sexta-feira, 4 de setembro de 2009


Há dias, numa grande superfície comercial, reparei em duas raparigas que passeavam, cúmplices, cores de Verão, pelos corredores repletos de pastas, lápis, cadernos e outros apetrechos da dura faina do aprender (aprendendo). Também lá andava, à procura de canetas de ponta fina, deambulando entre rotring`s e esquadros, quando afinei a orelha para a conversa do lado. Uma das raparigas, colada ás prateleiras. dizia para a outra: - " Anda ver, gosto tanto deste cheiro, gosto tanto das coisas da escola, não gosto é da escola " . Dito isto, sorriu, encolheu os ombros e seguiu com a amiga para a secção dos perfumes. Perdi-lhes o rasto mas ...

fiquei a pensar nesta "escola" e lembrei-me de Agostinho _____














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"Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante — formação do carácter e desenvolvimento da inteligência —, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio; em nós temos de reconhecer o principal defeito; por consequência, também em nós a principal causa do ataque."



Agostinho da Silva, in 'Glossas'


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Pintura http://www.imanmaleki.com/

4 comentários:

  1. ...e assim se mantém o círculo imparável da ignorância e da mediocridade que tudo corrói e tudo corrompe.
    bjos

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  2. A mediocridade dos modelos escolares reflete um círculo em que o medo que o poder sempre teve de usar a liberdade como ferramenta de construção do futuro, sempre gerou novos ditadores, inseguros e medrosos, formados para impedirem os próximos de se revelarem no melhor de si.

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  3. por aqui.................
    a mesma beleza


    de sempre......


    (é bom passar por aqui...)

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