domingo, 11 de janeiro de 2009

tranquilamente para a morte __________________


Eu próprio me condenei
verto o meu veneno quotidiano
colher após colher, engulo-o
provavelmente de manhãs
em falta depois do pôr-do-sol
ou quando os pássaros e os insectos se deitam
Com a firmeza dum homem que avança
tranquilamente para a morte
levo o veneno aos lábios
bebo-o gota a gota, e rio
a bandeiras despregadas
choro a bandeiras despregadas
assusto-me a bandeiras despregadas
Medicado com os meus venenos subo para
o trono do "Não"
estremeço enlouquecido
e abraço a minha morte quotidiana

(...)

ALI FUDAH
in Pequena Antologia da Poesia Palestiniana Contemporânea
Selecção e tradução de Albano Martins
Edições ASA, 2004



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6 comentários:

  1. Não conhecia

    ...é forte

    o trono do "Não"!



    Obrigada

    beijo

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  2. um outro modo de poetar...árabe....


    são de alma ferida normalmente os gritos que sopram das areias.




    já conhecia. mas é especial ver aqui.



    beijo. te.

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  3. Tranquilamente. Será

    K bem.

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  4. É o primeiro poema Árabe que leio. Gostei. Não conheço poemas árabes ou escritores árabes. Não me vem ninguém na memória. Rumi senão me engano é um poeta árabe, mas li muito pouco sobre ele e poemas dele. :)

    Abraço,

    R.Vinicius

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  5. bo...

    a divasecontrabaixos também tem postado bastante poesia palestiniana.


    Do melhor.

    Csd

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  6. A situação actual tem sido considerada muito difícil. De cada vez que entro neste espaço de reflexão, para ler, distraio-me com as imagens e imagino sons, em brincos de pérola...
    (Maldito Veneno)

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