São horas do " Portugal em directo ". Acabo de chegar a casa. Fechei a porta ao frio e, num gesto rotineiro, dirigi-me à sala. Peguei no comando e liguei maquinalmente a televisão para ouvir gente e sentir os rumores do mundo.
Seguindo a rotina, preparava-me para dar meia volta, virar as costas ao televisor, largar as botas, mudar de roupa e vingar a fome de um almoço passado em claro.
Mas ... fiquei ali perfilada, em frente ao ecran, de casaco, luvas e cachecol.
No meio da sala, de mala ao ombro, nem dei pelo tempo. Fiquei ali de pé, imóvel, a beber o entusiasmo com que alguns persistentes cidadãos, verdadeiros "heróis do mar", vencem as adversidades e nos falam da sua participação em projectos na área da cultura, investigação, arte, património, educação, urbanismo, ambiente, cidadania, imigração, que se vão concretizando por este país fora. É espantoso como brilham, nesta pantalha, as exposições, a arte, os livros, os poetas, os achados arqueológicos, os museus, a dança, os teatros, o cinema, a música e um sem número de habilidades sociais e outras engenharias. Gosto deste jornalismo de proximidade que nos aproxima das pessoas e dos seus talentos. Que nos mostra o prodígio das pequenas GRANDES coisas. Neste programa falou-se do velho almanaque Borda d`água, da renovação museológica da Casa dos Patudos, do Natal dos Ucranianos em Portugal, do calendário juliano e da tradição bizantina. Sorvo todas estas "estórias", únicas e singulares, desfiadas na primeira pessoa e ... dou por mim a rir, sozinha, ainda com as chaves na mão.
Quando vejo estes programas e olho a realidade que nos cerca, penso sempre que quem nos governa deve ter os binóculos ao contrário, colocando-nos perante a amarga evidência de que o todo não é, de todo, a soma das partes, especialmente num país onde algumas partes parecem valer pelo todo e o resto é paisagem. De olhos vendados, como cabras-cegas, continuamos à procura das razões para o nosso atraso, mas continua frio. Muito frio ...
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ai ai ai
ResponderEliminartanto frio mas tanto calor entre os livros e o dizer....
um beijo arrepiado e fora do meu pczinho que foi a banhos...:)
o j. deixou-me dar uma volta no dele e aqui estou....:)))))
beijo. mas com o sol. o tal.
Muito.
ResponderEliminar(Muito frio)
[mas muito luminoso, o texto...]
:)
De facto, o todo não é a soma das partes. E tanto poderia ser feito, se fosse... **
ResponderEliminartmb fico congelado, minha cara...
ResponderEliminarmuito...muito muito...frio
ResponderEliminarküss
Já não vejo televisão, tirando aqueles momentos quando, por acaso, alguém da família que a está a ver me chama: "Mãe (todos em casa de chamam Mãe) anda ver isto..." porque sabem que logo a seguir me vou pronunciar sobre o assunto e gostam de me ouvir, segundo dizem...
ResponderEliminarE normalmente digo... será que estamos a falar do mesmo país? Será que vivemos todos no mesmo País?
O meu filho um dia destes saiu-se com esta: "uns vivem mais do que outros... porque esses, só olham para as revistas cor-de-rosa que abundam por aí..."
Estamos em pleno inverno de frio, especialmente em muitos corações.
Um abraço caloroso e um bom 2009
Frio frio só o deboche de aldrabices do nosso PM.
ResponderEliminarAbraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO
Os tais, estão ocupados a aquecer-se com o que não devem. pena, passa-lhes tudo ao lado. palermoides... O que este país ainda tem de bom é graças a uma minoria que se preocupa a sério em conservar e divulgar o espólio que todas as gerações devem conhecer.
ResponderEliminarbeijo
Sem dúvida.
ResponderEliminara começar pela segurança, educação e finanças públicas.
brrrrrr....muito frio...
ResponderEliminarabraço!
Na verdade ainda estou sentado, mas esta imagem merecia ser aplaudida de pé.
ResponderEliminarQue bom sentir que pensar vale a pena, apesar de tanta enormidade que nos entra pela sala adentro.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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