quinta-feira, 9 de julho de 2009


Que cantam os poetas ______________________________ ?


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Aqui “Destino di Bai” – Poesia Inédita





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Sobre o movimento literário "Claridade" e a defesa do Crioulo

A revista literária Claridade, surgida em 1936 na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, está no centro de um movimento de emancipação cultural, social e política da sociedade cabo-verdiana. Os seus responsáveis foram Manuel Lopes, Baltasar Lopes da Silva e Jorge Barbosa, a que, dada a excepcional qualidade logo alcançada se juntaram outros.

Os fundamentos do movimento Claridade, como um movimento de emancipação cultural e política cabo-verdiana, podem encontrar-se na nova burguesia liberal do século XIX, que instituiu a Escola como elemento homogeneizador da diversidade étnica das ilhas de Cabo Verde, no pressuposto de que o processo de alfabetização e formação intelectual da população era indispensável ao desenvolvimento de uma consciência geral esclarecida.

A Escola até então em Cabo Verde havia sido eminentemente eclesiástica, pelo que o aparecimento da escola laica desencadeou uma fome de leitura e instrução que está na base do extraordinário desenvolvimento cultural de Cabo Verde nos inícios do século XX face aos territórios semelhantes.

A criação do liceu-seminário, eclesiásticos e laico, da Ribeira Brava e, depois, os liceus da Praia e do Mindelo, para além de formarem os quadros dirigentes da administração crioula, constituíram os cadinhos de onde saíram sucessivas gerações de intelectuais que estão na origem da consciencialização e da reacção contra a mão forte do processo colonialista.

A poesia romântica cabo-verdiana havia-se sido eminentemente poética e pouco política, ou seja a poesia tinha-se debruçado especialmente sobre as emoções e as afectividades, como no caso das Mornas de Eugénio Tavares, mas pouco sobre a situação social.

Embora houvesse já uma certa carga política e, inclusivamente, Eugénio de Paula Tavares tivesse sido criado pela filha de um poeta madeirense emigrado em Cabo Verde por motivos políticos, escrevendo Eugénio poesia em crioulo e, nos artigos de New Bedford, pugnado pela autonomia de Cabo Verde, que pensava que ia chegar com a implantação da República, era ainda, e também, uma atitude romântica, como se comprovou com a implantação do Estado Novo, que desenvolveu a escolaridade, mas não autorizava qualquer discussão política.

Foi nesse sentido que nasceu a revista Claridade, que entre 1936 e 1960 produziu nove números, mas que se tornaram uma referência para toda a cultura caboverdiana. Do ponto de vista literário, a Claridade marca o início de uma fase de contemporaneidade estética e linguística, superando o conflito entre o Romantismo de matriz dominante durante o século XIX, e o novo Realismo, atento às realidades do quotidiano do povo e procurando reflectir a consciência colectiva do povo caboverdiana. Vai ser assim o palco privilegiado para a apresentação do crioulo caboverdiano, que sai de uma certa clandestinidade e menoridade artística, passando a espelhar verdadeiramente um sentir universalista e independente de um povo.
As referências da Claridade apontam assim muito mais para uma universalidade que para o curto e autista universo português de então.
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