sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

" O Poeta e o Sábio " (1)


Utopia


Cidade

Sem muros nem ameias

Gente igual por dentro

gente igual por fora

Onde a folha da palma

afaga a cantaria

Cidade do homem

Não do lobo mas irmão

Capital da alegria

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Braço que dormes

nos braços do rio

Toma o fruto da terra

E teu a ti o deves

lança o teu

desafio

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Homem que olhas nos olhos

que não negas

o sorriso a palavra forte e justa

Homem para quem

o nada disto custa

Será que existe

lá para os lados do oriente

Este rio este rumo esta gaivota

Que outro fumo deverei seguir

na minha rota?



José Afonso


Postado por DUARTE VICTOR no BLOGAMARGEM

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(1) Dedico, hoje, " O Poeta e o Sábio" ao intemporal José Afonso para que se mantenha vivo e desassossegue ...

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O Poeta e o Sábio


A alma exprime o natural sobrenaturalizado, isto é, dum modo original, porque a alma, oriunda de tudo, é senhora de tudo, independente. Sendo todas as coisas, é outra coisa. É todas as árvores e a Árvore. Quando se exalta e canta, num poeta, pode atingir a Divindade, vence o tempo e o espaço, as duas barreiras tenebrosas. Mas o sábio pretende observar o mundo, com uma isenção perfeita, surpreender a realidade limpa de detritos humanos, materialmente pura. Deseja aniquilar a sua personalidade criadora, em benefício do senso crítico. Conseguirá ele, um dia, isolar-se, por completo, dessa personalidade contagiosa? e, distanciado de si mesmo, falecido em si mesmo, contemplar o universo, com uns olhos de caveira inteligente?

Teixeira de Pascoaes, in 'O Homem Universal'

in Blog do Citador

9 comentários:

  1. bom dia, Isabel!!!!!!!!!

    belo, belo, belo.


    prazer imenso tb por ti.


    beijo

    B.
    _______________________

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  2. vai a http://www.ai-o-camandro.blogspot.com/
    com um especial sobre o zeca.
    bejnhs

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  3. hum hum...Teixeira de Pascoaes...um dos meus super super eleitos....


    e o Zeca....


    que viveu em Setúbal....


    e foi prof. no Liceu de lá...e ...quantas mas quantas cantigas no cais...quando a noite embalava os barcos e os pescadores amanhavam a sardinha escassa...mas digna...


    hum hum hum...e de repente o passado vira presente.


    felizmente.



    beijoooooooooooooooooooooooo!



    Y.

    piano.

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  4. Olha, tá linda a foto e isto aqui anda mais chique sim senhora. Adoro o Zeca e é um prazer ler aqui e ver-te lá. Já vi teu recado. Tá de pé sim. Ontem a noite terminou hoje e o meu dia começou já a meio. Mas uma pessoa tb merece estar de férias. Muitos beijos. Tb adorei.

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  5. Olá Isabel
    Que bonito!

    Que bem escolhido o "O Poeta e o Sábio" para dedicar ao José Afonso

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  6. Os anos vão passando e a música portuguesa com eles, no entanto "Venham Mais Cinco" continua a ser o mais belo disco da musica popular portuguesa.

    Paula e Rui Lima

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  7. Que bela utopia. Um abraço.

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  8. Deixo-te um comentário eterno:

    Nós cantamos-te, sempre. Claro. Sem parar. Nunca. Com toda a força. Toda. Mais e mais. Evidente. Zeca é único e toda a gente.

    Quando canto esta música rebento com a força contrária, como se fosse "voltarei sempre a cantar-te"!

    Já agora, aqui fica para ti, o que é de todos:

    CARTA AO ZECA

    Música e Letra: José Mário Branco

    Vieste de menino de oiro pela mão
    Acordar a madrugada
    E fez mais às vezes uma só canção
    Do que muita panfletada
    Grandes janelas soubeste abrir
    Por onde o ar correu sem te pedir
    Que não se cansem de nascer
    As fontes onde vais beber

    REFRÃO:
    Nunca mais te hás-de calar
    Ó Zeca, para nós
    Canta sempre sem parar
    Que é seiva e flor
    A tua voz

    Vestiste a capa de caloiro coimbrão
    Para ultrapassar o fado
    E, em cada Natal, teu fruto temporão
    Nunca foi ultrapassado
    Na distracção jogas à defesa
    Com o humor disfarças a tristeza
    Cantas a esp’rança e o amor
    Que o povo te ensinou de cor

    AO REFRÃO

    Nem tudo o que reluz é oiro, pois então
    E bem gostaria o facho
    De te ver calado e manso pelo mão
    Com medalhas no penacho
    Co’a tua ronha felina e sã
    Vais-lhe atirando as flechas de amanhã
    O olho pisco a acender
    E a garganta a acontecer

    AO REFRÃO

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  9. Ida ...

    Minha querida Ida. Só tu !

    Que beleza ...

    entre chorar e rir *

    isabel

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