Ruas das Fontaínhas, em Setúbal _ um caminho de todos os dias
Poema Quotidiano
É tão depressa noite neste bairro
Nenhum outro porém senhor administrador
goza de tão eficiente serviço de sol
Ainda não há muito ele parecia
domiciliado e residente ao fim da rua
O senhor não calcula todo o dia
que festa de luz proporcionou a todos
Nunca vi e já tenho os meus anos
lavar a gente as mãos no sol como hoje
Donas de casa vieram encher de sol
cântaros alguidares e mais vasos domésticos
Nunca em tantos pés
assim humildemente brilhou
Orientou diz-se até os olhos das crianças
para a escola e pôs reflexos novos
nas míseras vidraças lá do fundo
Há quem diga que o sol foi longe demais
Algum dos pobres desta freguesia
apanhou-o na faca misturou-o no pão
Chegaram a tratá-lo por vizinho
Por este andar... Foi uma autêntica loucura
O astro-rei tornado acessível a todos
ele que ninguém habitualmente saudava
Sempre o mesmo indiferente
espectáculo de luz sobre os nossos cuidados
Íamos vínhamos entrávamos não víamos
aquela persistência rubra. Ousaria
alguém deixar um só daqueles raios
atravessar-lhe a vida iluminar-lhe as penas?
Mas hoje o sol
morreu como qualquer de nós
Ficou tão triste a gente destes sítios
Nunca foi tão depressa noite neste bairro
Ruy Belo, in "Aquele Grande Rio Eufrates"
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Dir-se-ia um caminho mágico, também. Bjs.
ResponderEliminara tua paixão...
ResponderEliminar:)
tudo perfeito.
beijo.
y.
A Rua das Fontainhas...o Lagarto...a luz...a beleza dos cantos e recantos... o azul intenso de um rio/mar que encanta...
ResponderEliminarNão há palavras...
Beijos
A Rua das Fontainhas...o Lagarto...a luz...a beleza dos cantos e recantos... o azul intenso de um rio/mar que encanta...
ResponderEliminarNão há palavras...
Beijos
:) só agora percebi que também escolhi este layout... beijinhos*
ResponderEliminaré um percurso e tanto, com vozes e cheiros...
ResponderEliminarbjs Isabel
Bela memória
ResponderEliminarBj