sexta-feira, 30 de maio de 2008

MUSE(AL) - Revista de Museologia dos Museus do Algarve _____Nº3____ re-conhecer as fronteiras. Transgredi-las !










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Foi lançado ontem, em Faro, o nº3 da MUSEAL - revista de Museologia do Museu Municipal de Faro.


A MUSEAL apresenta um número ibérico que conta com a participação de investigadores portugueses e espanhóis. O tema deste número é “Museus de Fronteira. Fronteira como Museu”.

Com uma excelente apresentação gráfica, A MUSEAL está dividida em quatro partes:

O património sem fronteiras; Museus de fronteira marítima; Dois Museus de fronteira e Museus das regiões de fronteira. Na revista constam ainda os Prémios 2006 da Associação Portuguesa de Museologia e a Carta de Princípios da Rede de Museus do Algarve.

A MUSEAL recebeu o Prémio APOM 2006 na categoria de “Melhor Trabalho de Museologia”





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Informações complementares podem ser solicitadas ao Museu Municipal de Faro - Praça D. Afonso III, 8000-167 Faro. Telf. 289 897 400/1/2; e-mail: dmm.drp@cm-faro.pt



http://ml.ci.uc.pt/mhonarchive/archport/msg00415.html

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

















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Move-se ela própria na procura do que apaixona, leva oásis a cantos desertos do eu vacilante. Essencial é emergir do mergulho das aparências para a primazia da revelação.Sai-se do desconhecido, quebra-se magia, reforça-se um laço. Cada nova dança é um reviver irracional de esplendor momentâneo. Não importa. Acrescenta-se ao caderno de memórias.






















quinta-feira, 22 de maio de 2008

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"A realidade não é o que vejo mas o
que imagino para ser verdade"

José Gomes Ferreira



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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Renda - (se) . Rendo-me ...


http://www.humanizandorelacoes.com.br/



Renda-se, como eu me rendi.

Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.

Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.



Clarice Lispector

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Dupla Harmonia



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pensar, soñar y crear el museo que nos hace falta....




DIA INTERNACIONAL DE LOS MUSEOS

Este día 18 de mayo se conmemora el día internacional de los museos o de la institución museo, un momento oportuno para reflexionar sobre lo que hemos realizado y lo que nos falta por hacer... El museo como espacio educativo y cultural tiene el gran reto de convertirse en la conciencia de la sociedad, es decir, en el conocimiento de la realidad que se vive... El museo no debe ser por ningún motivo un aparato ideológico de estado, no debe servir a intereses particulares ni de grupo, debe ser reflejo de la diversidad de opiniones sobre lo que acontece, de lo que ya pasó y de lo que queremos ser... El museo es un centro cultural que se alimenta y se nutre de lo que la sociedad piensa y produce, no es un instrumento de políticos, gobernantes, especialistas, empresarios y académicos, es un instrumento que investiga, conserva y difunde el patrimonio natural y cultural de un continente, de una nación, de una comarca, de una región, de un municipio, de un pueblo o de una comunidad, que se construye con el concurso de todos, con la diversidad necesaria, con la tolerancia, con la polémica, con la contradicción... El museo no es el mundo feliz que quieren vendernos los gobernantes, los "especialistas" o los poderosos, el museo es un espejo de este mundo convulsionado: intereses, conveniencias, ambiciones, logros, fracasos, odios, guerras, alegrías, tristezas, naturaleza viva, contaminación, violación a los derechos humanos, movimientos de liberación, dictaduras, hambre, riquezas, llanto, dolor, records, hermandad, delicuencia, muerte, tradiciones, costumbres, colores, sabores, amor y desamor, amargura, inteligencia, agua, tierra, viento, pasado, futuro y presente... ese es y debe ser el museo de hoy y siempre, un espejo fiel de la realidad y diez mil explicaciones y soluciones a la misma....

Este 18 de mayo, es el momento clave para atrevernos a pensar, soñar y crear el museo que nos hace falta....


