terça-feira, 30 de junho de 2009
quinta-feira, 25 de junho de 2009
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Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas, não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.
O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra,
e outra o ato,
– quem toma uma por outra
confunde e mente.
Affonso Romano de Sant'Anna
http://www.affonsoromano.com.br/
quarta-feira, 24 de junho de 2009
A arte opta sempre pelo individual, o concreto; a arte não é platónica
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Ouvir sum sabia - Herminia Ft. Morgadinho
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Entreposto humano?
"Nesta “coisa” das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, uma das “maravilhas” a concurso era a Cidade Velha de Santiago em Cabo Verde, cidade que «nasceu e desenvolveu-se por conta do tráfico negreiro», vulgo comércio de escravos. Há bocado ouvi na RTP1 uma menina referir a Cidade Velha de Santiago como “importante entreposto humano”. Assim mesmo. E assim vai a História de Portugal e assim vai a nossa relação com a nossa História."
Disse João Branco AQUI
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Um fidje de Sanvcênte
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Nascide, crióde, lá na ponta d' Praia.
Lá ondê que mar tâ sparajá debóxe de bôte,
moda barra dum saia.
Cs' ê que m' crê? Cantá nha terra!
Companhal na sê dor;
na nôbréza d' sê alma;
na pobréza d' sê vida!
perdeu-se na confusão de um porto francês
Ela sorria continuamente, erguendo no seu riso uma canção extraordinária.
Não foi um romance de amor
nem mesmo um pequeno segredo entre ambos.
Somente, quando Ela falava ao pé de mim, eu sentia:
um aprazível devaneio
pela maravilha escultural duma Mulher Perfeita.
Depois,
a Vida separando Nós - Dois
a confusão, os ruídos, os braços agitando-se
e o vapor levando para outros mares,
outros portos,
a graça, o mistério, o perfume e os cantares
da crioula que meus olhos beijaram a medo
no tombadilho daquele vapor francês.
"Vida", Luís Romano, 1963
quinta-feira, 18 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
Laboratório das memórias
( ... )
Milhares e milhares de imagens fotográficas, que numa primeira estimativa podem ascender a mais de cem mil, representam as famílias e os quotidianos mindelenses em expressivos retratos de época, captadas por duas gerações de fotógrafos caboverdianos – João Melo (D`Jin D`Jon) o fundador da Foto Melo na ultima década de séc XIX e mais recente, Eduardo Melo ( Papim) homem de riso aberto, coração bom, amante do belo e da natureza, dotado de luz e de um imenso sentido de humor que ainda hoje adocica a memória de quem a ele se refere. Espalhou sodade, admiração e paixões.
Estas imagens mais do que simples fotografias (do que simples chapas), constituem um valioso património documental profundamente enraizado nas memórias e nos afectos das famílias de S. Vicente.
Num primeiro levantamento, foram identificados vários processos fotográficos: negativos em suporte de vidro e em película, tais como os negativos em nitrato e acetato de celulose a preto e branco e alguns escassos cromogéneos, acondicionados em envelopes "fabricados" pelos autores, reaproveitando cartas, facturas, cadernos de escola, folhas de revistas e jornais, e outros papéis e papelinhos, de toda a natureza e feitio que, só por si, constituem uma rara (e absolutamente inesperada) iconografia associada, que só o improviso tornou possível. Também foram identificadas provas impressas em papel de revelação, algumas das quais montadas em álbuns fotográficos, representando vistas panorâmicas da ilha de S. Vicente, eventos sociais, procissões, festas, bailes, barcos, viagens de família, entre outros assuntos. A amostra até agora trabalhada, revelou-nos que a larga maioria das imagens são retratos de pessoas e/ou grupos em atitude de pose, tendo como fundo um telão, com uma vista da baía do Mindelo, pintado numa parede do antigo estúdio da Foto Melo. São imagens cuidadosamente encenadas, ao estilo e gosto da época. Por tudo isto a Foto Melo está na vida da grande maioria das famílias de S. Vicente, que descrevem ao minímo detalhe o instante fotografado e as sensações experimentadas.
