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Fim do caminho
(..) o escritor quer muito mais do que alguma vez receberá. A sua autoridade não sai do livro para os palácios, para o trono, para o céu. A troca é mundana. Almas breves enfeitiçadas, de olhos fitos no balouçar da escrita, prontas a atirar-se no precipício do coração. Nada que possa contentar o escritor mais do que uma noite. Por isso é velho. E escreve horas a fio, como um proletário imigrante, labuta na grande obra. Já não pertence à sua terra. Pode vê-la de fora, num carrossel. Continua a obra derradeira de retirar aos outros o dom da língua. Visa apropriar-se dos modos de dizer e de sentir, instituir novas regras, que são apenas referência à sua obra: “A língua sou eu e os meus antepassados”. Escrevem em catadupa. Mas é preciso um enredo que cative. Esse o verdadeiro óbice e a verdadeira charneira da literatura, como braços de um rio.
Escrita de __________João de Sousa, visitável em http://opiniaoliteral.blogspot.com/
iv fotos. Haia Outubro 2009
Este é um conflito secular: o do escritor e a sua obra. Acredito que em muitos casos, a "criatura" torna-se libertária, escapando ao controle criador.
ResponderEliminarUm beijo!