quarta-feira, 27 de agosto de 2008

domingo, 24 de agosto de 2008

Formas





Para 4 pessoas

300 gramas de bacalhau
300 gramas de manteiga
500 gramas de batatas
pimenta
salsa (fresca)
3 ovos
sal


Deixar demolhar o bacalhau durante 24 horas. Em seguida cozinhar conjuntamente com as batatas. Tirar a pele e as espinhas ao bacalhau e descascar as batatas. Amassar as batatas e o bacalhau até que fiquem bem misturados e numa massa homogénea. Juntar a salsa picadinha. Temperar com sal e pimenta. Adicionar os ovos muito bem batidos e a manteiga. Numa forma untada com manteiga levar o pudim a forno brando até estar cozido. Servir de imediato.






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Encontrei esta forma numa loja antiga. Era única e estava ali há anos, irreconhecível, desamparada, coberta de pó, na montra de uma velha loja de ferragens em Famalicão. Por cinco euros (inflacionados), resgatei do esquecimento esta lindíssima forma de alumínio reluzente, com um vidrinho redondo, a fazer lembrar o Nautilus de uma qualquer viagem ao fundo do tempo; uma janela mágica para os saudosos acepipes da avó Amélia. Esta "engenhosa" forma, dispensa forno. Pode ser utilizada directamente sobre a chama. Assenta sobre um pequeno recipiente redondo, em cobre, que se enche de água, produz vapor e modera o tempo da cozedura. Um engenho simples e belo que nos remete para uma paisagem doméstica de outros tempos, para formas de outros conteúdos ... para outras culinárias.



De todas as formas e receitas, ficou-me o aroma e paladar do pudim de bacalhau ... redondinho, fofo e cremoso. Vou agora tentar (re)fazê-lo, lentamente ... à minha maneira (com menos manteiga), na (re)inventada forma dos meus encantos. Espero que gostem ...






Acompanha com uma suculenta e leitosa alface da horta, acabada de apanhar.


Intensamente ... terra.





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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ultima hora





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Viajo. aterrada pelas notícias que ensombram Agosto ... que quebram o descanso. que inquietam.

espreito os jornais.

inquieto-me ... as notícias correm. graves. agudas. difusas.


A eterna crise. as medalhas olímpicas que nos fogem. a falta de apoio aos atletas. o choro do Gustavo Lima traído pelo vento ...
o desânimo que nos cerca. um imenso nada que invade tudo ...
os 151 mortos no acidente de aviação em Madrid. e de novo a crise ...
o endividamento das famílias. a falta de rumo. os rumos incertos.

Mas a visão apocalíptica à porta de casa suplanta todas as notícias ! Vive-se. estranha-se ...

Faz doer e dói ainda mais, quando é mesmo à porta de casa. quando o confronto com a dura realidade tem um nome. uma rua. quando se abate sob o nosso céu. quando conhecemos as pessoas. quando a vítima era alguém que conhecíamos dali ... quando se trata de um rosto familiar que hoje, em pleno dia, tombou baleado na cabeça, assim, aparentemente, sem mais nem menos ... quando a pequena loja se chama Joias Bocage e, tal como o nome, lembra um bordado antigo.
tudo tão estranho ... tão insólito. tão inquietante.



Ás 11 da manhã, num dos dias mais de radiosos de Agosto, em poucos minutos instala-se o pânico. tudo tão perto ... tão estranhamente próximo. o coração da cidade está ferido. pressinto-o ofegante. ainda sem saber porquê aquieto-me ... inquieta.

Venho a sair de um banco. dirijo-me para o carro e, de repente, fico cercada. polícia. INEM. pessoas atónitas. perguntas. respostas. múltiplos sentidos. tudo sem sentido. estórias. conjecturas. sirenes. tudo parado. a razão cai pique sob o sol escaldante do meio dia ... em plena cidade. alguém, num ápice, perdeu a vida por nada.
é o eclipse total da razão.
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notícia de última hora, na próxima 6ª Feira, O Setubalense esgotará a edição !

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domingo, 17 de agosto de 2008

interiores


Misterieza


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“Há realidades que nunca entenderei, mesmo que esgote o vocabulário e a evocação da língua de beleza. É o inabitual que se chama mistério, corrijo – misterieza. Por esta rua, também não há sentido contrário, e penso em Benjamin, no seu suicídio permitido pelo Anjo da História, fruto de uma tentativa sem o segundo prato da balança, com as suas línguas, os animais cantores de leitura a aproximarem-se dele, e eu, uma entre eles; não sei por que nos chamamos assim, em vez de seres humanos cantores de leitura. (…) Os livros padecem de quem lê, que perdeu a capacidade de os provar; de os estimular, de os tornar fáceis sendo difíceis para o seu gosto anterior que não se desenvolveu para a flor da metamorfose; se a maior parte dos livros fossem sentimentos, seriam sentimentos mortalmente tristes, e as suas origens estariam desesperançadas. É esta conversa que tenho com os meus animais, na noite da chuva que tepidamente desce. São muitíssimos, nem sei quantos há, mas reconheço-lhes a qualidade; qualidade de recebê-los com um tom tão hospitaleiro que prefiro ser o hóspede da casa. Se eles têm nas mãos um livro, não me resigno a ele, dou-lhe luta que, às vezes, faz sangue no meu texto.”


Em "Os Cantores de Leitura", 2007

Maria Gabriela Llansol






sábado, 9 de agosto de 2008



Fotografias http://www.marcriboud.com/marcriboud/accueil.html





The tumult in the heart
keeps asking questions.
And then it stops and undertakes to answer
in the same tone of voice.
No one could tell the difference.

Uninnocent, these conversations start,
and then engage the senses,
only half-meaning to.
And then there is no choice,
and then there is no sense;

until a name
and all its connotation are the same.



Elizabeth Bishop

http://www.poemhunter.com/elizabeth-bishop/

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domingo, 3 de agosto de 2008

Eu pecadora ...


Fotografias http://www.marcriboud.com/marcriboud/accueil.html


me confesso


__________________________________________________________________________________________________________________________________e e penso ... não será este wonderful world blog, o grande confessionário dos tempos modernos ?
Encenado como todos os outros, claro ...
(em modo low profile, resumo-me ... consumo-me porque existo. confessada.mente cansada)


_____________________________________________________________________________________________________________________________Salve Salve Rainha,
Mãe de Misericórdia,
vida e doçura, esperança nossa salve!
A vós bradamos degredados filhos de Eva.
A vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia pois advogada nossa
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
e depois deste desterro mostrai Jesus bendito fruto em vosso ventre,
ó clemente,
ó piedosa,
ó doce e Santa Virgem
Maria ...






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Não sou "praticante" de nenhuma religião.
(não tenho prática em orações, mas esta poderosa litania sempre me comoveu ...
Salve Raínha ! Mãe de misericórdia ...)







degredados filhos de Eva ...



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Povo que canta não pode morrer...

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