terça-feira, 15 de maio de 2007







A Dúvida, a Solidão, logo...
a Escrita


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Na vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o casamento, os amigos, sobretudo os amigos do casal. Tudo menos a criança. A criança nunca é posta em dúvida. E essa dúvida cresce à sua volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube. Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca.

Marguerite Duras, in 'Escrever'
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(*) Um "meme" é um " gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma".

Resposta aos estimulantes Desafios de Lauro António e de "M"

que passo a TODOS os que por aqui passarem ...
sei que estou a "subverter" as leis da cadeia "meme" , mas hoje resolvi abrir as portas. Escancarar a janela. Atirar o caderno ao ar e deixar voar as folhas soltas.
Vê-lo rodopiar e cair no chão, meio desfeito. Desalinhado.
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Caderno em revisão. Levantado do chão ? Veremos ...

14 comentários:

  1. pois... adoras desalinhar ideias...

    :)))))))))))


    beijossssssssssssssss

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Gosto de te sentir assim. Sempre nutri grande simpatia pelos contra-corrente. Que hei-de fazer ? :O)

    Beijinhos

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  4. Que história é essa de se deixar derrubar? Derramar sim... é bom se derramar e esparramar o que somos, o que pensamos q somos e o que gostaríamos de ser pelo chão, fazer os outros tropeçarem e nos cairem por cima, e contagiarem-se nesse derramamento... Mas em movimento, sempre... as folhas ganham outra ordem depoisd e espalhadas e recolhidas e está bem assim...

    Beijinhos...

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  5. Atirar o caderno ao ar e deixar voar as folhas é também uma forma de incitar à revolta do objecto. é uma maneira de os ajudar a subir na inerte condição de objecto.
    :)

    Obrigada Isabel e se quiser espreitar o site do fotógrafo que brinca com os desejos de tranformação dos objectos deixo aqui link:

    http://www.chemamadoz.com/chema_madoz.htm

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  6. Caderno espalhado, porque não?
    Levantaado do chão? Claro... espero....

    Beijo

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  7. da solidão de toda a escrita.


    ________________________


    meme para alinhares.


    ________________________imf.







    obrigada.

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  8. por acaso não sou dada a estas correntes, mas admito que esta é das mais inteligentes... não gosto muito de escrever o que os outros me mandam... mas olha, porque não?



    Sobre a Marguerite Duras: eu chego aos momentos em que desconfio de mim própria. eu chego aos incríveis e raros momentos em que confio em mim própria... e às vezes, nem chego a momento nenhum, porque eles nem estão à minha espera...

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  9. Joga... pisa... chuta... pega, depois lê, quem sabe?

    Cada lugar é uma coisa, mas cada coisa em seu lugar...

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  10. eu não

    passo

    nada

    a ninguém

    na vida
    chega

    o momrnto de

    reciclarmos

    as ideias

    eu escrevo

    logo

    existo
    música: mUse

    e
    lá me
    vão confundir

    meme
    #gene cultural"

    explicação

    pre
    ci
    sa

    .-

    se.

    se...

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  11. Um "meme" importante para pensar sobre a escrita.
    A ideia de desalinhar um pouco as coisas também foi refrescante! :)
    "O tempo, esse grande escultor..."
    Marguerite Yourcenar

    Só para participar no desalinho.
    Beijinhos

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  12. obrigada, isabel! Nada melhor do que Duras, como resposta para mim. Igual, talvez, melhor, ainda está por inventar.
    Este blog mais parece uma arca de tesouros (não deprimentes, note-se!). Está suculento!
    beijos

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