Aproveitando o tempo de espera na longa fila de acesso ao celebérrimo "Musée du Quai Branly" http://www.quaibranly.fr/ en bord de Seine ... captei, numa nesga de luz, em fim de tarde, a elegante Torre Eiffel, ícone da modernidade parisiense, a esgueirar-se por entre a fabulosa arquitectura de Jean Nouvel, que dá corpo a mais recente obra museológica da capital francesa, lembrando que o dito "Primeiro mundo" se mantém altivo, ironicamente sobranceiro relativamente aos tesouros artísticos de mundos antigos espoliados e/ou destruídos, aos seus pés, sob o peso do ferro e a ganância do ouro.
Alguém dizia e eu subscrevo, que o " Musée du Quais Branly " é um dos mais atraentes guarda- joias do império das luzes. Na verdade, trata-se de um riquíssimo acervo de artes primeiras e não artes primitivas, como até então se designaram numa abordagem evolucionista e etnocêntrica.
Porém, numa leitura mais atenta, verifica-se que mudou a designação mas não o conceito. O programa expositivo idolatra objectos mas pouco fala das pessoas que os criaram, dos seus usos e dos contextos culturais que os geraram.
Os visitantes sucumbem ao esplendor do exótico e " traquilizam-se " com o cativeiro dourado que retém estes pedaços de tempo e de matéria, numa ilusória eternidade.
Fica-se extasiado com a beleza, estranha-se a arte, mas pouco se fica a saber sobre os artistas e os universos da criação.
Realmente, o " Musée du Quais Branly " é um fabuloso guarda-joias que atrai e seduz.
Inquietantes são os lamentos que ecoam, em surdina, destas preciosidades, quando as queremos escutar. Perscrutar com a seriedade da História (com "H" grande). Entender os dilemas das suas enigmáticas derivas, os caminhos tantas vezes conturbados que as conduziram ao altar museológico em que agora se exibem.
Collections, conteúdo riquíssimo
Bâtiment , envólucro perfeito e inovador. Parte das reservas do museu (os instrumentos musicais) são centrais e visíveis. Dispostas num imenso cilindro de vidro que constitui o eixo da espiral de acesso aos pisos da exposição permanente.
Controverses autour de sa création mas ... o discurso museológico é démodée.
Esta dissonância entre forma e conteúdo gera desconforto e espelha os preconceitos que ensombram a pátria de l` égalité, fraternité, liberté .
O acervo do museu é constituído por cerca de 70 000 objectos (3500 em exposição permanente), maioritariamente provenientes do Maghreb, da Africa subsarina, da Austrália (aborígenes) e de Madagascar.
O " musée du Quai Branly " alberga um dos maiores fundos de arte africana do mundo. Assim o consiga fazer "falar" e talvez lhe descubra a riqueza ...
por agora fica-se pelas aparências.
A propósito ...
«Quand Stéphane Martin m'a dit que son musée était un "environnement neutre, sans orientation esthétique ou philosophique", j'ai cru qu'il plaisantait. Pas du tout», s'étonne l'auteur. Qui poursuit le massacre : «Si on avait demandé aux Marx Brothers un musée pour les peuplades primitives, ils auraient créé ces galeries : une jungle effrayante, rouge, noire et boueuse, un accrochage sans logique apparente, un lieu à l'apparence excitante au premier abord, mais qui, à l'évidence, est conçu de travers. L'endroit n'a tout simplement aucun sens. Le vieux et le neuf, le beau et le médiocre, tout est empilé, sans rime ni raison, sinon la recherche d'une théâtralité visuelle.»
Le journaliste américain reproche au musée de s'offrir en «spectacle», abolissant la signification des objets exposés pour ne fournir «comme seul sens que le musée lui-même». «Le colonialisme de jadis remplacé par un nouvel avatar de la condescendance française...», conclut-il, assurant que «le désarroi» est général parmi les directeurs de musée, anthropologistes ou historiens de l'art dans le monde, devant cette «opportunité ratée et une entreprise aussi inexplicable».
Par Vincent NOCE
QUOTIDIEN : Mardi 25 juillet 2006
http://www.liberation.fr/culture/195174.FR.php
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Que bom viajar pelos teus olhos de boleia com as tuas palavras...
ResponderEliminarDoce beijo
Quem me leva de novo a Paris ganha-me para toda a vida!
ResponderEliminarUm beijo.
Muito nos contas Isabel...
ResponderEliminarEste banho de cultura logo de manhã soube bem Isabel. Bem voltada. Mais logo com tempo vou cuscar tudo o que aqui colocaste, já sabes que gosto. Amanhã compenso-te no meu. Pode ser?
ResponderEliminarbeijos
E finalmente, o post que faltava! Pena é que os comentários não reproduzam a acutilância ou promovam a discussão e o diálogo. Aqui está mais em vogue a tirada poética e o incontornável "beijo" no final...
ResponderEliminarQuanto ao Museu já falámos ao jantar. À semelhança das caves do Louvre, trata-se de um depósito do espólio fruto de pilhagens e saques em prol do "mundo civilizado"... Enfim... É certo que mudaram as mentalidades mas pena é que não nos possamos rever nessa mudança com actos em vez de teorias. A seguir à segunda guerra mundial a Alemanha foi obrigada a restituir todas as obras e artefactos que havia roubado aos países europeus por ela ocupados. Todos achámos bem, justo, eram europeus, civilizados... Já quando se trata de ser igualmente justo com os continentes vizinhos (pobres e por nós secularmente martirizados) somos arrogantes.
Triste, muito triste... E pronto, lá nos vamos nós pavoniando com tais riquezas roubadas e feitas nossas, às quais nem damos a honra de um autor.
Beijinho
Paris é a nossa cidade ou melhor... a cidade... depois a Torre Eiffel é uma das nossas recordações aqui na sala, através das fotos da sua construção, compradas num dos muitos livreiros que navegam nas margens do Sena.
ResponderEliminarPS- Esperamos que tenha visitado a Nova Cinemateca, está linda!!!
abraço cinéfilo
paula e rui lima
Pena terem sido poucos dias... né?
ResponderEliminarBeijo
Hummmm que saudades de paris, das noites nos Campos Eliseos e de passear pelas ruas no verão.
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