RAÚL ANDRÉS MÉNDEZ LUGO
MINOM - México

http://www.minom-icom.net/



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O móbil “Peixes e Pássaros” com três metros de diâmetro por quatro de altura, constituído por mais de 700 peças interligadas, é a obra central da exposição “Tudo Dança”, inaugurada no dia 17 de Maio no Museu do Trabalho Michel Giacometti.A peça, elaborada por mais de 30 utentes do CAO1 – Centro de Actividades Ocupacionais da APPACDM de Setúbal, pólo do Museu do Trabalho, assinalou a abertura da exposição, inserida nas comemorações da Noite dos Museus e do Dia Internacional dos Museus.“Quem vier ver esta obra nunca mais vai dizer ‘coitadinhos’, porque dizer isso é uma estupidez” perante a qualidade artística da obra, declarou Niels Fischer, artista plástico, mentor e mecenas da exposição itinerante “Tudo Dança”. A monumentalidade da obra foi realçada pela artista plástica Cláudia Pujol, uma das pessoas que monitorizaram a obra, sob orientação de Fischer. O móbil levou quatro meses para “estar de pé” e é composto por 270 pássaros e 480 peixes pintados em papel plastificado, peças interligadas por 600 metros de fio de nylon.“Simboliza a ligação do mar à terra e as relações entre os peixes e os pássaros, assente na dualidade.Estão presentes a calma e o caos”, indicou Cláudia Pujol. A exposição “Tudo Dança” recai sobre a obra de Hans Christian Andersen, servindo os contos do escritor de mote às peças apresentadas, elaboradas por pessoas provenientes de variados contextos sociais, nomeadamente cidadãos portadores de deficiência ou de doença, estudantes e presidiários. Numa conferência que antecedeu a inauguração da exposição, o artista plástico dinamarquês Niels Fischer salientou que “esta exposição tem de decorrer de forma anónima”, importando saber que foram “pessoas” que elaboraram as obras expostas e não os seus contextos de vida, razão pela qual não é possível encontrar nestas a identificação dos autores. Embora a exposição seja temporária, estando patente até 5 de Julho, é política do Museu do Trabalho Michel Giacometti guardar em registo permanente uma peça de cada mostra que passa por este espaço, o que, neste caso, sucede com o móbil “Peixes e Pássaros”.“Tudo Dança” é uma exposição itinerante que, até ao fim do ano, percorre localidades como Lisboa, Alcochete, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Torres Novas e as ilhas das Flores e do Corvo, nos Açores, encontrando-se actualmente em simultâneo em Palmela. Nos materiais expostos contam-se edições históricas, uma com ilustrações originais datadas de 1857, quadros temáticos e ilustrações de artistas portugueses, esculturas, peças de cerâmica e joalharia, materiais alusivos aos contos do escritor, e o filme “Hans Christian Andersen – O Amigo Dinamarquês”, produzido e apresentado pela RTP, que é divulgado nos locais das exposições.

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domingo, 11 de maio de 2008

Nós trabalhamos com as máquinas !


“NÓS TRABALHAMOS COM AS MÁQUINAS !”


DA OFICINA AO MUSEU
Polo Museológico


Exposição, in situ, das máquinas e ferramentas que integraram, nos últimos, 30 anos, a oficina de artefactos metálicos para dossiês, calendários e arquivos do CAO 1/ APPACDM em Setúbal, numa oficina-museu que constitui hoje um Polo visitável do Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal.


Nesta oficina laboram, desde o início da década de oitenta, mais de três
dezenas de cidadãos deficientes, treinados com persistência e mestria, para operar com máquinas de serralharia e mecânica, engenhosamente adaptadas, nas décadas de setenta e oitenta, por um experiente mestre de oficina (O mestre Lima, pai de um utente) e por uma terapeuta ocupacional.

Ele melhorava as possibilidades das máquinas e ela as possibilidades das pessoas, na tentativa de minimizar os riscos e aumentar a eficiência da oficina.

