Então, é um cafézinho ?
Está tanto frio ...
Hoje não come nada ? Tenho daquele queijo ...
Está tanto frio ...
Hoje não come nada ? Tenho daquele queijo ...
daquele curado, da serra.
Também tenho requeijão de Serpa ... chegou hoje, prefere ?
Também tenho requeijão de Serpa ... chegou hoje, prefere ?
Tem pão do Torrão, sr Helder ? (Tenho ali um, mas é de ontem ...)
Não faz mal, até prefiro ...
Então, parta-me uma fatia fina com requeijão e tire-me um cafézinho.
Alguns minutos depois, debruçado na mesa ...
Então, parta-me uma fatia fina com requeijão e tire-me um cafézinho.
Alguns minutos depois, debruçado na mesa ...
Trouxe-lhe o seu cafézinho (cheio em chávena fria, é dogma ... evita palavras), o pãozinho com requeijão e ... um fiozinho de mel ... vai provar este mel. Depois diga-me ...
Dobro o jornal local, que está sempre por ali, deito um olhar em busca de caras conhecidas ... mergulho naquele repasto quente, doce e único ...
entretanto, do meu canto, ouço as conversas ... enleio-me ...
observo o jeito vagaroso do Helder a "passar lustro" nos chouriços, dispostos com preceito, em exposição natalícia. Um irresistível sortido de vistosos chouriços "armadilhados" para seduzir. Um aparato que infringe qualquer norma, que supera a mais requintada embalagem.
Quando estou muito tempo fora do meu bairro, tenho saudades do café do sr. Helder e do sr. Helder !
Quando estou muito tempo fora do meu bairro, tenho saudades do café do sr. Helder e do sr. Helder !
Tenho saudades deste mimo ...
ASAE sneando ...
Este fabuloso café, vai "mudar de mãos" depois do Natal,
ASAE sneando ...
Este fabuloso café, vai "mudar de mãos" depois do Natal,
porque ... o sr Helder só trabalha com produtos cuja origem e destino ele próprio controla (selfcontrol). Com produtos dos quais se orgulha, pelos quais responde sem hesitação, com os quais gosta de brindar os clientes ... o belo bacalhau cortado "como deve de ser" ( o que já lhe custou muitas dores naquele braço direito desgastado de tantos natais), as ovas de sardinha, o presunto pata negra, as frutas da moda, as garrafinhas de um vinho especial, as compotas da Quinta velha, os bolos da Rosarinho, os sonhos da Ivone ...
No café do sr. Helder, a garantia de qualidade é ele próprio, de cara levantada, há mais de trinta anos atrás do balcão, pronto para todos os elogios (também aceita reclamações ... mas essas nem precisam de livro ... são raras, muito raras, resolvidas cara a cara, em amena cavaqueira.)
No café do sr. Helder, a garantia de qualidade é ele próprio, de cara levantada, há mais de trinta anos atrás do balcão, pronto para todos os elogios (também aceita reclamações ... mas essas nem precisam de livro ... são raras, muito raras, resolvidas cara a cara, em amena cavaqueira.)
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O cliente ter sempre razão ...
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Mas ... o sr. Helder está cansado e eu também.
Como se entrasse na casa de um amigo ...
Como se entrasse na casa de um amigo ...
confiança maior não há ...
conversamos. Confessamo-nos ...
desabafamos.
De que serve morrer saudável ?
Assepticamente só ...
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Seguramente ... um enorme desperdício.
belíssimo o grito. contra a solidão. que tanto é bairro como
ResponderEliminarcasa. rua. cidade.
um calor entrou.me de repente pela alma adentro.
sento-me contigo. bem perto. café?SIM. tomemos. aí. lá . aqui.
e
sorriso!
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Desgraçadamente.Desesperadamente. Angustiadamente. Tiram-nos tudo lentamente , como quem nos sangra a memória. As tuas palavras aqui dizem tanto tanto.
ResponderEliminarAbraço-te
Obrigada por este texto, Isabel.
ResponderEliminarDevia ser do conhecimento da AR, do governo e da ASnAE...
a qualidade de vida que (ainda) tínhamos vai-nos sendo retirada... lentamente.... suavemente.... como quem nos dá um rebuçado....
