sábado, 10 de maio de 2008

Não podemos escrever sem a força do corpo (...)




Imagens http://www.stevenkenny.com/


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A escrita torna-nos selvagens. Regressamos a uma selvajaria de antes da vida. E reconhecêmo-la sempre, é a das florestas, tão velha como o tempo. A do medo de tudo, distinta e inseparável da própria vida. Ficamos obstinados. Não podemos escrever sem a força do corpo. É preciso sermos mais fortes que nós para abordar a escrita, é preciso ser-se mais forte do que aquilo que se escreve. É uma coisa estranha, sim. Não é apenas a escrita, o escrito, são os gritos dos animais da noite, os de todos, os vossos e os meus, os dos cães. É a vulgaridade maciça, desesperante, da sociedade. A dor é, também, Cristo e Moisés e os faraós e todos os judeus e todas as crianças judias e é, também, o lado mais violento da felicidade. Acredito nisso, sempre.
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Marguerite Duras, in "Escrever"





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22 comentários:

  1. extremamente belllllllllllo

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  2. não resisto

    é[s]demais

    e cada vez

    MAIS

    irresistível


    .
    um beijo

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  3. belíssimo post


    caminha-se aqui em chão de algodão,

    que é flor... da terra, como as palavras da M.Duras.

    Um beijo

    grande

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  4. É assombroso entrar aqui e ler isto.
    Talvez porque se esteja em dilema com o próprio interior, com o próprio corpo,lutando para escrever.
    E agora penso

    Se devo dar-me por vencida? :(

    Ou se calhar não foi por acaso que os ventos me trouxeram aqui agora.

    Ser-se mais forte do que aquilo que se escreve

    ... ser-se mais forte do aquilo aquilo que se escreve

    ... ... ser-se mais forte do aquilo que se escreve

    Vou.

    Reforçar-me.


    Beijo-te

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  5. É preciso ser-se mais forte do que aquilo que se escreve...

    É preciso ser mais forte que o espaço-tempo que nos trasporta para a escrita. É preciso ter força para deixar romper as palavras.

    Forte. Belo. De pulmões bem abertos.Este post.

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  6. saber-se domar os pequenos monstros...
    prossiga, senhora, por favor.

    um abraço

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  7. Bom...bom... tudo por aqui está cada vez melhor! :):)

    Magníficas palavras da Marguerite Duras!
    Um tema muito especial e delicado, um tema que me é particularmente caro...

    Adorei, Isabel!

    Bjs

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  8. Belíssimo texto de Marguerite Duras. Obrigada.

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  9. Um belo passeio pelo território da escrita e da força interior necessária para fazê-la real.
    A propósito, por falar em força, e aquelas aves na primeira fotografia, hein? Pelo visto, tomaram a poção do druida Panoramix, aquela que transmite força sobrenatural aos habitantes da aldeia de Asterix ;)
    Um beijo!

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  10. não sei...

    sinceramente...

    beijos Isabel

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  11. não podemos ser mais fortes. não podemos ser a escrita. somos a escrita. a própria força é o tamanho de nós. somos a ´própria força que é coisa que não existe. é a invenção da forma que nos surpreende na escrita. escrevemos?


    bbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb

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  12. se eu tivesse asas nos "pés" dançaria contigo assim.



    em completa maravilha.


    como não.....


    re.maravilho-me.



    grata.


    por me seres.

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  13. Tirou-me as palavras da boca, querida amiga!

    Continuo-me a maravilhar com o seu blog.

    Muito obrigada!

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  14. obrigada. os elogios vindos daqui, são maravilhosas flores

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  15. extraordinária escrita, a que nos conduz para além das palavras, que invade, muitas vezes misteriosa, o imaginário e percorre cada poro do corpo sempre com os seus signos revelando novas leituras. magnífico. abraços.

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  16. há muito que não vinha por falta de tempo e por gostar de aqui passar um bom bocado lendo-a e admirando tudo o que publica, mas hoje soube-me bem actualizar as leituras. cada vez mais bonito este blog, sem dúvida. obrigada! um grande beijinho.

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  17. atento e belíssimo post...........

    escrevemos e reescrevemos na tentativa de dizer qualquer coisa,
    quando o corpo o permite.

    é de sentidos que falamos.....

    :)




    beijo

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  18. é preciso sermos mais fortes do que nós para escrevermos... é preciso escrever...

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  19. é verdade e é belo e forte doce e amargo e dói escrever como parto sem parteira, em doces e ternos abraços ou desejos sem corpo.

    diz-se que escrever é parir...

    não podemos escrever sem a força do corpo, não podemos parir sem dor. escrever é então dor?

    Gostei muito!

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  20. Solta nota de uma flauta
    Um retrato preso à mão
    Um tambor fora do compasso
    Segue o bater de coração


    Convido-te a partilhar as emoções
    Deixadas pelos ponteiros de um relógio…


    Doce beijo

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  21. Escrever, principalmente escrever sentimentos é um grande acto de coragem aqui resumida magnificamente em apenas duas linhas. Não são precisas mais porque o silêncio que lhes segue diz o resto a cada um de nós, aquela verdade que cada um sente ecoar em si mesmo e só a si pertence.

    Um grande beijo para ti, obrigada pela visita e pelas palavras de incentivo. Até breve.

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  22. Forte o teu texto. Assim como a imagem.

    Magritte?

    Se for é um dos meus preferidos...


    CSD

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