Deste aperfeiçoamento técnico nasceram novos saberes e uma tal identificação entre o operador e a máquina que os tornou inseparáveis. Através das máquinas (extensão da sua eficiência) estes cidadãos sentem-se seguros e aptos. Sabem falar do que fazem, têm as palavras certas para designar as acções e as competentes habilidades manuais para as executar.

As regras e valores oficinais, base do aprendizado, contribuíram para interiorizar códigos de socialização, elevar a auto-estima e reforçar a identidade do grupo.

Hoje, limitada pelas normas de produção e pela idade dos operadores, esta oficina convertida em museu, oferece a possibilidade de visitas guiadas, que dão a conhecer esta extraordinária aventura contada e exemplificada pelos próprios, apoiados por técnicos da instituição, que entenderam o papel das memórias como terapia e dos museus na contemporaneidade com espaços de comunicação, socialização e aprendizagem.

Esta circunstância histórica (esta “bolha” no tempo) permitiu ainda que Setúbal, uma cidade tradicionalmente conserveira, possa apresentar um conjunto notável de máquinas e ferramentas contemporâneas dos primórdios da indústria, intactas e a funcionar.
Ironia do destino, tal só foi possível, porque mãos hábeis de pessoas deficientes, adestradas com eficiência, foram capazes de tal proeza.



sábado, 10 de maio de 2008

Não podemos escrever sem a força do corpo (...)




Imagens http://www.stevenkenny.com/


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A escrita torna-nos selvagens. Regressamos a uma selvajaria de antes da vida. E reconhecêmo-la sempre, é a das florestas, tão velha como o tempo. A do medo de tudo, distinta e inseparável da própria vida. Ficamos obstinados. Não podemos escrever sem a força do corpo. É preciso sermos mais fortes que nós para abordar a escrita, é preciso ser-se mais forte do que aquilo que se escreve. É uma coisa estranha, sim. Não é apenas a escrita, o escrito, são os gritos dos animais da noite, os de todos, os vossos e os meus, os dos cães. É a vulgaridade maciça, desesperante, da sociedade. A dor é, também, Cristo e Moisés e os faraós e todos os judeus e todas as crianças judias e é, também, o lado mais violento da felicidade. Acredito nisso, sempre.
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Marguerite Duras, in "Escrever"





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sexta-feira, 9 de maio de 2008

The Blindfold


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Os objectivos de desenvolvimento do milénio








Na "Cimeira do Milénio" da ONU, que teve lugar em Setembro de 2000, os países membros assinaram, em conjunto, uma declaração, a Declaração do Milénio, que fixou 8 objectivos de desenvolvimento específicos, a serem atingidos até 2015. Estes objectivos, chamados os "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio" (ODM), podem ser resumidos da seguinte forma:



1 Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome


2 Alcançar o ensino primário universal


3 Promover a igualdade entre os sexos


4 Reduzir em dois terços a mortalidade infantil


5 Reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna


6 Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças graves


7 Garantir a sustentabilidade ambiental


8 Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento





Muitas ONG adoptaram estes objectivos como seus próprios até 2015, conduzindo as suas estratégias, dentro da sua área e em consonância com os ODM. A oikos tinha, já em 2000, uma estratégia que se adequava a estes, pois as oito questões sempre estiveram dentro das suas preocupações.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Isto não é um post é uma escama de sardinha


Li num ápice " A Era do vazio " de Gilles Lipovetsky, um ensaio sobre o individualismo contemporâneo. Uma reflexão tremendamente lúcida, fundada numa perspectiva comparativa e histórica sobre o fenómeno da personalização. Reune textos publicados na década de 80 do século passado, com sugestivos títulos: sedução non stop; a indiferença pura; narcisismo ou a estratégia do vazio; modernismo e pós -modernismo; a sociedade humorística; violências selvagens, violências modernas.

