desfeitos os laços. polpa e pântano. folhagem. adeus. redondo o perfume.
hei de ser a outra tua face. estrangulada de lírios.
nós de seda. e de aço. nós. as duas no mesmo ventre. o laço.
________________para i.v._________________
assim a mudança. o repouso. a expressão quieta que amacia o perfil dos dias.___________________e em rigor o belo é uma estrófe. moeda de troca para uma oração concessiva.
voltar ao incerto dia da fruição do silêncio voltar à percepção de um divino poético onde a voz é nua onde a nudez é solar onde o quase tudo é apenas um ponto uma nota um sussurro.
voltar através de um fio de água para bordar de coerência um sossego que seja vegetal.
voltar através de um fio de água para bordar de coerência um sossego que seja vegetal.
desconstruir-te.a mil tempos e vozes. para voltar a denunciar o dócil e o indomável. ser desfolhagem de segredos que incomodam. respirar o primaveril como se a dança fosse vertigem. cúpula de gritos em vez de parágrafos silvestres.
desnudo um ombro teu. apenas. revelo-te a cintura. despenho-me.
aparecer e desaparecer como se de luz fosse quase tudo. dar-te a água visível e um dia de veludo.
o máximo é sempre inocente quando a palavra brilha na pastorícia da metáfora.
desnudo um ombro teu. apenas. revelo-te a cintura. despenho-me.
aparecer e desaparecer como se de luz fosse quase tudo. dar-te a água visível e um dia de veludo.
o máximo é sempre inocente quando a palavra brilha na pastorícia da metáfora.
e não sei das possíveis espigas. entardeço à sombra do incerto.aveludo-me de baldios onde a palavra é muda. e tudo muda. das veias para o peito numa renda fina. que se abre em rosa. flor sanguínea.
há quanto tempo não te amava assim. lisboa.fragmentada de águas . memórias inchadas de prazer. assim caída nos meus ombros à deriva por outros mares outras marés outros cheiros mas sempre rente à música do teu ventre inclinado para o tejo.há quanto tempo não te fazia e dizia amor nos dentes. amor nas ancas dedilhadas por farpas e guitarras e vielas...assim te desdigo saudade. e volto aos teus flancos como gaivota em dezembros líquidos e densos.oleosos. florestais. lisboa de um piano que finalmente se cala.neste aqui. que já foi tanto. mesmo quando tocava sangue e silêncio.não é de adeus que te falo. é de mais longe. de mais logo. de outro lugar.as árvores dão ramos. que fazem de ninho. onde me aninho. e beijo-te lisboa. de teclas acesas. amanhã.outro rio. e voltar é o princípio.
Publicada por isabel mendes ferreira em Livro invisível
o fôlego enquanto estio tece o futuro acima das brechas. a manhã é sempre dia no destino das pedras. metade do sol desvia a distância e tudo se resume ao salto. de ti. tigre. amansado pelas águase não fora o brusco oráculo viria o teu corpo dos mares qual flor viril e vigilante vigiar-me o rumor dos dias. assim despes a poeira e iluminas-me a pele. o vermelho é duro abre-se e solta-se no musgo das tuas costas. solto um gesto de música. é verão nas tuas ancas.e tudo o que sobra é litoral. língua que escorre ao lado da sombra.templo. o fogo era só vestígio leve cru espada e da lama do tempo faço a ponte.faz-se tarde para lavrar o dia. é cedo para escavar-te a noite.deslizo no subúrbio da tua inconsistência.foste um risco. e de nada te serve a flutuante perfeição.
Publicada por isabel mendes ferreira em Livro invisível
e se te dissesse que somos contemporâneos da litania da loucura urbana?tu mais de Goethe eu mais da Síria. nós pó do mundo.e o mundo seco de nós. incondicionais fluxos. rebentação de protões que os olhos não dissecam e a alma não canta.disse-te a chave. e o dia nasceu. biográfico. como proust sem tempo. achado no chão de uma metáfora. brevíssima.
tudo o que tenho para dar é este fio.melancólico frio. apelo de pele pastoril.recato de flauta enquanto guardo a montanha e o deslize das águas.veloz natureza a ser canto e chão. aberto. e nunca de estrelas.tecido propício ao vento. face a face na espessura do silêncio.
venho do silêncio mais loba mais árabe menos faca antes farpa outro vestido a mesma capa.fui ao deserto. nasceu-me um filho.da terra vermelha. da terra sanguínea. da pele vestal sou agora outra muralha desabituei-me da planície. fiz-me à montanha. galopei-me. voltei. mais secreta. menos incerta. menos asa.mais de areia. menos perguntas. menos respostas. de esporas. quero menos. quero agora.só agora voltei. muitas mortes muitas viagens depois. para lembrar o que não esqueço.tudo o que trago nos traços da pele. lama. perfume.finitude que me cega claridades de cal. e que me afoga todos os afagos e cala as palavras e descola os gritos. como placenta como raiz.voltei para acordar do automatismo. do esboço. do risco.do retrato. do adjectivo. venho do silêncio das guelras da fome e do exótico. ramo sem folhas. sem reservas e dispersa. cénica. e nunca sedenta
Publicada por isabel mendes ferreira em Livro invisível
re.desenho o coração. em profético arrumo. exciso-me do in.vivido voo. (não me deixes assim) nua à poeira e ao vento ou em pétalas de chumbo. vou. sabes que iria antes do tempo. guarda-me. na avidez dos teus sonhos inimagináveis. na estranheza desnublada de um bosque sem caminhos.já muito pouco é resgatável na melancólica incumbência de qualquer vibração.ela chega na semelhança de um sentido único. compósita e afirmativa na razia dos mitos. vou.(não me deixes assim)chegas. tão viva como a morte.naturalmente linhagem confidencial de um corpo rendido.deixa-me assim. de mãos dentro do fogo.já desfiz a renda. em pós-silêncio de pó de adeus.
alma.
ResponderEliminarde ti.
:)
amei.