Li num ápice " A Era do vazio " de Gilles Lipovetsky, um ensaio sobre o individualismo contemporâneo. Uma reflexão tremendamente lúcida, fundada numa perspectiva comparativa e histórica sobre o fenómeno da personalização. Reune textos publicados na década de 80 do século passado, com sugestivos títulos: sedução non stop; a indiferença pura; narcisismo ou a estratégia do vazio; modernismo e pós -modernismo; a sociedade humorística; violências selvagens, violências modernas.
" A sociedade pós-moderna é a sociedade em que reina a indiferença de massa, em que domina o sentimento de saciedade e de estagnação, em que a autonomia privada é óbvia, em que o novo é acolhido do mesmo modo que o antigo, em que a inovação se banalizou, em que o futuro deixou de ser assimilado a um progresso inelutável.
(...) A cultura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, porno e discreta, inovadora e rétro, consumista e ecologista, sofisticada e espontânea, espectacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias "
Vivemos nos tempos hipermodernos. Nos tempos do Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo: tudo é elevado à potência do mais, do maior. O termo Hipermodernidade como idéia de exacerbação da Modernidade surgiu em meados da década de 70 e ganhou destaque em 2004 graças ao estudo de autores franceses e ao livro “Os tempos hipermodernos” do próprio Lipovetsky
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As leituras recentes de Gilles Lipovetsky, Hanna Arendt, entre outras, uma forte dor de cabeça e as recentes notícias que por aí grassam, deixaram-me pensativa, aturdida.
Fiquei a olhar, semi nua, para o ecran deste meu obstinado pc, sem saber o que escrever no malvado " caderno de campo ". Indecisa sobre o sentido de tudo isto, sem saber ao que deveria dar prioridade. Vazia de ideias. Tentada a fechar o caderno por motivo de bloqueamento agudo, tal é a proliferação de assuntos quentes sem saída; tal é a violência (a "banalização do mal" Arendtiana ...), a apatia crónica (ou lucidez paralizante !) e a minha enorme falta de vontade.
Ás vezes apetece-me gritar em vez de escrever !
Apetece-me gritar sobre o problema dos cereais, sobre a fome no mundo, comentar as afirmações espantosamente desassombradas de Bob Geldof, a esperança na América de Obama, o hiperfosso entre ricos e pobres, o aquecimento global, as novas formas de escravatura ... mas também me apetecia falar sobre a abertura do Museu do Oriente (já que a Ocidente nada de novo ...), sobre o Dia internacional dos Museus, sobre a Festa de Espírito Santo no próximo Domingo na Arrábida, sobre a tragédia na Birmânia ...
Tantas coisas ... aparentemente tão desligadas e afinal tão radicalmente convergentes.
Como conjugar os grandes temas e as pequenas vidas ?
Qualquer dia asso o caderno na grelha das sardinhas :))
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" A sociedade pós-moderna é a sociedade em que reina a indiferença de massa, em que domina o sentimento de saciedade e de estagnação, em que a autonomia privada é óbvia, em que o novo é acolhido do mesmo modo que o antigo, em que a inovação se banalizou, em que o futuro deixou de ser assimilado a um progresso inelutável.
(...) A cultura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, porno e discreta, inovadora e rétro, consumista e ecologista, sofisticada e espontânea, espectacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias "
Vivemos nos tempos hipermodernos. Nos tempos do Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo: tudo é elevado à potência do mais, do maior. O termo Hipermodernidade como idéia de exacerbação da Modernidade surgiu em meados da década de 70 e ganhou destaque em 2004 graças ao estudo de autores franceses e ao livro “Os tempos hipermodernos” do próprio Lipovetsky
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As leituras recentes de Gilles Lipovetsky, Hanna Arendt, entre outras, uma forte dor de cabeça e as recentes notícias que por aí grassam, deixaram-me pensativa, aturdida.
Fiquei a olhar, semi nua, para o ecran deste meu obstinado pc, sem saber o que escrever no malvado " caderno de campo ". Indecisa sobre o sentido de tudo isto, sem saber ao que deveria dar prioridade. Vazia de ideias. Tentada a fechar o caderno por motivo de bloqueamento agudo, tal é a proliferação de assuntos quentes sem saída; tal é a violência (a "banalização do mal" Arendtiana ...), a apatia crónica (ou lucidez paralizante !) e a minha enorme falta de vontade.
Ás vezes apetece-me gritar em vez de escrever !
Apetece-me gritar sobre o problema dos cereais, sobre a fome no mundo, comentar as afirmações espantosamente desassombradas de Bob Geldof, a esperança na América de Obama, o hiperfosso entre ricos e pobres, o aquecimento global, as novas formas de escravatura ... mas também me apetecia falar sobre a abertura do Museu do Oriente (já que a Ocidente nada de novo ...), sobre o Dia internacional dos Museus, sobre a Festa de Espírito Santo no próximo Domingo na Arrábida, sobre a tragédia na Birmânia ...
Tantas coisas ... aparentemente tão desligadas e afinal tão radicalmente convergentes.
Como conjugar os grandes temas e as pequenas vidas ?
Qualquer dia asso o caderno na grelha das sardinhas :))
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Ouvem-se os gritos, ao longe.
ResponderEliminarSó isso já é motivo para não assar o caderno :)
E depois, esta música fabulosa..
"Como conjugar os grandes temas e as pequenas vidas ?"