" A sociedade pós-moderna é a sociedade em que reina a indiferença de massa, em que domina o sentimento de saciedade e de estagnação, em que a autonomia privada é óbvia, em que o novo é acolhido do mesmo modo que o antigo, em que a inovação se banalizou, em que o futuro deixou de ser assimilado a um progresso inelutável.
(...) A cultura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, porno e discreta, inovadora e rétro, consumista e ecologista, sofisticada e espontânea, espectacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias "

Vivemos nos tempos hipermodernos. Nos tempos do Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo: tudo é elevado à potência do mais, do maior. O termo Hipermodernidade como idéia de exacerbação da Modernidade surgiu em meados da década de 70 e ganhou destaque em 2004 graças ao estudo de autores franceses e ao livro “Os tempos hipermodernos” do próprio Lipovetsky


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As leituras recentes de Gilles Lipovetsky, Hanna Arendt, entre outras, uma forte dor de cabeça e as recentes notícias que por aí grassam, deixaram-me pensativa, aturdida.
Fiquei a olhar, semi nua, para o ecran deste meu obstinado pc, sem saber o que escrever no malvado " caderno de campo ". Indecisa sobre o sentido de tudo isto, sem saber ao que deveria dar prioridade. Vazia de ideias. Tentada a fechar o caderno por motivo de bloqueamento agudo, tal é a proliferação de assuntos quentes sem saída; tal é a violência (a "banalização do mal" Arendtiana ...), a apatia crónica (ou lucidez paralizante !) e a minha enorme falta de vontade.

Ás vezes apetece-me gritar em vez de escrever !

Apetece-me gritar sobre o problema dos cereais, sobre a fome no mundo, comentar as afirmações espantosamente desassombradas de Bob Geldof, a esperança na América de Obama, o hiperfosso entre ricos e pobres, o aquecimento global, as novas formas de escravatura ... mas também me apetecia falar sobre a abertura do Museu do Oriente (já que a Ocidente nada de novo ...), sobre o Dia internacional dos Museus, sobre a Festa de Espírito Santo no próximo Domingo na Arrábida, sobre a tragédia na Birmânia ...

Tantas coisas ... aparentemente tão desligadas e afinal tão radicalmente convergentes.
Como conjugar os grandes temas e as pequenas vidas ?



Qualquer dia asso o caderno na grelha das sardinhas :))

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Museu do Oriente


O Museu do Oriente, que será inaugurado amanhã, dia 8 de Maio, em Lisboa, vai funcionar como um centro cultural e terá uma programação que inclui cinema, música, dança, teatro, além das exposições voltadas para a Ásia.
Instalado junto ao Tejo, num edifício construído nos anos 40 para receber os Armazéns Frigoríficos do Porto de Lisboa e agora totalmente recuperado, este projecto da Fundação Oriente vai ocupar uma área de 15.500 metros quadrados, com seis pisos à superfície e uma cave.

O museu, apresenta duas exposições de carácter mais longo - "Presença Portuguesa na Ásia" e "Deuses da Ásia" - e uma exposição temporária, "Máscaras da Ásia".
A primeira exposição tem 1.400 peças alusivas à presença portuguesa no Oriente (essencialmente obras adquiridas pela Fundação ao longo de 20 anos) e a exposição "Deuses na Ásia" reúne 650 peças da colecção Kwok On (instrumentos musicais, marionetas, pinturas, porcelanas e lanternas, por exemplo).
A colecção Kwok On é constituída por mais de 13 mil peças de arte popular de toda a Ásia, que serão expostas em ciclos.

Na galeria de exposições temporárias ficará durante seis meses a mostra "Máscaras da Ásia", composta por mais de 200 máscaras da Índia, Sri Lanka, Tailândia, China, Coreia e Japão.
A partir de Setembro, haverá uma outra exposição temporária com obras de jovens pintores chineses.

Nos primeiros dias, o Museu do Oriente vai apresentar uma peça musical desenvolvida pelo pianista Mário Laginha, que convidou alguns instrumentistas orientais (do Vietname, da Índia e do Japão) para o acompanharem.

