in Gi AQUI
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Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir.
Lobo inevitável
Clarice Lispector
Trecho do conto 'Os desastres de Sofia'
Lobo inevitável
Clarice Lispector
Trecho do conto 'Os desastres de Sofia'
in "Felicidade Clandestina"
provavelmente uma das Maiores.
ResponderEliminar__________________
sim!
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beijos.
e é com toda essa intensidade que o lobo é o único animal fiel...
ResponderEliminarresta para os outros o despotismo, a clandestinidade, o laissez faire, laissez passer.
e a amargura de tudo isso...
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beijos
Típico de um «par alfa». Ama, protege, decide. Uma questão de sobrivência dizem uns, eu digo por amor.
ResponderEliminarBeijinhos , boa semana
Creio que foi por causa de um poema dela que comentaste pela primeira vez no meu blogue :)
"IMF", Sim ... e tu POET o sabes bem !
ResponderEliminar"Letras de Babel" - a intensidade doi mas é a unica que vale a pena ! Que é plena. Humaníssima no seu TOTAL esplendor. Doi e (por vezes) faz doer. Doi, mas não corroi ... é tudo ou nada.
"GI" , pois foi tudo começou com Clarice Lispector ... abençoada ! Ela é genial ...
Não é fabulosa a Clarice?
ResponderEliminar"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector.
ResponderEliminarEu diria que desabrochou algo bem profundo da alma humana.
A porta impressiona, o texto também...
ResponderEliminarGrande museu que tens aqui, Isabel.
A pintura é muito bonita e faz-me pensar. Quanto ao texto da Clarice, adoro! É uma das minhas escritoras preferidas. Um excelente post onde tudo foi bem escolhido!
ResponderEliminarBom feriado, Isabel!