segunda-feira, 4 de junho de 2007

postais (1917 - 1919)





























Olhava várias vezes para esta caixa fechada ... para este legado adiado de tios-avós há muito desaparecidos, parado numa estante ao canto da casa . Quem a pôs nas minhas mãos conhecia-me os gostos ... sabia da minha curiosidade em descobrir " estórias " e reconstituir personagens por detrás dos objectos. Mas o tempo, o meu tempo, ía sempre ditando outras urgências. Aquela escrita já tinha tido o seu tempo, agora podia esperar ... já ninguém se inquietava com a falta de notícias.
Quando depositaram a bendita caixa nas minhas mãos, lembro-me de a ter aberto cerimoniosamente e de ter passado os olhos pelas deliciosas imagens amarelecidas de alguns postais.
Na altura, li um ou outro postal mas voltei a passar o laço pela caixa de papelão e ... ali ficou, até agora, à minha espera.
Há cerca de uma semana, resolvi resgatá-la do sono. Foi uma questão de apelo, de intuição.
Quando tenho muitas obrigações, sinto uma necessidade quase compulsiva de driblar o tempo com devoções. De amansar o dever com o prazer.
Ajuda-me, liberta-me o espírito. É uma fuga ...
Abri a caixa, comecei a tratar os postais, a analisar os conteúdos, a agrupá-los por temas e datas e ... eis que descubro um conjunto interessantíssimo de imagens e missivas de um combatente (tio-avô) na primeira guerra mundial, que afectosamente se escrevia com os pais e irmãs dando conta do que por lá se passava, dos seus temores, descobertas e angústias ...
É uma preciosidade documental e um acervo afectivo que me vai ocupar algumas horas, alguns dias, mas agora que "saltou da caixa" e ganhou nova vida, já não o posso abandonar ...





12 comentários:

  1. são lindos, isabel! Eu também herdei uma colecção assim, dos meus avós (as afinidades são constantes!). Tenho coisas lindas, que faziam as minhas delícias quando eu era pequena e estava doente e a minha avó os ia buscar para me entreter, o que os torna ainda mais deliciosos!
    beijos

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  2. A surpresa de encontrar (ou reencontrar) um tesouro em casa, terreno intimo, parece-me merecer sempre uns acrescentos de espanto, porque abre-se a excepção da novidade onde ela parecia não existir. A mim também me aconteceu isso esta semana, resolvi tirar das caixas guardadas na garagem uma colecção de discos oferecida há uns anos á minha familia, que nunca tinha explorado, e o que descobri foi uma revelação, uma generosa soma de discos (mais de duzentos!)de música portuguesa, quase todos edições dos anos 70 e inicios dos 80, uma grande percentagem de discos raros de acordeonistas (um achado precioso para mim...), muitos de ranchos folclóricos e conjuntos tipicos, de fado, e enfim, de variados cançonetistas do nosso firmamento de então... São um retrato musical de época impressionante, não sei como não demorei tanto tempo a "descobri-los", qual pote de ouro emparedado...
    Um abraço, obrigada por manter este blog

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  3. um abraço.



    coisa rara mas sentida. eu.


    (um destes dias escrevo...)

    obrigada por tudo. I.



    imf

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  4. Adorei!

    Sempre me fascinaram as história de vidas antigas, vozes e palavras daqueles que já se foram, como se a alma deles auinda pairasse sussurando-nos emoções...


    Um beijo

    csd

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  5. Adoro estes pequenos tesouros isabel. Uma delícia.

    beijos grandes

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  6. as grafias de um outro tempo são um tesouro.
    que sorte, isabel victor!

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  7. Que preciosidade mesmo!
    São lindissimos...

    Horas para explorar...
    Bjs
    S.

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  8. que deslumbramento...

    desde as imagens com aquelas cores que já não existem, até à escrita tão simples e directa que parecia que não era nada, sendo tão devotadamente profunda - onde é que já se escreve "querido pai?

    não largues, agora, esse acervo que se conservou na tua mão. também tenho umas coisinhas do género.

    (e também tenho o mesmo impulso de driblar o tempo assim...)


    ...........

    beijos. muitos.

    obrigada pelas tuas incansáveis visitas :)

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  9. Adorei os postais que vi, Isabel! Aposto que todos os outros são pequenas relíquias que te vão dar imenso prazer pela descoberta de outros tempos. Também sou muito dada a esse tipo de coisas "antigas". E do tempo da Primeira Guerra Mundial!

    Estou contigo quando falas desse desejo de driblar o tempo, quando há muito para fazer... Entendo-te perfeitamente! :)
    Bjs

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  10. Abençoada seja a tua fuga....
    Imagino o que tens para aí, imagino apenas.
    Porque há também uma caixa que eu tenho que resgatar, mas vai ser muito difícil...
    Quando esses verdadeiros tesouros vão parar às mãos de pessoas que os querem apenas "porque sim", torna-se difícil "resgatá-los"...

    Beijo

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  11. Um dia destes vou colocar um postal de amor de 1920 escrito por alguem da minha familia que a minha avo guardou e eu fui receptora. Vou lá colocá-lo especialmente para ti. :)

    beijinhos

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  12. Adorei ler-te Isabel e também tenho recebido algumas "heranças" destas, cheias de bom gosto...

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