segunda-feira, 27 de agosto de 2007

"Quero chorar meu sofrimento e digo-o
para que tu me queiras e me chores
num poente de rouxinóis cantores,
com um punhal, com beijos e contigo.


Quero matar o único testigo
do assassínio destas minhas flores
e converter meu pranto e meus suores
num eterno montão de duro trigo.

Que não se acabe nunca esta madeixa
do quero-te e me queres, sempre encendida
com lua velha, com sol que se queixa;

Coisa que negas, por mim não pedida,
para a morte será, que jamais deixa
nem sombra pela carne estremecida."

" O poeta diz a verdade "

in "Sonetos del amor oscuro"

Frederico Garcia Lorca

(Tradução de José Bento)

O poeta foi assassinado num fatídico Agosto (1936)

8 comentários:

  1. Olá, Isabel! Magnífico poema! Lindíssimo! Muito forte, intenso e apaixonado.
    O blogue está mesmo giro "in red"! :)
    Parabéns!
    Um grande beijinho!

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  2. um bom poema... um bom poeta...

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  3. Lorca foi miseravelmente assassinado mas deixou-nos coisas fabulosas, como este poema...

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  4. extraordinário poema. o poeta diz a verdade. do quero-te e não me queres, digo-o para que tu me queiras e me chores...
    o poeta volta sempre

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  5. Foi, em Agosto, a 19.
    Foi assassinado. Mas ele não morreu.
    Porque continua ENORME, entre nós...

    Obrigada
    Um beijo

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  6. Quem me afaga e protege neste momento em que me faltas?
    Quero chorar meu sofrimento?
    Talvez.

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  7. o poeta nunca diz a verdade. porque ela, a verdade, não existe.

    e o Lorca é um dos meus poetas. únicos. verdade.

    beijo Isabel (fugidia...)


    B.
    ______________________

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  8. concordo com a Bandida: não há Verdade; há verdades... minúsculas e plurais... à solta, de rédea cura, às vezes...

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