Um abraço para ti.
Um abraço para todos os Snrs. Helder que conheces (e au tb conheço alguns, felizmente...)
Voltei para dizer que é (também) assim que nos vão retirando as memórias....
ResponderEliminar... lentamente....
Belo texto. A sua “simplicidade” reduz-nos à nossa mediocridade de “escribas” fazedores de histórias com o recurso a linguagens e tramas rebuscados e artificiais como os hamburgers dos Mac’s
ResponderEliminarEstive agora em Salamanca
ResponderEliminare o que se vê por lá e a sorte que eles têm de não ter uma ASAE.
Ler-te fez-me lembrar a antiga mercearia da zona onde moro (estupidamente acabaram com os bairros...), da dona Augusta, que depois de ter trespassado o negócio, há mais de três anos, nunca mais tive um tratamento familiar, como o que tu muito bem descreves.
ResponderEliminarAs pessoas que se seguiram (três e agora está fechada...) nunca perceberam qual era o seu papel, atrás do balcão, o quanto importante era tentarem ser "primos" de todas as pessoas que vão a estes lugares, à procura do que falta nos super e hiper-mercados, a ponta de humanidade, os dedos de conversa...
Felizmente o café que frequento ainda tem dois funcionários antigos, a quem nem precisamos pedir o café...
abraço Isabel
que o caderno de campo
ResponderEliminarescreva
e
reescreva
estes
gritos
de alma
em perfeito
desespero
.
.
Senhor Helder
de
seu
nome
.
fica
a
revolta
apesar
ou
por
ser natal
.
.
um beijo
amiga!
os mimos dos nossos dias.
ResponderEliminaro bairro.
o cafe.
o sentimento de familia momentânea.
desfigurado mas seguro.
encontro de gerações.
o combate à solidão.
a garantia de um sorriso e de um bom produto.
o gosto pelo sabor, pelo quente, pela conversa rotinada, pela ausência de explicações.
fecham as portas e instala-se o silêncio. alteram-se as rotinas. as velhotas procuram outras cadeiras,aquelas até já tinham a forma dos seus rabos, outros sabores, outros cheiros...
insatisfeitas.
descontentes.
e porquê?
como é que se avalia esta qualidade? a da proximidade? a da segurança? a da palavra (?)que há muito deixou de ter valor..
que país é este?
que país pretendemos ser?
inquieta-me...
Bjs *
Os meus sinceros votos de BOAS FESTAS.
ResponderEliminarEspero que o Pai Natal seja generoso e que distribua muito amor, paz, saúde e carinho.
Mil Beijos ≈©≈♥Ňąd¡®♥≈©≈
Amiga Isabel,
ResponderEliminarEstou solidário com o que aqui se escreve.
O resultado do trabalho da ASAE será o fim do que resta da economia em pequena escala: pequeno comércio, pequenos agricultores e indústriais.
Quem prefere enchidos dum porco que sabe de que se alimentou, porque conhece a quinta onde cresceu, de que foi alimentado, porque viu ou até ajudou a matar o porco, aproveitou o sangue (que noutros casos não seria aproveitado... quantos pratos se fazem com ele...)?
Quem prefere maranhos com pele artificial (e intragável) em vez da natural (eu só deixo as linhas)?
Quem de entre os amantes do café prefere um copo plástico a uma chávena!!!!
Não bebo cerveja (pronto, confesso)... seja como for,alguém prefere cerveja num copo de plástico a beber em garrafa ou num copo de vidro!!
VOTOS DE BOAS FESTAS... mesmo com a ASAE!
Beijos dum albicastrense,
Luís Norberto Lourenço
Caríssima! Oxalá o Sr. Hélder continue a vender compotas e alheiras apetecíveis até no monitor de um computador… façanha que já não sei se será dele ou sua porque TUDO o que deambula pelo seu blog tem essa mesma aura encantatória…
ResponderEliminarconfesso que é para mim uma inspiração… tento até imitá-la… sem o mesmo sucesso obviamente… mas pelo menos tento!!
Até breve e continuação de um excelente trabalho!!
"Quem prefere maranhos com pele artificial" !?