O Museu do Oriente tentou criar parcerias com eventos que já têm uma tradição na cidade, como é o caso destes festivais, apresentando "a componente oriental" das suas programações, segundo um responsável da Fundação Oriente.
Para a programação do primeiro mês foi ainda anunciado um espectáculo com a fadista Ana Moura, no dia 17.
O Museu do Oriente tem também actividades lúdicas e pedagógicas, a cargo do Serviço Educativo, incluindo visitas guiadas gerais e temáticas.
Estão previstos cursos de línguas orientais, workshops de yoga, de cozinha vietnamita ou de "chá com arte", a par de ateliers de pintura e caligrafia e de actividades para crianças.

Nos primeiros dias, os mais novos podem aprender com elementos do grupo Ekvât, de música tradicional de Goa, passos de uma dança de curumbins e canções em concani (língua falada em Goa) ou ainda experimentar os trajes típicos.
O edifício da zona portuária de Alcântara foi totalmente remodelado para acolher as várias componentes do museu, num projecto que ficou a cargo dos arquitectos Carrilho da Graça e Rui Francisco, com um pequeno jardim concebido por Gonçalo Ribeiro Telles.

Na cave, ficam instalados o centro de documentação (que pretende constituir uma referência na pesquisa de informação sobre a Ásia e as suas relações com Portugal) e uma cafetaria.
Os três primeiros pisos são destinados às exposições, no terceiro piso ficam as reservas e áreas técnicas afectas ao acervo museológico e acima estão o centro de reuniões (com cinco salas), o auditório com 360 lugares e um restaurante com vista sobre o Tejo.
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Fonte : © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Obituário

Fotogafia de Jill McLaughlin




Forwarded Message
From: antropologia <antropologia@fcsh.unl.pt>


Jill Dias
20.03.1944 –28.04.2008

Jill Rosemary Dias, nasceu no Reino Unido vindo depois a nacionalizar-se portuguesa, (continuando a assinar Rosemary em vez de Rosa Maria como a nacionalização lhe impusera). Obteve o seu doutoramento em Oxford em 1973. Desde 1982 que integrava o Departamento de Antropologia da Universidade Nova de Lisboa onde assumiu o lugar de Professora Catedrática em 1996.

Desde o início do seu trabalho tutelado por instituições portuguesas - encetado com a pesquisa arquivística das fontes relativas à História do século dezanove em Angola – que se rebelou, pioneira mas discreta, contra constrangimentos disciplinares. Na verdade, simplesmente se mantinha alheada desses limites, como de os que formalmente separam nacionalidades, instituições, estatutos ou idades.

Foi a marca dessa tranquila renitência que deixou nos cargos que exerceu no Departamento de Antropologia da FCSH – a que presidiu empenhada durante vários anos - e junto dos colegas e estudantes, desse e doutros departamentos, por quem era particularmente querida.

Terá sido o mesmo espírito que a levou a estimular e agregar jovens investigadores de diferentes áreas, a fundar o Centro de Estudos Africanos e Asiáticos do IICT – Instituto de Investigação Científica e Tropical – que dirigiu desde 1986, e a fundar a Revista Internacional de Estudos Africanos.

A sua obra, reconhecida nacional e internacionalmente, inspirou de modo decisivo a investigação contemporânea na Antropologia Colonial e Pós-Colonial e na História da África Lusófona. O seu incentivo e apoio absoluto a todos os que ambicionavam pesquisar nessas áreas, multiplicou-a.

As suas aulas foram espaços de exemplar convivência da sensibilidade com a Ciência.

Recentemente integrou o CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia – com o entusiasmo discreto mas cintilante que levava para cada novo desafio.

Traços raros de carácter, como a sua discrição, mas eventualmente mais ainda, a sua inesgotável generosidade e disponibilidade profissional e pessoal, poderiam ter ofuscado o seu enorme talento e produção criativa e diversificada. Mas antes se aclararam mutuamente, para melhor ainda nos iluminarem.

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Fotografia http://www.paulcava.com/PHOTO%20SECESSION/hoppe2.html


Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos. Duas almas que se compreendam inteiramente, que se conheçam, que saibam mutuamente tudo quanto nelas vive - não existem. Nem poderiam existir. No dia em que se compreendessem totalmente - ó ideal dos amorosos! - eu tenho a certeza que se fundiriam numa só. E os corpos morreriam.





