quinta-feira, 16 de agosto de 2007




Figueira
ó árvore que irrompes da tua secura
suportando o penoso desdobrar de teus ramos
amaldiçoada
ofereces ainda a doçura de teus frutos
a sombra de tuas folhas
a firmeza do teu apego à terra

Ó dura bruta forma
heroína da escassez
ó teimosa
que insistes e insistes
e nos ensinas
que a vida é feita de incessantes mortes
e que a nós
suas futuras vítimas
nos aguarda
a todo o momento
a derrocada do templo
sem nenhum outro fruto
além da amargura

Ó doçura
porque amargas tanto
a nossa tentação de florir
ao mesmo tempo sendo tudo
e nada ?

Ana Hatherly, Rilkeana

10 comentários:

  1. "Tudo ou nada.
    O meio termo é que não pode ser."

    Lembrei o grande Vilarett a declamar Fausto Guedes Teixeira.

    "Amar ou odiar...ou tudo ou nada..."

    Obrigado por isso.

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  2. Vais mudando de "look" e eu baralho-me....
    Obrigada por teres trazido, aqui, Ana Hatherly...

    Beijo

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  3. Ó doçura, um beijinho e bom fim de semana :)

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  4. Isto está giraço Isabel.

    gostei das folhas, do poema, e claro, gosto de figos...

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  5. e os figos, quentes, apanhados da árvore, cheios de sol e mel, a escorrerem pelos dedos...
    maravilhosos, isabel, obrigada por mo lembrares!

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  6. Abraço figueiral e fim-de-semanal...

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  7. "D I A N T E DO LAGO OHRID EM STRUGA

    I – DE MANHÃ

    Diante deste lago
    tão vasto que parece um mar
    oiço o leve ruído das suas pequeninas ondas
    estirando-se na areia.
    Um lago é uma água prisioneira:
    só o mar atira para fora
    para longe
    Mas também o mar está preso à terra."

    Ana Hatherly

    Gostei de ver a Ana H. por cá.
    Bj

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  8. Sem palavras
    me despeço

    por hoje

    Amanhã veremos.
    Inundei-me de Beleza
    nos blogues que visitei

    Irmãos separados à nascença
    na Profusão das Palavras
    e das Imagens.

    Voltarei

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  9. Não conhecia este espaço e vejo que tenho perdido muito. Parabens por tudo, e é bastante, o que aqui está.

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