ResponderEliminarOh Luís Norberto lourenço, nem me fale !!! Adoro maranhos. Há imenso tempo que não "os apanho" por perto, mas fico muito desiludida por saber que já não são o que eram ...
Vou ter que procurar os verdadeiros, talvez nestas férias ... :))
_______________
Obrigada a todos ...
BOM NATAL !
Anónimo (a)
ResponderEliminarAdorei ...
" alteram-se as rotinas. as velhotas procuram outras cadeiras,aquelas até já tinham a forma dos seus rabos "
Adorei, adorei mesmo esta imagem ...
Enquanto houver quem escreva assim, mesmo que anonimamente, voamos ... somos !
e Bjs ***
delicatessen
ResponderEliminargourmet
fusion
... a pouco e pouco nos apercebemos da pouca força que temos (ou usamos) para nos impôr.
:-) qualquer dia até a curvatura da banana da Madeira será regulamentada.
bj
olá isabel victor!
ResponderEliminarFeliz Natal e Bom Ano 2008 são os nossos votos sinceros:)
cineabraços
paula e rui lima
Cuidado com o requeijão.
ResponderEliminarConheço mais de uma pessoa que tiveram problemas sérios com esse tipo de queijo, "muito fresco" quando consumido.
Um post saudosista de um passado que ainda é presente mas vai deixar de o ser num futuro muito breve . Um post de afectos de uma pessoa afectuoso que se sente seres
ResponderEliminarUm beijo
de que serve viver?
ResponderEliminarou morrer?
ou sobre.Viver?
serve. sim.
para ficarmos no sossego íntimo das atmosferas.
tuas. nossas.
enorme beijo.
Como eu a entendo... Os cheiros, a organização algo caótica, a simpatia, tudo isso são marcas do comércio tradicional, que infelizmente, em muitos casos está a definhar!!
ResponderEliminarVotos de Bom Natal!
Jorge / oinventario@wordpress.com
Bom-Natal, Isabel
ResponderEliminarBeijinho
Há coisas que nunca deveriam acabar...
ResponderEliminarNão conhecia, mas fiquei com pena...
Há certos lugares em Fmalicão que são um pouco assim.
O ano passado fechou uma loja gourmet que eu adorava.
A loja ou café parece ser uma delícia.
Um beijo e feliz Natal para ti e também para o Sr. Hélder!
CSD
Para ti que me visitaste
ResponderEliminarAo longo destes poucos meses
Ofereço-te uma prenda singela
Uma estrela de mil cores
Roubei-a ao firmamento
Deposito-a na tua mão
Para que neste Natal
Te ilumine o coração
Um Santo e Mágico Natal
Doce beijo
Humm... a garota dos museus exibe a sua face oculta: sentimental, melancolicamente doce, e até romântica, ousaria dizer.
ResponderEliminarUm beijo, e tenha um Natal repleto de saúde de paz!
Querida Isabel,
ResponderEliminarBelíssimo texto. O que pintas é precisamente uma das coisas me seduzem nessa terra, aqui, nesta imensa cidade de milhões de almas, nem nso bairros, nem no trabalho encontra-se essa possibilidade de trocar com outros humanos, é tudo profissionais... dá nervos!
QUe tenhas um natal totalmente entre humanos e que possas repetir a sensação muitas vezes ao longo do ANo Novo... Feliz 2008... beijinhos, do sul.
só agora pesquisei este blogue e desde já parabens e felicidades para todos.conheço o meu amigo HELDER já há alguns anos, desde que ele começou a comprar pão do torrãopois também eu fazia parte dessa empresa, que lamentavelmente só tem o nome.O amigo Helder tinha orgulho na qualidade do seu serviço,e nos produtos que vendia.
ResponderEliminarum abraço,J.Sequeira
só agora pesquisei este blogue e desde já parabens e felicidades para todos.conheço o meu amigo HELDER já há alguns anos, desde que ele começou a comprar pão do torrãopois também eu fazia parte dessa empresa, que lamentavelmente só tem o nome.O amigo Helder tinha orgulho na qualidade do seu serviço,e nos produtos que vendia.
ResponderEliminarum abraço,J.Sequeira