Nesta primeira fase, a equipa técnica improvisou no Mindelo, em casa particular, um laboratório para observação dos espécimes fotográficos, preocupando-se em recolher dados para execução de um relatório técnico, que dará conta do estado da colecção e remeterá para um plano de tratamento, conservação, estudo e comunicação (acessibilidade das imagens, produtos relacionados, exposições, etc.), a entregar a todas as partes envolvidas, com natural primazia para a família Melo, proprietária do acervo, que despoletou este processo de observação e pesquisa. Foram também tomadas medidas de emergência que visaram minimizar os factores de deterioração em que se encontrava esta colecção, que passaram pela sua transferência para uma outra casa da família Melo, na cidade do Mindelo, que reúne melhores condições ambientais e de segurança. Esta solução de emergência responde, no momento, a uma necessidade imediata de preservação mas é obviamente provisória até que se encontre, com o acordo das partes, o espaço adequado à sua conservação, estudo e musealização (*), tornando-o acessível a todos os mindelenses e a quem os visita. O imenso acervo da antiga "Foto Melo" é um património de inegável valor identitário e de memória para São Vicente, um património histórico e estratégico de Cabo Verde e um inesgotável laboratório para o estudo da arte fotográfica e da imagem como produto de uma técnica e signo de cultura, relevante em qualquer parte do mundo. É um património artístico que, devidamente conservado e musealizado , poderá contribuir para criar postos de trabalho, emprego qualificado na área da cultura e do património, mais conhecimento sobre a História e as pessoas de Cabo Verde. A exemplo de outros arquivos do género, as edições de produtos associados, poderão contribuir para garantir a sustentabilidade e reverter para o estudo e conservação do acervo, prestando serviços úteis à comunidade que garantam a satisfação das pessoas e a operacionalidade social deste raríssimo bem cultural. A "Foto Melo" foi uma casa de prestígio e poderá continuar a ser, uma marca de qualidade para São Vicente. Estes acervos (e existem vários, ligados à fotografia e ao cinema em Cabo Verde) são espelhos da sociedade mindelense que se fundem num caleidoscópio de espantos e ilusões, profundamente inspirador.
Agradecimentos especiais a Lígia Leite, bibliotecária da Biblioteca Municipal do Mindelo, Josina Freitas, directora do CCM - Centro Cultural do Mindelo, Daniel Brito e Antónia Mosso, proprietários da Livraria Semente e Tiago Peixoto, biólogo e investigador na área da Ecologia Marinha (que nos deu casa e companhia na rua da Praia). A todos obrigada pela amizade, pela colaboração e pelo excelente acolhimento.
Mindelo, 16 de Junho de 2009
Isabel Victor e Bruno Ferro
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quarta-feira, 10 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Ao sol das conversas
Centro Cultural do Mindelo
Uma tragicomédia de Arménio Vieira
[...] O tigre ignora a liberdade do salto,
o culto cultivado
Antonio Pedro
Arménio Vieira
Corsino Fortes
Daniel Filipe
Gabriel Mariano
Luís Romano
Manuel Lopes
Mário Fonseca
Onésimo Silveira
Oswaldo Alcântara
Oswaldo Osório
Teobaldo Virginio
Terêncio Anahory
A rádio no Museu de Arte tradicional
Livro, artigi de luxo ?
Há quem ache que não. Há quem arrisque tudo pelos livros; há quem acredite que eles são como o respirar.
A livraria " Semente ", no Mindelo, é disso um verdadeiro exemplo. Mas o risco é enorme. Não há distribuidoras, têm que comprar os livros, pagar no acto da entrega e ... fazer fé.
Aqui encontram-se títulos actuais, excelentes estudos, livros técnicos, ensaio, romance, poesia. Um oásis a cheirar a livros. Cerca de vinte metros quadrados recheados da melhor literatura em língua portuguesa, ao lado do simpático restaurante da família do jornalista José Leite (conhecido radialista da Rádio Nacional de Cabo Verde). Em sintonia, porta com porta, na mesma rua do Instituto Piaget, a dois passos da Praça Nova, a convidar para um bom "trapichar", um livro na mão a aquecer a curiosidade e, logo ao lado, uma "Strela" a arrefecer os ânimos.
Tudo isto existe (tudo isto é fado) porque um jovem casal Luso Caboverdiano, Daniel português do Algarve e Antónia Caboverdiana do Mindelo, insistem que é pelos livros que lá chegaremos.
A Semente está lançada, que germine (apesar da escassez das águas e da insustentável inércia do sistema) que os ventos soprem a favor. Que o livro deixe de ser artigi de luxo, que se torne acessível, um bem necessário, um prazer ao alcance de todos.
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