Fotografia http://www.paulcava.com/PHOTO%20SECESSION/hoppe2.html
Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos. Duas almas que se compreendam inteiramente, que se conheçam, que saibam mutuamente tudo quanto nelas vive - não existem. Nem poderiam existir. No dia em que se compreendessem totalmente - ó ideal dos amorosos! - eu tenho a certeza que se fundiriam numa só. E os corpos morreriam.
Mário de Sá-Carneiro, in 'Cartas a Fernando Pessoa'
Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos. Duas almas que se compreendam inteiramente, que se conheçam, que saibam mutuamente tudo quanto nelas vive - não existem. Nem poderiam existir. No dia em que se compreendessem totalmente - ó ideal dos amorosos! - eu tenho a certeza que se fundiriam numa só. E os corpos morreriam.
Mário de Sá-Carneiro, in 'Cartas a Fernando Pessoa'
E "As coisas secretas da Alma" vieram muito bem pela tua mão até aqui... Embora o Caderno de Campo seja para mim a tua imagem, ainda....
ResponderEliminarBeijo
eterna mente
ResponderEliminarselectiva e muito bela
repousar os olhos
enchê.los
e
a alma
devagar
.
um beijo
não sei dizer de outro modo
ResponderEliminaro quanto me apraz
passar por aqui
.
ler.te
re ler.te
e
descansar
e
pensar
.
um beijo
..."tu ainda me chamas a tua vida...mas a vida é só o que desaparece e corre...antes me chames a tua alma é mais exacto...que como alma o meu amor não morre."...Lord Byron
ResponderEliminartão secretas que nem mesmo o corpo da alma revela. desvela.
ResponderEliminardesvelo do ar. ao lado do pensamento.
belíssimo post. AlmA.
compreendendo a incompreenão.
ResponderEliminarA moça dos museus num lugar mais intimista. A boa gente do condado sentia a sua falta.
ResponderEliminarÀs vezes, Isabel, desconfio que esses caras de antigamente eram mais espertos que os atuais. É um texto singular.
Um beijo!
P.S.: Esqueci de mencionar o charme da elegante senhora em pose discreta e da fotografia na cor sépia.
ResponderEliminarGosto de fotos assim, tenho uma pequena coleção (em sépia) recolhida de doações dos membros da minha família, tios, avós. Ás vezes mediante muita argumentação e insistência :) A mais antiga tem 81 anos.
è arrepiante ver escrito por um poeta, que nunca nos viu ou conheceu, a radiografia da nossa alma.
ResponderEliminaros corpos morrem
ResponderEliminarmas a alma , essa é imortal
acredito que um dia se encontrem
esses que se entendem em silêncios
onde os segredos não existem
onde se fundem
um beijo. tinha saudades tuas, do teu espaço. hoje estou a desforrar-me, sinto a falta sabes?
outro beijo
Não há palavras para as dizer, perderiam a alma, o sentido... perder-se-ia o sentir, seriamos menos nós.
ResponderEliminar"ó ideal dos amorosos...:))
Um beijo
grande
são segredos. só segredos.
ResponderEliminarbeijo iv!