ResponderEliminarnão se conjugam.
des.casam-se.
des.colam-se.
descosem-se.
des.roubam-nos o ar.
des.tudo.
des.não.te.beijo.:)
.
des.apareço.
.
post com "pele arrepiada". queimada de sal.
.
bom dia.
*****A.
Gedanken Bei Antretung Des Funfzigsten Jahres
ResponderEliminarMein Auge hat den alten Glanz verloren
Ich bin nicht mehr, was ich vor diesem war.
Es klinger mir fast stundlich in den Ohren:
VergiB die Welt und denk auf deine Bahr!
Und ich empfinde nun aus meines Lebens Jahren,
DaB funfzig schwacher sind als funfundzwanzig waren....
...
Du hast den Dorn in Rosen mir verkehret
Und Kielselstein zu Kristallin gegrach.
Dein Segen hat den Unwert mir verzehrer
Und Schlackenwerk zu gleichem Erz gemacht
Du hast als Nullen mich den Zahlen zgestellt;
Der Welt Geprange gilt, nach dem es Gott gefaller....
C. H. von Hofmannswaldau
não asses...
ResponderEliminargostei muito de te ler...
beijinho Isabel
(luis eme)
e a escama de sardinha é por si só um movimento...
ResponderEliminarmudar. fazer de novo. rasgar e inventar os tudos nos tubos dos opostos que afinal não são opostos mas iguais... e como estes não existem (os iguais) tudo é novo...
adorei esta sardinha, perdão escama...
:))
beijo
perdão escama??? ..... não...
ResponderEliminarperdão, escama....
ou então que me perdoam as sardinhas assadas com as escamas a gritarem impropérios ....
ResponderEliminartá quente a chama....
f***-**
:)))))))))))
perdoam???... não!!! perdoem!!!
ResponderEliminarai ai ai
às vezes
ResponderEliminardói-me a cabeça e não consigo ler.
ResponderEliminarmas
se resolveres assar alguma coisa leva a cidadela e deixa a sardinha.
Beijo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNão, isso do grelhador não. Até podes gritar à vontade, se isso te alivia. Mas continua a escrever, que sempre vou lendo, ao passo que, a esta distância, não conseguiria ouvir os gritos. Ou então conjuga tudo e grita aqui, no teclado. Como iria eu saber pormenores, por exemplo, do Museu do Oriente, se alguém (tu) não os tivesse aqui deixado? Vá, juizinho... e beijo.
ResponderEliminarmas as cinzas ficam para mim,
ResponderEliminarprometes?
guardo.as numa caixa e reconstruo o blogue .peça por peça
.
um beijo
ler-te é por si só uma lufada de ar fresco...e dizes que estás vazia de ideias...?!
ResponderEliminarAcredito que te apeteça gritar ao invés de escrever...Perante tanta modernidade, tantos 'hipers',tanto tudo e tudo tão perfeito... quantas vezes perdemos a noção da realidade?!
Um beijinho*
"Qualquer dia asso o caderno na grelha das sardinhas".
ResponderEliminarDe minha parte, não estou nem aí se o fizeres. Assados, além da superioridade no sabor, também são mais saudáveis.
Tenho algumas restrições quanto ao gralhar desses pensadores modernos, tais como Hermann Khan, Marshall McLuhan e até mesmo este Lipovetsky. Às vezes, comportam-se como vivandeiras de quartel.
O velho Lévi-Strauss não deixou bons seguidores.
Obama é um frenesi temporário, um cometa descartável. O próximo presidente dos EUA é o John McCain. Se morasse lá, votaria nele.
Um beijo!
P.S.: Obrigado pela poesia que deixou no painel do condado. Aquela boa gente festejou o seu gosto refinado.
para umas coisas tudo anda devagar
ResponderEliminarpara outras depressa demais
bj
Foi um grito, o teu
ResponderEliminarMais gritos de indignação precisam-se, mas...sair do conforto dá trabalho e enquanto a indignação ficar sentada no morno sofá a roda continua a girar até ao PUM ou PIM!!!
Beijo
grande
sobre muitas das coisas que fala, não poderei eu pronunciar-me com tanta lucidez. no entanto, quero ler esse livro, penso que é um daqueles que abre a cabeça ao meio. mas gritar faz falta- e as crianças fazem-no tão bem... ainda só li este post, mas nele as escamas brilham e gritam.
ResponderEliminarpermaneça.
e sempre a aumentar.
um abraço
...
ResponderEliminarele não se queixa se for roubado :))
Beijox
:)))
ResponderEliminarleve, prateada, irisada...
viva a escama da sardinha!
um beijo......
*
p.s.
às vezes apetece! (gritar/falar insistir.....................)
e neste blogue escama que brilha deixo um afago.
ResponderEliminarsereníssimo.
^****logo logo virá o sol.
prometo.
!!!!!
__________________.
Esta escama de sardinha soube-me tão bem, Isabel! :)
ResponderEliminarAcho que sei exactamente como te sentes... mas, por favor! :) ... resiste! Quero ver vivo o Caderno de Campo, tal e qual com essa mistura de vidas pequenas com grandes temas... manter viva a matéria do humano, demasiado humano, mesmo que seja difícil...
E que a minha vida pequena possa desfrutar dos teus grandes temas! :)
Um beijinho!
P.S. - O livro do Lipovetsky é uma excelente leitura, a Hanna Arendt também.