sábado, 1 de março de 2008

Llansol

Fotografia http://zwir.ru/gallery/other/other_41.html


O afecto toma notas. Cinge-o à cadeira em que está sentado, sentindo, desde a madrugada,o sol a florescer pela janela.Revolta rápida, a do afecto. Tem pressa de chegar ao alvo do problema, que se torna branco ___ uma autêntica pérola. A mãe.O seu segredo é minúsculo e insondável, as núpcias da mulher amada com outro. Mas pressente que só o que conseguir enterrar na paisagem das ruas subsistirá. O resto é veneno, cobra, mordedura, que não consegue chupar se não for escrito;nesta meditação,o afecto lhe responde, e mais uma vez lhe diz “e o labirinto evasivo das ruas?”Spleen, tédio, cafard. Imagina que toma café com alguém que se vai acendendo, como uma lembrança longínqua, na mão. Qual? Que lhe beija a mão, e ela desaparece, deixando-o a escrever e a ver na frente quem quiser. Basta o pulso que escreve desejar.É o pulso que escreve. Os dedos orientam apenas a escrita. E quem lhe chama poema é o pensamento rotineiro, que não encontrou ainda outro nome. Mas não me iludo. Escrita esconde o que esconde _____


7 comentários:

  1. "O afecto toma notas. Cinge-o à cadeira em que está sentado, sentindo, desde a madrugada,o sol a florescer pela janela.Revolta rápida, a do afecto. Tem pressa de chegar ao alvo do problema, que se torna branco ___ uma autêntica pérola. A mãe."

    um Colar de pérolas!!!!

    ____________
    para ressalvar todo o afecto!

    ____________.


    perfeita a escolha.


    na delicada presença dos teus passos matinais.

    beijo-te.

    afectuosamente!
    I de lírio.

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  2. Que linda a voz deste homem. Cintra.. Luis Miguel e que sonoridade têm as palavras. Que musicalidade.....
    Anad

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  3. um adeus transformado
    em até amanhã

    lido
    re lido
    tre mido


    .
    um beijo ,iv

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  4. que palavra se pode escolher para dizer do que belo quando este vai numa asa inacessível à minha mão?

    gostei muito*

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  5. .... escrevo aqui , como o poderia fazer no poste acima, escrevo um poema de Xosé María Álvarez Cáccamo, poeta maior galego de 80...

    A Memoria

    No tempo escuro ás veces falaches dos
    abismos ,
    daquel profundo gris onde é fácil morrer
    se o corpo descentrado emprende un voo de aguia
    desde o faro final . Pero hoxe o dia é luz
    e os bosques uña sombra de loucura serena
    e a praza do mar verde unha esperanza exacta.

    Temos dictado o cálculo da história que nos leva
    e vai connosco sempre a memoria
    da vida
    que ainda non chegou, certa imaxe precisa
    de nós da man collidos camiñando despacio
    nunha tarde de outubro pola beira do rio.

    A memoria é unha fe que confonde os sinais.
    Nós somos sempre os mesmos desde o tempo da luz ,
    cando marzo chegou cun recado do vento.
    in , A escrita das Aves de Marzo, ed tema 1997
    um abrazo garimoso
    JRM

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  6. (descobri-a recentemente...
    e foi marcante...)

    (e agora a perda...)


    um beijo

    *

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