Mário de Sá-Carneiro, in 'Cartas a Fernando Pessoa'

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O TRIGO MOURISCO



Recorte em papel feito por Hans Christian Andersen



Muitas vezes, após uma trovoada, ao passar-se por um campo de trigo mourisco, pode ver-se como ficou todo chamuscado. É como se o fogo tivesse passado por ele e o camponês dá-nos a explicação seguinte: "Foi um raio!" Mas porquê? Pois vou contar-lhes o que disse a um pardal um velho salgueiro que se encontrava perto dum campo de trigo mourisco e ainda lá está. É um salgueiro grande e venerável, mas enrugado e velho, um pouco rachado ao meio, com uma fenda onde crescem ervas e sarças. A árvore está um pouco tombada para a frente, e os ramos pendem para o solo, como se fossem uma longa cabeleira verde.
Em toda a volta havia campos de cereal, de centeio, de cevada e de aveia, a bela aveia que, quando está sazonada, parece um enorme bando de pequeninos canários amarelos pousados num ramo. Os cereais são assim uma bênção de Deus e quanto mais pesados estão, mais baixos se inclinam em humildade.
Mas havia também um campo de trigo mourisco, bem perto do velho salgueiro, que não queria nunca inclinar-se como os outros cereais; sempre se mantinha direito, orgulhoso e altivo.
— Sou tão rico como a espiga de trigo — disse ele. — Sou, além disso, mais bonito. As 15 minhas flores são tão belas como as da macieira, e é um regalo olhar para mim e para a minha floração. Conheces algo de mais belo, velho salgueiro? O salgueiro abanou a cabeça, como quem diz "pois claro que conheço", mas o trigo mourisco inchou de orgulho e exclamou: — Árvore estúpida, tão velha estás que te crescem ervas na barriga!
Então rebentou uma terrível trovoada. Todas as flores dobraram as folhas ou inclinaram as cabeças, enquanto passava a trovoada sobre elas. Só o trigo mourisco continuava com a cabeça erguida, no seu orgulho.
— Abaixa a cabeça, como nós! — disseram as flores.
— Não tenho nenhuma necessidade disso! — respondeu o trigo mourisco.
— Abaixa a cabeça como nós! — gritou o trigo. — Vem aí o Anjo da Tempestade! Tem asas e com elas alcança tanto o céu lá em cima como a terra cá em baixo. Pode ceifar-te sem teres sequer tempo de pedir-lhe mercê.
— Está bem, mas eu não vergo! — retorquiu o trigo mourisco.
— Anda, fecha as flores e dobra as folhas! — disse o velho salgueiro. — Não olhes para cima, para os raios, quando as nuvens rebentam. Nem os próprios homens o podem fazer, pois que por eles é possível olhar para dentro do Céu, mas isso é bastante para os cegar. E o que nos aconteceria a nós, plantas da terra, se o ousássemos fazer, nós que somos muito menos?
— Muito menos? — disse o trigo mourisco. — Pois vou mesmo olhar para dentro do Céu! E foi isso que fez, com presunção e orgulho. Caiu então uma faísca tão grande que parecia que toda a terra ardia em chamas.
Quando o mau tempo passou, sentiram-se as flores e os cereais numa atmosfera calma e pura, refrescada pela chuva; mas o trigo mourisco ficara completamente queimado, reduzido a carvão pelo raio. Era agora uma erva inútil e morta no campo.
O velho salgueiro agitava os ramos ao vento e deixava tombar grandes gotas de água das suas folhas verdes, como se chorasse. Os pardais perguntaram-lhe:
— Porque estás a chorar? Não é tudo maravilhoso? Repara como brilha o sol e deslizam as nuvens. Não sentes o perfume das flores e dos arbustos? Porque choras, pois, velho salgueiro?
Então, o salgueiro falou-lhes do orgulho e da presunção do trigo mourisco e do seu castigo. É sempre assim. Eu, que escrevi este conto, ouvi-o duns pardais. Contaram-mo uma tarde em que lhes pedi uma história.



Hans Christian Andersen






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