segunda-feira, 25 de maio de 2009

Fotografia http://colunas.cbn.globoradio.globo.com






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Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não astava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o facto de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.




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Mário Quintana (faleceu a 5 de maio de 1994)


Texto escrito pelo poeta para a revista "Isto É", de 14-11-1984







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7 comentários:

  1. antigamente, havia quem pussesse o cavalo no senado para insultar as cabeças pseudo-pensantes dos senadores.

    :-)


    hoje há figuras políticas sentadas na cadeira do poder que não chegam aos pés nem de Calígulas nem de Neros.

    esses ao menos eram cultos, apesar de loucos.


    Oa actuais parecem ficar ao nível, quado muito da cavalgadura de Calígula, sentada no senado, em paridade total com os seus membros.


    CSD

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  2. Sempre gostaria de ver o cavalo a virar as páginas sem polegares oponíveis. Eu já me vejo aflito para escrever num teclado! ;)

    Beijoca!

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  3. Na vida à cavalos para todos

    os coices

    pena é que alguns

    fiquem nas palhas

    a ruminar

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  4. ohhhhhhhhhhhhhhhhhh....vinha eu toda feliz roubar a "menina"Q que estava na entrada do blogue e
    pffffffffffffffffffffffffff:
    foi-se!


    buáaaaaaaaaaaaaaa....não é justo! pronto. tou zangada tão zangada que nem comento este post!

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  5. pronto...rendo-me...eu adoro o Mário Quintana!


    e está tudo belíssimo por aqui!


    para não variar.....


    e sim


    espalho beijosssssssssssssssss.

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  6. Saudades, saudades do Mario Quintana foi isso que esse post me causou. Uma saudade gostosa. abçs

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  7. gosto muito de Mário Quintana. obrigada. beijos

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