segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Foto Por Diogo Ramos Moreira


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“(…) mãe, ouve: eu não quero ser enterrado, é uma palavra tão feia, tão fria, tão fosca, tão fresca; ou sepultado, outra, rima com abandonado, excomungado, castrado e capado, dominado e descriminado – escravizado! – essas todas palavras e suas rimas e sinónimos, todas têm silêncio e quietez e eu quero ser lançado no mar e então ao menos terei ilusão de movimento, vou nascer outra vez embalado, baloiçado nas ondas todo o tempo e não vou ser pó, serei plâncton e vadiarei, vou andar no quilapanga por todas as praias do Mundo, mas se ficar aqui, mãe, ao menos aqui que seja aqui, na frente do mar, ao meu mar da nossa terra de Luanda”.



_____________________________________também. quero este querer aquático de Mais-velho, em "Nós, os do Makulusu", de José Luandino Vieira, pag 99.

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6 comentários:

  1. Obrigado, Isabel. Pela extraordinária e significativa mensagem transmitida... com o texto, a imagem, o som... e a alma!
    APF

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  2. Amostra interessante, confesso que não conhecia. É também por isso que passo por aqui, para me aproveitar do teu bom gosto e saber para novas leituras.

    Enorme abraço, IV.

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  3. Voltar à água, matriz de vida. Sempre belo de ler, Luandino Vieira.
    Convido-te a conhecer o meu espaço. Beijo

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  4. despenhadamente aqui!




    .


    ai ai ai...


    .
    volto.



    y.

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  5. ...eu também!


    Luandino. O maior escritor Angolano.

    Gostei muito deste excerto tão belo e que traduz, no fundo, a imagem ou o querer que temos da eternidade. Nunca estática e sim sempre em transformação e movimento.

    África faz-nos ver assim...e muito mais a quem lhe pertence.

    Um beijo

    enorme

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  6. Ámen !!!

    Também isso eu quero ...
    E aqui venho descobrir este belo texto de Luandino. Obrigada pela revelação.
    Um abraço.

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