, 2008)



Página do autor: www.valterhugomae.com

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem

Pablo Neruda





Fotografia http://www.darrenholmes.com/


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domingo, 14 de setembro de 2008

Divino combate. Dolorosa peregrinação. Desabei.



... um livro de confissões. Uma peregrinação interior em que a bailarina torce o pé, o saltador derruba a barra, o arquitecto se senta debaixo da abóbada, e no fim, ela desaba. O médico e o seu doente são um só, face dupla da mesma moeda. O médico provoca o Criador, não lhe vai na finta, evita o engodo. Mas no cais despede-se, e pede perdão por não ter sido parceiro para tal desafio.»
Do prefácio de António Damásio



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